sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

A lista prometida... ufa! Eh eh eh!!!

Olá, meus amigos, leitores-passageiros! Como prometido, estou aqui, com minha listagem do que mais marcou para mim em termos de arte em 2004. Claro, é muito comum haver listas de "melhores do ano". A atitude de eu publicar a minha não deixa de ser um lugar comum. Talvez o que faça uma pequena diferença é que eu não vou me ater ao que ocorreu em 2004, tão somente. Até porque, para ser bem honesto, sobretudo em música e cinema, eu não tive tantos parâmetros em relação aos lançamentos, então esta lista será, de certa forma, uma viagem no tempo. Na lista também haverá citações a amigos que fizeram um grande trabalho, cujo acesso às obras obtive em 2004. São os casos do poeta Marcelo Alvarez, dos contistas Valmir de Macedo e David Oscar Vaz, assim como dos atores Cacá (Seres Ilusionários) e Jackson Ricart. Bom, chega de conversa fiada e vamos lá:


MÚSICA

Shows

Los Hermanos (pocket-show na FNAC Pinheiros, abril)

O melhor show, pena que tenha sido só um pocket... gostaria de ter tido grana para vê-los num show 100%, mas valeu!!! Posted by Hello

Também vi

Nando Reis (Shopping Anália Franco)
Violeta de Outono e Orquestra (SESI Paulista)
E outros...


Discos

Alguns dos meus grandes Cds e discos de vinil que eu curti em 2004 Posted by Hello


01. Beatles, The – Abbey Road
02. Cartola – Coleção Raízes do Samba
03. Chico Buarque – Ópera do Malandro
04. Concretes, The – Idem
05. Delgados, The – Peloton
06. Fellini – Amor Louco
07. Franz Ferdinand – Idem
08. Gathering, The – Sleeping Buildings (A Semi-Acoustic Evening)
09. Gonzaguinha – Coleção Raízes do Samba
10. Gram – Idem
11. Jacques Brel – Coletânea a partir de músicas que obtive na rede
12. John Cale – Hobo Sappiens
13. Ludov – Dois a Rodar
14. Maria Rita – Idem
15. Mercury Rev – Boces
16. Mombojó – Nada de Novo
17. Moreira da Silva – Morengueira
18. Poliphonic Spree, The – Together We’re Heavy
19. Rufus Wainwright – Black Sessions (Ao vivo no Canadá, não oficial)
20. Sigur Rós – Agaetis Byrjun


CINEMA

a) Dogville; b) ...E o Vento Levou; c) Nina Posted by Hello

Estrangeiro


Dogville, de Lars von Trier (danem-se os críticos!!!)

Nacional

Nina, de Heitor Dhalia

3 clássicos que eu revi

A Bela da Tarde, de Luis Buñuel
E o Vento Levou, de Victor Flemming
O que Terá Acontecido à Baby Jane?, de Robert Aldrich



LITERATURA


Os grandes autores que li em 2004: No centro, Thomas Mann. Em sentido horário estão Jean-Jacques Rousseau, Fernando Sabino (1923-2004), Graciliano Ramos, Mário de Sá-Carneiro, Franz Kafka e Carlos Drummond de Andrade. Time ruim, né? Eh eh eh!!! Posted by Hello

A melhor de todas as leituras neste ano

A Montanha Mágica, de Thomas Mann (romance, abr.-jun.)

Outras grandes leituras

01. A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro (romance, março)
02. Vidas Secas, de Graciliano Ramos (romance, março)
03. Encontro Marcado, de Fernando Sabino (que esteja em paz, romance, abril)
04. Um Artista da Fome, de Franz Kafka (contos, jun.-jul.)
05. Navalha na Carne/Quando as Máquinas Param, de Plínio Marcos (teatro, julho)
06. A Nova Califórnia e Outros Contos, de Lima Barreto (contos, ago.-out.)
07. Rimas da Salamandra, de Marcelo Alvarez (poesia, novembro)
08. 3 Novelas Exemplares e 1 Prólogo, de Miguel de Unamuno (novela, novembro)
09. Devaneios do Caminhante Solitário, de Jean-Jacques Rousseau (crônicas, nov.-dez.)
10. Insônia, de Graciliano Ramos (contos, dezembro)
11. Resíduos, de David Oscar Vaz (contos, dezembro)
12. A Urna, de David Oscar Vaz (contos, dezembro)

