quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Breves notícias sobre a corrida sem chegada


Sem muito tempo agora, mas eu gostaria de postar alguma coisa com substância. Não vai ser desta vez. Corro porque há o tempo que passo na agência em que trabalho. Corro por causa do bico que arranjei.

Parece que sexta-feira terei o dia livre. Não é certeza ainda. Se for assim, farei uma maratona pelas salas de cinema da cidade.

Leituras interessantes ultimamente. Para alguém que passou o ano lendo pouco, uma retomada das leituras sempre é interessante.

Estive inconformado com uma situação, não faz muito tempo. Acredito que agora resolvi algumas coisas na minha cabeça. Não se pode mudar algumas coisas. Tenho começado a trabalhar algumas coisas em mim. Quem me vir agora, se voltar a me ver no mesmo período do ano que vem, sentirá a diferença. Assim espero.

Tenho pensado no post de final de ano, claro. Assim que me desincumbir do tal bico, trabalharei nele.

Vocês têm gostado dos clipes que tenho postado aqui? Penso que há coisas bem distintas umas das outras, não?

Em uma dessas últimas postagens, falei sobre a dúvida de minha avó sobre ficar ou partir, não é? Pois bem, agora ela só existe em memória. Não, não se sintam tristes por mim. A morte é algo inevitável. Ela estava sofrendo. A interrupção do sofrimento deveria nos trazer alguma alegria. Há saudade, afinal ainda sou humano, mas a vida deve prosseguir da forma mais alegre possível.

Ela foi a primeira pessoa a quem escrevi cartas, bem lá na tenra infância. Ela me deu luz, eu não sei o que dei a ela.

Bom, isso é parte de algo por hora, amigos. Volto com mais novidades, em breve.

NA MINHA VITROLA: ANDRÉS CALAMARO - El Salmón.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Videar # 9989

Spiritualized - Come Together


Pronto. O terceiro clipe do dia. Outra banda muito boa, o Spiritualized. Da época em que a Inglaterra ainda não tinha um monte de clones do Coldplay (aliás, o Coldplay nem existia, em 1990...)

Beijos e abraços, pessoal!

Videar # 9990

Sonic Youth - Jams Run Free


Sim, uma das minhas bandas favoritas. Mas isto vocês já sabem. :-)

Videar # 9991

La Habitación Roja - El Pase de la Muerte


Boa banda espanhola. Boa música. Bom clipe. Divirtam-se, amigos!

domingo, 17 de dezembro de 2006

Máscara ou verdade

Um breve diálogo. Uma solução que não é original, mas que não seja. Leiam, leiam, amigos:


Máscara ou Verdade

- Acho que é assim mesmo.

- Sim, você está melhorando.

- Foi um baita tempo até eu ficar bem. Não sei como me segurei até agora.

- É normal. Mas eu vi você nessa gangorra por muito tempo mesmo.

- Gangorra?

- Sim, às vezes você ficava bem, mas de repente... vinha toda aquela depressão de novo... e qualquer coisa era motivo. Qualquer sinalzinho. E às vezes você pode interpretar tão mal os sinais...

- Acho que entendo... eu me esforçava pra me sentir bem e deslizava muito fácil até a tristeza.

- Deslizar até a tristeza... eh eh eh! Que poético, meu amigo. Sabia que já passou o tempo da poesia? Mas... quer mesmo saber? Parece que agora você sorri naturalmente. Pelo menos, é o que eu acho. Isso é máscara ou é de verdade?

- Um pouco dos dois. Usando a máscara, chega uma hora em que você acredita que está sorrindo naturalmente. E, depois, realmente está rindo e já não sabe do quê.

- Humm... vejo que está consciente, apesar de tanto álcool na cabeça. Isso é bom. E eu concordo, sei como é. Já vi tanta coisa assim...

- Você fala de um jeito... vai dizer que isso nunca aconteceu com você?

- Ah, não... eu sou um cara durão, sabe como é?

- Fala a verdade, vai...

- É sério. Não há nada na vida que valha o sofrimento.

- Mentira... você é como esses outros aí, ao redor. Diz que não sofre só pra manter a sua máscara. Você acredita mesmo nisso?

- Cara, eu tenho um compromisso agora. Sabe como é... tem uma galera me esperando. A gente conversa depois, ok?

- Tá ceeeeeeeerto! Bom, eu tenho uns lances pra fazer também. Até!

- Até!

E assim se foram, um pra cada lado. E o espelho continuou ali, no mesmo lugar, guardando as expressões das pessoas que por ali passavam. E assim continua...

