Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia.
Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA.
Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula.
Contatos em palavratomica@gmail.com
Poesia automática para viajantes ou para quem deseja.
Com o Danúbio aos Pés
estar fora de si noutro lugar praga, bratislava, bucareste transilvânia dos pensamentos vampiros, não suguem mais a poesia impossível de ser copiada
há um odor de morte naquele canto necessário um enxerto de vida o caos são paulo new york tokio paris berlim os rios todos reno tejo sena danúbio paraná são francisco tudo flui, tudo passa mas um, tudo que um quer é... permanecer.
Espero que apreciem. Beijos e abraços, pessoal!
NA MINHA VITROLA: ÉL MATÓ A UN POLICÍA MOTORIZADO - Amigo Piedra.
Senhoras, senhoritas e senhores, este é mais um pequeno conto da minha nova série. Este conto é levemente baseado na música El Otro Cambio, Los Que Se Fueron, do veterano do rock argentino Litto Nebbia. Confiram:
Horizonte Mônica olha para um horizonte que lhe reserva surpresas.
Vê o azul do céu que se impõe ao cinza dos grandes prédios da cidade que escolhe agora. É um sonho, mas é verdade também.
Ela tem planos e uma idéia incompleta, porém muito excitante, do que fazer. O mais valioso do que carrega consigo é a vontade de não se repetir. É isso. Não voltará a ser a mesma. Jamais, jamais.
Por isso, dá adeus a antigas músicas, vícios que a derrotaram, virtudes vencidas, gente que a acompanhou de batalha em batalha, amores que não foram e, sobretudo, àquela outra Mônica que deixou no quarto escuro.
Olha para um horizonte que lhe reserva surpresas.
Ela não quer virar estátua de sal. Agora só olha para a frente.
Olá, pessoal! Hoje, mais um da série de contos baseados em música. Desta vez, a base é Live Bed Show, do Pulp, banda de britpop que existiu dos anos 80 até 2002 e que acabou sendo dissolvida. Teve seu auge durante os anos 90, com os álbuns His and Hers e Different Class (de onde vem Live Bed Show). Hoje, Jarvis Cocker, vocalista e letrista da banda, um excelente letrista, por sinal, segue carreira solo.
Selma Sonha
Selma sonha.
Sonha que o tem em sua cama, que é possuída febrilmente e que responde com entrega incondicional.
Ela faria tudo por ele. Selma sonha que ama.
Selma sonha que ele dorme ao seu lado, a fera que fora e que ora é seu deus que ronca não muito suavemente. Todo dia eram alguns. Mas só um ela elegia como deus.
Mas isso foi a muito tempo. Sete anos se passaram e Selma não tem mais deus que ronca, nem mesmo um corpo que atraia como era antes.
Ela faria tudo por eles. Por qualquer ele, hoje. Mas Selma está velha.
Selma acorda no trem e um rosto angelical de garoto a avisa que é a última estação. Um enternecer-se toma conta de seu colo. Ele vai embora.
Selma desce do trem. Não sonha mais.
E isto é tudo por hoje, pelo menos por enquanto. Beijos e abraços, pessoal!
E continuam os contos... este, com base em Humo, do Narcotango, projeto do argentino Carlos Libedinski.
De Braços Abertos
Ao longe vai a paisagem do lugar que me deixa. Aqui, este veículo estático.
Guardo a memória. Os pés desnudos na areia úmida, herança da chuva da outra noite. A paisagem se move. Nuvens se movem e preenchem o horizonte, que já não existe, de verdade.
As ondas do mar lentamente saudavam quem estava ali. (Não) Era eu. A figura sentada no banco da pequena praça que antecedia a praia. (Não) Sou eu. Sentado no banco deste automóvel. À minha frente o volante que me leva ao destino que não miro.
Perco-me. Na memória e no momento.
Era o ser em crise. O contraste com a quietude da praia quase vazia. Sim, havia outros, poucos outros. Talvez se buscassem. Esta crise, eu a recebia de braços abertos. Era o necessário para mover-me até o lance de dados seguinte.
Perco-me outra vez. Na mão esquerda, de tanto não ser, o cigarro se apagava. Memória... ela se esvai. Falha, também me deixa.
Segundo de uma série de pequenos contos baseados em músicas. Desta vez, parto de Eduardo e Mônica, da Legião Urbana.
Vai, Mônica... Vai Viver! Sabe...? Não, você não sabe. No máximo, desconfia. Por isso mesmo vou lhe contar: eu desisti de nossa música.
É isso mesmo que você ouviu. E já até sei a sua reação. Vai ficar aí, calada, olhando e analisando o quanto de verdade há no que estou dizendo. Pois eu continuo. Aproveito o seu silêncio.
