domingo, 11 de junho de 2006

11'09"01

11 é o número de jogadores que um time de futebol precisa para entrar em campo. Estamos em época de Copa do Mundo. Tudo isto me fascina e eu tenho acompanhado os jogos na medida do possível, mas este não é o tema que quero abordar hoje.



11'09''01 é o título original do DVD que assisti hoje - data curiosa, também um dia 11. Em português, o título é, simplesmente, 11 de Setembro.

A idéia surgiu do produtor artístico Alain Brigand, que pediu a alguns diretores (adivinhem quantos...) que criassem, cada um deles, um curta-metragem sobre a tragédia. A liberdade de criação seria total, contanto que eles obedecessem uma condição: cada curta teria de durar 11 minutos, 9 segundos e 1 frame - percebam: a duração se refere exatamente ao título original... 11'09''01.

Os diretores que toparam a empreitada são:


Samira Makhmalbaf (Irã), Claude Lelouch (França), Youssef Chahine (Egito), Danis Tanovic (Bósnia-Herzegovina), Idrissa Ouedraogo (Burkina-Faso), Ken Loach (Reino Unido), Alejandro González Iñárritu (México), Amos Gitai (Israel), Mira Nair (Índia), Sean Penn (Estados Unidos) e Shohei Imamura (Japão).

Cada um deles abordou um aspecto relacionado aos fatos ocorridos a quase 5 anos. O episódio de Samira Makhmalbaf dá início à seqüência de curtas trazendo a estória de uma professora afegã que tenta explicar a importância do fato aos seus pequenos alunos, já tão acostumados com a presença da morte em seu cotidiano.


Mira Nair tratou de um caso específico de uma família muçulmana em Nova Iorque e as conseqüências do ocorrido na vida dessas pessoas. Um episódio para emudecer.

Por falar em mudez, Claude Lelouch lidou com a situação sensivelmente, ao tematizar seu episódio através da relação de uma mulher francesa e surda-muda com um guia turístico de Nova Iorque para surdos-mudos.

Outro episódio sensível, poético mesmo, foi o de Sean Penn, em que aborda momentos de um viúvo que vive num apartamento à sombra das Torres Gêmeas, isolado e iludido de que sua esposa está viva. Aqui, não conto mais nada. Melhor mesmo é assistir.


O 11 de setembro não marcou, para o mundo, o atentado terrorista na avenida Jerusalém, em Tel Aviv. Em meio ao caos, uma equipe de reportagem tenta informar sobre o atentado, que se torna pequeno perante os acontecimentos de Nova Iorque, como mostra Amos Gitai.

Ken Loach prefiriu fazer a ligação do 11 de setembro em Nova Iorque a um outro 11 de setembro, em 1973, em Santiago de Chile. Nesta data houve o golpe militar chileno e Salvador Allende foi deposto e morto. Iniciou-se, assim, um dos capítulos mais sombrios e aterrorizantes da história da América Latina. Tudo, claro, patrocinado pela CIA.



Danis Tanovic, assim como Ken Loach, faz uma elação histórica: aborda sobretudo o massacre em Srebrenica, na Bósnia, em um dia 11, mas este de julho de 1995.

O japonês Shohei Imamura criou uma analogia entre o homem e a serpente, através de uma estória conseqüente da Segunda Guerra. No final do episódio (o último de todos), a mensagem: "Não há guerra santa".

Humor inteligente, aliado à denúncia das condições pouco humanas de vida, é a marca do episódio de Idrissa Ouedraogo, em que garotos tentam capturar Osama Bin Laden.


O episódio do egípcio Youssef Chahine resvala no absurdo e no surreal para mostrar a visão do Oriente Médio sobre o ocorrido.

Alejandro González Iñárritu deixa em aberto o que pode ser pensado sobre o fato. Preces muçulmanas são ouvidas e, na tela, há uma escuridão entremeada por breves imagens da tragédia. No fim, um desafio: a fé em um deus torna as pessoas cegas? Humm... não resisto à tentação de dar uma opinião... pensem a respeito. Muito sangue já foi derramado. E não em nome de um só deus. É o que penso.

A título de curiosidade: Walter Salles foi convidado a participar do projeto, mas ele não pôde participar do mesmo por que estava lançando Abril Despedaçado e em fase de preparação de sua película seguinte: Viagens de Motocicleta.

Bom, o resultado, claro, é um tanto irregular. Uns episódios não me causaram uma bela impressão plástica, mas me levaram a pensar. Outros não acrescentam muito e há os que são realmente impressionantes em todos os sentidos.

O melhor será vocês tirarem suas próprias conclusões, caso assim desejem. Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: MUSE - Absolution (CD completo).

4 comentários:

Anônimo disse...

Hermanito, fiquei interessada em ver este filme, sem contar que tem uma direção do Sean Penn(maravilhoso!) Biseaus

Anônimo disse...

Saudades das sessões de vídeo na sua casa ale...

Abraço...

Anônimo disse...

Where did you find it? Interesting read » » »

Anônimo disse...

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