Amigos, amigos, isso é tudo por ora. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: ELLIOTT SMITH - Alameda.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Videar # 9992

Arab Strap - The Shy Retirer


Taí uma música que tem muito a ver comigo. Gostaria que não fosse assim e estou tentando mudar umas coisas. Eu consigo.

Outra coisa... eh eh eh! Queria ter certeza sobre o idioma em que estão as legendas deste vídeo. Não é catalão. Galego? O quê? Se alguém souber, pode me dizer?

Beijos e abraços, amigos!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Colo (ou manhãs da infância)

Isso quase é uma poesia, isso é quase alguma coisa. Talvez seja poesia. Leiam, amigos:


Colo ou Manhãs da Infância

isso tem o cheiro das manhãs da infância
isso tem o gosto de um fruto bom
trago uma ânsia e então me recordo
acordo no século que já morreu

queria tanto resgatar um pouco
ter o que sei hoje com sabor de ontem
e nem tão mofado estou
são estes hojes que amanhecem sem solução...

hoje há um quê de busca desesperada
hoje tem um fogo que não arde
ainda que se queira arder livre
pra buscar de alguma forma o que se perdeu

um tanto igual a você, a qualquer um
todo mundo perde coisas no caminho
todo mundo busca alguma compensação
e compreensão é um carinho raro

vejo nas ruas toda essa gente
tão preparada para matar e morrer
o que essa gente toda quer também
é um colo de mãe para renascer

ninguém vai largar as armas
mas todos querem voltar
ninguém abre mão de suas armas
mas todos querem voltar para casa

você se lembra das manhãs da infância?

A poesia é minha, escrevi pela manhã, uma dessas raras manhãs em que se consegue escapar do mundo. Claro, chegarei atrasado ao trabalho. Mas com um sorriso enorme, espero. A foto, lógico, não é minha. É um tal de Fernando Pessoa, com sua mãe carregando-o. Aliás, nunca escrevi sobre ele, certo? Algo a ser corrigido, vamos ver se logo ou daqui a um tempo. Ah... também lembro que tempos atrás prometi um conto. Pois este foi escrito até a metade, apenas. Um dia desses eu o retomo e vocês vão conhecer Sim, Ele Esteve entre Nós. Por ora, o que tenho é isso. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: CORDEL DO FOGO ENCANTADO - Morte e Vida Stanley.

domingo, 10 de dezembro de 2006

O que antes era treva/Guerra

Mais...



O Que Antes Era Treva

tateando no escuro se encontra

surpresa
um beijo quente

desgraça
era só o sonho
existir é isso

sentir o beijo quente da ilusão e tentar encontrar algum sentido
demolir o edifício da ignorância

Guerra

tenho um velho míssil em minhas mãos
vou lançá-lo para explodir mentes

a semente de algo maior

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: THE BEATLES - All You Need Is Love.

A esquina inabitável

Escrito por mim numa tarde de domingo e de ressaca.


A Esquina Inabitável

Moral pra quê? Temos as ruas e o amor que sentimos por elas. Uma cerveja bem gelada. O tempo que nos foge e que tentamos agarrar à unha. E às vezes conseguimos. As mulheres que sempre nos fogem, estas também, e nos inebriam como o vinho perfeito das madrugadas. Temos nossos dramas que insistem em nos acompanhar, melancólica e deliciosamente.

Podemos nos deixar morrer como Belmondo em Acossado. Ou reescrever a história. Três finais para o mesmo conto, o mesmo filme alemão. Corra, dizem. Então corremos. Gostamos disso. Precisamos disso. E também paramos ali, naquela esquina inabitável. Ali, as palavras são o que fica. Não me desfaço das minhas.

Seguimos reescrevendo o mundo, entre fugas e solilóquios, pedaços frios de pizza e canetas para marcar CDs. Entre o teatro e a música. A poesia e a dança.

Não, não podemos prescindir da palavra. Seguimos reescrevendo o mundo. Ah... tanta humanidade me apavora. E me encanta. O que nos condena e nos redime.


Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: THE BEATLES - Because.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Ortotanásia e eutanásia

Ainda sobre vida e morte. É importante que vocês leiam, se for do interesse. E se não for, também. Porque o assunto ainda vai explodir neste país. Talvez demore um pouco, mas vocês vão ver.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u272.shtml

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: RADIOHEAD - The Bends.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Para maiores de 75 anos, mas vocês podem ler também

Tinha uns planos para o fim de semana. Não deram certo e tudo bem. Calhou de haver problemas em família também. Problemas que foram facilmente solucionados com a minha presença. Isso foi ótimo. E ainda aproveitei pra assistir uns filmes em casa. Desta vez, sessão dupla de Bergman. Comecei pelo último, Saraband. Segui com um dos clássicos, Morangos Silvestres. Em comum, o tema: velhice.
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A idéia aqui é falar sobre estes filmes e, no fim, ilustrarei o tema com
Volúpia e Velhice, poesia de meu primeiro livro, para quem ainda não sabe, o indisponível Palavra Atômica.


SARABAND Feito para TV e lançado nas telas em 2003, quando ninguém mais esperava uma obra de Bergman, pois anos atrás ele tinha anunciado sua aposentadoria. Os personagens centrais são o ex-casal Johan e Marianne, que já foram vistos em Cenas de um Casamento, outro filme do mestre sueco também feito para TV e levado às telonas 30 anos antes. Como se dá entre eles a revisitação de seus passados? Haverá ainda amor nesta relação, se é que houve anteriormente? Além deles, estão lá também Karin e Henrik, filha e pai cuja relação é marcada pela submissão, havendo inclusive um clima de incesto. Saraband é uma "suíte da sétima arte". Aliás, sarabanda é justamente uma das partes que compõem uma suíte musical. Compositores como Bach estão lá, na trilha sonora. Os diálogos cheiram à literatura e a sensação de ler um bom livro não está distante da de ver este filme. Ainda destacam-se as velhas impressões: Bergman é o maestro dos silêncios, dos gestos significativos, dos outonos opressores.

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MORANGOS SILVESTRES Há tempos, mais precisamente em 1957, a história do médico septagenário Isak Borg foi contada. E é uma história permeada de desamor e solidão. Duas vezes traído - na juventude por sua prima Sara, que preferiu casar-se com outro, e por sua falecida esposa. Figura respeitada, Dr. Borg dirige-se à cidade de Lund para receber uma homenagem. Durante a viagem, ele e a nora encontram diversos personagens, um trio de jovens cheios de vida e um casal de meia idade cujo maior prazer é alfinetarem-se um ao outro. Destaque para os sonhos de Borg, carregados de uma estética surrealista. Nestes, todos os medos e dúvidas do aparentemente seguro cirurgião vêm à tona.

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São DVDs que consegui recentemente. Também consegui Sonata de Outono, mas não tive tempo para vê-lo. Bergman é altamente recomendável. Muito em breve, organizarei uma lista de filmes que deveriam ser vistos por todos e provavelmente o diretor escandinavo comparecerá com diversas obras. Agora, um pouco de poesia para velhos. E para jovens curiosos.

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qual a diferença

entre

uma velhinha andando bengalentamente

volúpia e velhice
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uma menina voluptuosamente volúvel
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ou seria voluvelmente voluptuosa?
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??????
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apenas uma:
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o tempo
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!!!!!!
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todos palhaços no espetáculo do tempo...
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Isto é tudo, meus amigos. Despeço-me antes que aumente o número de cabelos brancos em minha cabeça (mas isto está acontecendo, silenciosamente, todo o tempo). Beijos e abraços!
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NA MINHA VITROLA: CHICO BUARQUE - Tempo e Artista.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Welby quer morrer. Só isso.

Leiam isto, amigos. Depois lhes digo o que penso.


Ministra italiana faz greve de fome para defender eutanásia
Folha Online, 04/12/2006 - 18h35
da France Presse, em Roma

A ministra italiana do Comércio Exterior, Emma Bonino, iniciou nesta segunda-feira uma greve de fome de dois dias para apoiar o pedido de Piergiorgio Welby, de 60 anos, doente terminal de distrofia muscular, que pede há vários meses pelo direito de morrer.

Welby, presidente de uma associação de defesa dos doentes, fez um apelo público, divulgado em setembro por uma emissora de televisão, que dividiu a Itália diante da possibilidade de legalização da eutanásia.

No vídeo, Welby, que está prostrado em uma cama há 40 anos sem poder se mover ou falar, pede ao presidente da República, Giorgio Napolitano, o direito de pôr fim à sua vida.

Em 1º de dezembro passado, os advogados de Piergiorgio Welby apresentaram perante o tribunal civil de Roma um "recurso urgente" para que fosse retirado o respirador artificial que o mantém vivo.

