terça-feira, 14 de dezembro de 2004

E os meninos continuam por aí, buscando os restos da feira...

Olá, amigos viajantes, hoje eu trago a vocês uma poesia do Palavra Atômica e uma variação sobre o tema. Sim, eu quis realizar este exercício, durante o período em que revejo o layout do meu primeiro livro, que em breve será relançado. Provavelmente tal variação estará no livro seguinte. Bom, chega de papo... eh eh eh!!! Confiram:


Fome Fera

o esqueleto de uma pomba morta
o esqueleto de um cachorro, pele e osso... vivo!
as sobras da feira, os meninos, a fome fera
e uma musa da tv de seios siliconados


uma cadela magra de tetas de fora
o choro magro de uma criança triste... alto!
um pai desesperado, sem sonhos, que cai calado
e um piano na sala de música

a voz já morta pedindo esmola
o homem pálido que já não cora... sofre!
as ruas e os carros do mundo, crescer é caro
e um anjo caído e desdenhado...

... mata um que não se importa com nada
após a festa da sociedade

extraído de Palavra Atômica, 2003 - poesia composta em 2001


Variação sobre Fome Fera

magra cadela de atrevidas (expostas) tetas
fartas misérias na rua da feira
rostos sujos rotas camisetas, pede! (implora)
e fede, vibra com o gol do time

morta a pomba da paz, nasce a guerra
o pai desespera, encana (agora) em cana
e a fama? sem trabalho, bugalhos!
e filhos da fome fera declamam raps (hinos)


esqueletais visões, carne sem (cor)po
perante as ruas cantam pneus os carros
crescer é caro, já cortaram asas (sem pena)
de anjos trágicos cães lambem feridas

a preocupada musa de tv tem medo
de seqüestro, ocupa-se de casamento (que evento!)
o piano nunca mais soou menos triste
morrerão mais alguns de qualquer lado (nunca tarda...)

dezembro de 2004

Bom, isso é tudo por hora, pessoal. Haverá paisagens bem mais belas que estas. Beijos e abraços!!! Até breve!!!