Eu a admiro muito, sabe? Sim, isto você sabe. Pelo menos, sente.
Aprendi tantas coisas com você... a apreciar a boa arte, o cinema, a poesia. Tantas coisas... tivemos nossos filhos e você os têm criado muito bem. Realmente admiro isso em você: sua força.
Quanta coisa nós passamos juntos. Quantas vezes me senti perdido e você foi a luz no fim do túnel... – não ri do meu clichê. Não com esse riso desesperado.
É, eu a admiro, mas já não é amor nem outra coisa. Só admiração não serve pra continuarmos juntos. Olha só, as crianças já cresceram, não são mais crianças nem precisam tanto da figura de um pai.
O quê? Não, não chora, vai. O que havia entre nós foi bom, foi bonito, mas passou. Pensa nisso, são mais de vinte anos. Acontece.
Fica com esse apartamento. Eu vou embora. Não percebe que apenas nos acostumamos? Nossa música não toca mais...
Agora eu tenho que ir, pra continuar vivo. Vai, Mônica, vai viver você também.
- Eduardo, você é um babaca.
Aguardem, porque vem mais por aí. Beijos e abraços, amigos!
O Inter de Porto Alegre, depois de se sagrar campeão do mundo e amarelar no Campeonato Gaúcho e na Libertadores, promete ser o time mais rural do Campeonato Brasileiro. Tem Pato, Gallo... tem até o Élder Granja. Será que eles querem comprar a Fazendinha do Corinthians?
***
O papa está solto aqui no Brasil. Só falta ele dançar samba e querer ver um jogo no Morumbi ou no Maracanã. E se ele tivesse ido pra Porto Seguro, então?
Bom, pessoal, aí vai um continho canino, com base na música I Wanna Be Your Dog, dos Stooges. É o primeiro de uma série de contos baseados em músicas. Confiram!
Conto Cão
69 já passou a muito tempo, garota. Era quando eu quis ser seu cãozinho. Eu fechava os olhos e imaginava.
Era aquele bicho mesmo, que latia alegre quando você voltava de seus picos de euforia. Abanava o rabinho e corria até você, só para que me chutasse. Eu sabia e deixava. E pedia mais. Gostava quando doía e trazia comigo a expressão de um sorriso na minha cara de cachorro.
Toda sua crueldade de rainha me fazia exultar. Mas... adivinha!
Morri.
É, cães têm vida breve. Assim mesmo.
Agora sou transformado em conto, em carta de despedida de ex-amante que nunca esteve em igualdade de condições – mas eu nunca pedi por isso.
Agora sou um personagem, assim como você, que já é, também, morta na imaginação do autor que nos cria.
Não é divertido. O tempo simplesmente passa. Para cães e para as musas. Sobretudo para os cães, passa mais rapidamente. É mesmo um alívio.
Já não sinto mais sua mão.
Iggy Pop and the Stooges na versão 2006 do Lowlands, festival multimídia holandês.
Espero que tenham curtido, conto e música. Beijos e abraços, pessoal!
É isto: para problemas financeiros, soluções inusitadas.
A escritora Anaïs Nin.
Viena implanta serviço de telessexo literário da Folha Online
A Prefeitura de Viena implantou um sistema de leitura de trechos literários picantes por telefone para angariar fundos para reformar sua principal biblioteca. Pelo sistema, a pessoa paga 0,39 euro (aproximadamente R$ 1) por minuto para ouvir uma atriz entoar trechos dos clássicos. Os livros pertencem à coleção "secreta" da biblioteca, que reúne literatura erótica dos séculos 18, 19 e 20. A notícia foi publicada pela revista alemã "Der Spiegel", em sua versão online internacional.
A encarregada pela leitura é uma atriz chamada Anne Bennet, que dá voz a passagens de escritores de língua alemã, como Hans Carl Artmann, Annemarie Weber e estrangeiros, como Anaïs Nin.
Escritora francesa, Nin é autora de "Delta de Vênus: Histórias Eróticas" e "Uma Espiã na Casa do Amor", entre outros.
Em "Delta de Vênus", ela reúne histórias de prostitutas que satisfazem desejos inusitados de seus clientes e de mulheres que descobrem sua sexualidade com desconhecidos.
A responsável pelas informações da biblioteca de Viena, Suzie Wong, disse que 158 pessoas haviam ligado até o contato da reportagem da "Spiegel", datada de hoje. O serviço começou a funcionar no dia 4 de abril. Somadas as ligações, os usuários ficaram aproximadamente 660 minutos ao telefone.