"Entendo contribuir pessoalmente para a campanha não-violenta iniciada pela Associação Coscioni a favor do pedido de Piergiorgio Welby com dois dias de greve de fome", anunciou Bonino em um comunicado.

Há uma semana, oito pessoas iniciaram uma greve de fome para apoiar o direito de Welby de morrer e defender a eutanásia, considerada pela lei um crime punido com a prisão.

"Não encontramos médicos dispostos a praticar a eutanásia", reconheceu um dos grevistas, Marco Cappato, secretário da associação que apóia Welby.

Como o espanhol Ramón Sampedro, cuja história foi apresentada no filme "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar, Welby pede, mais que uma permissão pessoal, uma discussão nacional para que a eutanásia seja legalizada.

A Igreja Católica está entre os primeiros que reagiram para manifestar sua oposição a qualquer forma de eutanásia.

Sou a favor, amigos, de que Welby possa morrer sim.

Eu vi meu pai sofrer. Ele brigou muito pra se manter entre nós durante quase um mês no hospital. Mas as condições não eram favoráveis. Cerca de uma hora antes do fim, eu disse pra ele ir, porque já não era suportável viver daquela forma. Disse que estávamos todos bem em casa e que não se preocupasse. Estou certo, com toda aquela dor e a aparente inconsciência, ele me ouviu. Lembro-me de ter pedido que ele me desse um sinal e ele apertou levemente minha mão. Depois, voltei pra casa e não tardou muito para que houvesse um telefonema do hospital. Foi bem melhor assim. Se sobrevivesse, ele teria completado ontem 67 anos, mas não teria nada a comemorar.

Sei que minha avó hoje sofre barbaridades em BH. Mais uma vez digo: seria um alívio o fim do sofrimento, da falta de uma vida digna, em que se depende de tudo e de todos, sem a possibilidade de retomar à vida como era antes da doença.

Sei que haverá aqui quem não concorde. Respeito as opiniões diversas, espero que discordem, mas que mantenham o mesmo respeito.

Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: PEARL JAM - Crazy Mary.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Videar # 9993

Ataque 77 - Perfeição


Ei, sem palavras hoje. Só o clipe: Ataque 77 encontra Legião Urbana.

Beijos e abraços!

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Mal(l)o(r)ca

Porque estou longe demais...


Mal(l)o(r)ca

meu planeta, meu bairro, esta ilusão
minha mal(l)o(r)ca saudosa de sempre
nem conheço mais sua gente
conseguirei resgatar da memória
o que foi e o que não foi?
posso estar em qualquer lugar
na buenos aires de borges, de cortázar
(que já é outra)... que azar ou sorte!
e é voltando ao meu lar que me sinto bem

já cortejei as memórias, estas que fogem
um dia desses quis compor a mazurca
na mediterrânea e longínqua terra turca
assim como você é e eu estou
não posso mensurar a glória
quando já passa o dia e a noite engana
nos balcões dos bares vendo os velhinhos
a jogar dominó, e que seja sorte ou azar
mas é com a cabeça erguida depois da aventura que volto

itaquera, minha guerra, esta terra me engole
queria elevá-la a outro patamar
ou largá-la ao nível do mar
você não se importa e me bate a porta
como no consulado da américa, por medo ou rancor
sei que nunca aceitou e tomou tudo por traição
quando o que mais quero é respirar teus ares
deitado na rede, um vinícius em itapuã
itaquera, não se assuste, eu já volto para enfim lembrar

Sempre quis compor uma poesia sobre o bairro em que cresci e vivo. Eu só tinha que fazer de uma forma que não soasse muito ufanista ou boba. Mas agora, por estar tão perto, não consigo julgar. Espero que tenha conseguido alcançar meu intento. Pois que julguem vocês... eh eh eh! Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: GOTAN PROJECT - Notas.

domingo, 26 de novembro de 2006

O incompleto

Converso agora com uma amiga a quem mostrei este texto, antes de postá-lo. Durante a conversa, cheguei à conclusão de que estas palavras são em parte um choro.Talvez porque haja essa insustentável leveza de existir, ou por algum outro motivo incaptável para o momento. Talvez seja apenas um engano, não sei. Não imagino que haja uma resposta prática. Bom... leiam, amigos.

O Incompleto

Pouco tempo. Sim, muito pouco tempo tem uma vida.

É preciso gastá-la bem. Mas gastá-la mesmo. Consumir-se.