Também merecem destaque, embora não sejam leituras lineares

- Antologia Poética, de Carlos Drummond de Andrade
- Contos Miscelânicos, de Valmir de Macedo
- Eugenio Montale (tenho pesquisado na rede sobre este grande poeta italiano do século passado – em breve vocês lerão algumas poesias do autor publicadas aqui)


TEATRO

- Quando as Máquinas Param, remontagem da peça de Plínio Marcos, pelo finado grupo Seres Ilusionários, no CEU Aricanduva (julho)
- Salve-se Quem Puder, direção de Nívio Diegues, com a participação do meu amigo Jackson Ricart (+ ou - agosto)

EXPOSIÇÕES

26a Bienal de São Paulo – Embora houvesse algumas obras muito interessantes (deveria ter anotado, para publicar mais detalhadamente aqui), não gostei muito do aspecto geral. Outras bienais foram bem melhores...

EXPECTATIVAS PARA 2005

- Muito mais leituras
- Mais pesquisas sobre grandes autores em várias formas de arte
- Mais shows gratuitos, que a vida anda dura, vocês sabem... eh eh eh!!!
- Reedição do Palavra Atômica (para quem não sabe, meu primeiro – e, por enquanto, único – livro)
- Sexo, cerveja e boa música... eh eh eh!!!

Bom, esta foi minha lista. Pode ser controversa, sei lá, mas é minha. Abraços e beijos, pessoal!!! A viagem prossegue em 2005!!! Aproveitem as festas!!!

sábado, 25 de dezembro de 2004

O Embate

Olá, amigos viajantes!

É natal, data importante pra tanta gente... eu confesso, o sentido do natal pra mim é a possibilidade de encontrar amigos que comumente não encontramos durante o ano. A possibilidade de gula sem culpa também... eh eh eh!!! Creio que vocês, meus leitores, já devem ter percebido minha inclinação para a irreligiosidade. Daí a falta de outros sentidos para a data. Perceberam, é muito claro o fato de eu nunca haver dito algo a respeito, diretamente. Discussões sobre religião não me interessam, na maioria das vezes. Apenas queria iniciar dizendo o que penso sobre esta data, pois o meu conceito a respeito pode ajudá-los a compreender melhor o que direi. Mas o cerne do que escrevo agora é outro.

Quero falar de solidão. Sim, esta que é tão mal apreciada por tanta gente.

É que ontem passei o dia com minha mãe. Havia prometido isto a ela, mais até a mim mesmo. Ajudei-a em algumas tarefas, fiz-lhe companhia. Conseguimos até não brigar, algo que é um pouco raro... eh eh eh!!! Para hoje, havia o convite de um almoço. Eu iria, encontraria os amigos, alguns não comumente vistos. Quando dei a notícia de minha saída à minha mãe, ela ficou triste. Percebi o quanto o dia ficaria vazio para ela se eu saísse, fiquei com pena e desisti do almoço, além de que eu não ando muito bem do intestino mesmo... nada grave, trata-se apenas de um mal estar causado por alguns excessos... eh eh eh!!!

Para dona Vani, este dia marca o primeiro natal sem seu Jair. Para mim também. Mas ainda não é aqui que quero chegar, até porque já passou a principal data em que sentiríamos mais a falta dele. Aliás, 3 de dezembro passou e ele não estava mesmo aqui para completar 65 anos. E eu quase não pensei na questão. Não por insensibilidade, mas por excesso dela, por necessidade de superação. Mas sempre é um pouco mais complicado quando estou ao lado da velhinha... mas não é mesmo aqui que quero chegar.

O fato é que passei a manhã escutando certas músicas que me fizeram relembrar fatos passados. Uma paixão frustrada e mal resolvida. Tratava-se de uma "Lolita", uma garota de 15 anos, portanto, treze anos mais nova que eu. Por me relacionar com a família dela, fui bastante escrupuloso e mantive-me calado a respeito. Dado um certo momento em que as coisas se tornaram insuportáveis, eu me afastei das pessoas, principalmente dela. Isto significou uma reforma em minha vida, pois o irmão desta garota era um parceiro importante em alguns projetos de natureza musical que eu tinha. Voltei-me mais à literatura e tal situação ajudou muito a me tornar o que sou exatamente hoje.

Ocorre que, neste processo de paixão e posterior afastamento, coisas foram se misturando em minha cabeça, inclusive o fato de, naquele momento, não estar interessado em continuar sendo tecladista numa banda de death metal. Tomei algumas atitudes daquele camarada como um desprestígio a mim e, tudo somado, afastei-me. Realmente considero minha decisão a mais acertada, ainda hoje. Havia muito lixo em minha cabeça. Era hora de uma faxina mesmo, e assim pude me entregar de corpo e alma a projetos que tinham mais a ver com minha vontade.

Mas é tão estranho, mediante a audição de certas músicas, neste meu natal mais solitário, relembrar todos estes fatos... ainda me dói tanto, que chego à fronteira de certo ódio, um ódio com alvo nada determinado e que me fez mal, muito mal neste momento. Não pude contar a minha mãe, ela não entenderia, tampouco eu entendo absolutamente. Já se passaram mais de três anos de minha mudança e ainda não compreendo muito este meu mal estar.

Abrir uma garrafa de cerveja, ainda a pouco, foi um ato que me salvou de ultrapassar a fronteira do ódio e da frustração. Também mudei a trilha sonora... eh eh eh!!! Assim, pude chegar à frente do meu computador para contar-lhes isto. Sabem, ajuda muito.

Creio até que, por ora, estou salvo de meus próprios fantasmas novamente. Hora de olhar para o futuro. Estamos sozinhos, eu e minha mãe. O que mais importa. Tenho alguns amigos, inúmeros colegas. Amo a todos, incluindo seus defeitos. De alguns é preciso manter alguma distância saudável, naturalmente. Há os que eu gostaria de ver todos os dias, e há os que eu quero ver de três em três meses, senão ainda mais espaçadamente...

Sim, porque estes momentos de solidão (aí está a chave!!!) são tão necessários... confrontar os fantasmas, tecer planos... como realizar isto cercado das pessoas, por mais queridas que sejam? Há tantos que amaldiçoam sua solidão... eu a desejo, outras vezes a afasto, minha irmã Solidão. Hoje eu precisava disto, precisava mesmo... a cerveja já acabou na caneca, mas eu não preciso mais. O dia transcorrerá normalmente a partir de agora e talvez eu saia e encontre algum amigo, sei lá... talvez eu fique em casa e alguém me procure, talvez eu apenas fique aqui e isto me bastará. Estou melhor, a convivência comigo é importante e creio que meu recente embate, embora me tenha feito mal no instante, agora me traz o benefício da vitória.

Bom, amigos viajantes, agora só devo dizer que aproveitem bem estas festas, não se culpem por excessos. Sei que tenho espaçado bastante minhas intervenções aqui na rede, mas aguardem, para menos de uma semana, a minha listagem de melhores do ano (não necessariamente os melhores deste ano, mas tudo aquilo que eu curti mais, em alguns casos).

Beijos e abraços! Até breve!

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

E os meninos continuam por aí, buscando os restos da feira...

Olá, amigos viajantes, hoje eu trago a vocês uma poesia do Palavra Atômica e uma variação sobre o tema. Sim, eu quis realizar este exercício, durante o período em que revejo o layout do meu primeiro livro, que em breve será relançado. Provavelmente tal variação estará no livro seguinte. Bom, chega de papo... eh eh eh!!! Confiram:


Fome Fera

o esqueleto de uma pomba morta
o esqueleto de um cachorro, pele e osso... vivo!
as sobras da feira, os meninos, a fome fera
e uma musa da tv de seios siliconados


uma cadela magra de tetas de fora
o choro magro de uma criança triste... alto!
um pai desesperado, sem sonhos, que cai calado
e um piano na sala de música

a voz já morta pedindo esmola
o homem pálido que já não cora... sofre!
as ruas e os carros do mundo, crescer é caro
e um anjo caído e desdenhado...

... mata um que não se importa com nada
após a festa da sociedade

extraído de Palavra Atômica, 2003 - poesia composta em 2001


Variação sobre Fome Fera

magra cadela de atrevidas (expostas) tetas
fartas misérias na rua da feira
rostos sujos rotas camisetas, pede! (implora)
e fede, vibra com o gol do time

morta a pomba da paz, nasce a guerra
o pai desespera, encana (agora) em cana
e a fama? sem trabalho, bugalhos!
e filhos da fome fera declamam raps (hinos)


esqueletais visões, carne sem (cor)po
perante as ruas cantam pneus os carros
crescer é caro, já cortaram asas (sem pena)
de anjos trágicos cães lambem feridas

a preocupada musa de tv tem medo
de seqüestro, ocupa-se de casamento (que evento!)
o piano nunca mais soou menos triste
morrerão mais alguns de qualquer lado (nunca tarda...)

dezembro de 2004

Bom, isso é tudo por hora, pessoal. Haverá paisagens bem mais belas que estas. Beijos e abraços!!! Até breve!!!

sábado, 4 de dezembro de 2004

Está acontecendo agora... a vida enquanto poesia

Olá, amigos viajantes. Fico contente por saber que estão gostando desta aventura no âmago da palavra. Hoje continuamos a mostrar novas paisagens:

Intermitência

lâmpadas piscam, piscam e piscam...
(più fràgile, più fràgile...)

o mundo não é mais um lugar seguro
um solta um palavrão
toda revolta vem à tona
as ondas
ondas
ondas
vão e vêm

(------------------------------- )
que pouca imaginação...

a crise,
sim, há crise

quando terminará a intermitência?
xxx
O Conselho Roedor

Todos os pequenos ratos reunidos.
Uma suave, mas insistente brisa os incomoda.
Coisas como guimbas de cigarro se movem nos trilhos,
simplesmente...
Algo muito particular,
particular e dramático...
As idéias surgem e são afastadas como crianças inoportunas.
Inércia... repentina e indecisiva.
Somente a brisa
e o silêncio arrasador, por horas e muito mais.
Então, aos poucos vão se recolhendo a seus cantos para dormir
e a brisa sorri.
A Flor do Agora

em algum lugar no mundo um poeta louco redige doidos versos
no mesmo exato momento
uma criança está nascendo junto a uma tímida experança cuja
possibilidade de se realizar não é computada pelos institutos de estatística
algum senhor está indo embora deixando saudade
nos filhos, netos e uma senhora chorosa
clichês, clichês...
neste mesmo exato momento
está sendo feito mais um otário que assina contratos sem os ler
um banco está sendo assaltado
clientes são lesados por banqueiros
pouco importa...
alguém viaja pelo país das maravilhas em pó
um casal troca alianças perante um sacerdote e testemunhas
outro experimenta diferentes formas de amar
amar?
bombas explodem, empresas entram em concordata, um papagaio imita seu dono
uma criança sorri, pétalas caem e um guitarrista troca a corda arrebentada
penny lane está nos ouvidos e nos olhos de alguém
o sol reina, a lua brilha
clichês, eles novamente... horror, horror!!!
beijos apaixonados
aplausos, aplausos
ao mesmo tempo
alguém está vomitando a companhia para longe
estou enojado, e vocês?
outro adquire uma máquina que é a solução de seus problemas
no estúdio algum ator xinga seu diretor
bem baixinho, baixinho...
há um jogo de futebol em algum canto do planeta
dois a zero, espere... dois a um... não, gol anulado, justo agora...
mães aguardam filhos que voltam da escola
tudo acontece... do previsível ao sem precedentes
e você diz que a poesia do mundo acabou
mas alguém sussurra uma prece para seu deus
que seja o deus-de-si-mesmo ou outro... tanto faz...
então tenho a certeza de que algumas sementes por aí brotarão,
contrariando os tais institutos de estatísticas citados anteriomente
está acontecendo agora...
xxx
É, pessoal, espero que tenham apreciado mais um trecho desta viagem (apesar dos ratos... eh eh eh...). Desculpem a demora em postar, mas tive problemas com a máquina. Agora já está tudo nos trilhos novamente. Não abandonem o trem, que ainda há muito a percorrer.
Abraços e beijos!!! Até breve!!!