Claro, há os estudos, numa primeira parte da vida. Depois aparecem os empregos. Não necessariamente nesta ordem. Nunca se sabe. Cada vida é um universo e as variáveis são inúmeras. É preciso se dedicar a isto e àquilo. Sobram fins de semana. Quando sobram, porque uma chuva pode estragar tudo.

Pois é, este fim de semana foi assim. Estragado.

Pouca grana. Pouca grana na conta, menos ainda no bolso.

Já disse que é preciso gastar bem. Mas eu falava do tempo. Aplica-se à grana também. Tem gente que nunca aprende. No máximo, despiora.

Sim, despiora. Por que não?

Ninguém deveria ficar parado pensando e se iludindo. Mas acontece. E parece que tudo na vida é um pouco de ilusão. Já que é assim, vamos vivê-la. E torná-la real. Tentar, ao menos. É tudo tão estranho...

A impressão é que podemos estar nos melhores dias de nossas vidas. E também os mais estranhos. Tudo por causa da escolha. Sim, a escolha.

Temos os nossos próprios conjuntos de regras. Algumas vêm de cima. Outras vêm de dentro. Você pode acatar umas. Você pode modificar outras. Nunca se sabe por completo. E isso, particularmente a mim, me torna meio maluco.

Quero encontrar sentido, assim como vocês. Aposto nisso, que vocês também busquem um sentido. Não todos, mas ao menos alguns. Quero compartilhar a existência. E quero compartilhar com vocês. Quero compartilhar com alguém.

Não importa de onde veio, pra onde vai ou onde está neste momento. Mas, diabos, estou muito vazio. Quero preencher-me. Estou desesperado por preencher-me para depois consumir-me.

Alguma coisa aconteceu no meio do caminho que não consigo entender. E vocês, entendem este texto sem pé nem cabeça? Ou nem é tanto assim?

Ah... onde tudo isso vai dar, eu não enxergo... não posso enxergar muito neste clima horroroso.

Então, deixo estar. Deixo ser. Que a angústia deste tempo, que é o melhor tempo de nossas vidas, traga alguma espécie de prêmio. Que haja paciência para que esse prêmio se materialize. Visão, para que eu possa me encaminhar e possa tocá-lo, tomar posse.

Sei, isso está meio cansativo. Canso vocês? Então chega!

Eu só queria algo mais...

É só isso por hoje, amigos. Beijos e abraços!

NO MEU HD CRANIANO: O mais triste, belo e puro tédio.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Robert Altman, 20.02.1925 - 20.11.2006

Morreu Robert Altman, 81 anos, diretor de filmes importantes como Short Cuts - Cenas da Vida (o único que assisti, na verdade). Até o momento, não tive notícias do porque de sua morte. O mundo fica menos interessante com gente como ele indo embora. Mas a obra fica. E isso é o que importa.


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Não é?

Beijos e abraços novamente, amigos!

Mondo Bizarro II

Olá, amigos! Apresento-lhes hoje outra pequena cena de nossa película bizarra chamada Humanidade... eh eh eh!

Jovem finge morte para romper relacionamento virtual
20.11.2006. Da Ansa, em Cremona (Itália)

Um adolescente italiano, cansado de uma relação que mantinha através da internet com uma garota, fingiu sua morte para terminar a história.

O jovem, 14, residente de Vicebellignano - um povoado de apenas 1.300 habitantes, situado na província de Cremona, norte do país - encarregou sua irmã de enviar uma mensagem de texto para o celular da menina para lhe informar de um acidente de trânsito.

Depois, em contato com a garota, a irmã manteve a versão de que o irmão teria se submetido a várias cirurgias, que estava em coma e, por último, que havia morrido.

A mentira arquitetada pelos irmãos para romper a relação se transformou em uma tragédia para a menina, que, segundo a mãe, chorou muito ao saber da morte.

A irmã do "morto virtual" pediu à jovem que não participasse do funeral, mas lhe pediu que enviasse um buquê de flores para depositar no túmulo como "lembrança".

A jovem, desconsolada, descobriu a mentira depois que sua mãe telefonou para o registro civil e para um jornal local de Cremona para obter informações sobre o funeral.

A mulher analisa a possibilidade de entrar com uma denúncia contra os irmãos.

Falar o quê, né? Depois dizem que brasileiro é atrapalhado... eh eh eh! Beijos a abraços, amigos!

Arte: A Criança Doente, de Edvard Munch (1886).

NA MINHA VITROLA: FITO PÁEZ - Enloquecer.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Verde-hortelã

Antes tarde do que nunca, afinal já é véspera. Mas aí vai. Acontecerá no Centro de São Paulo o evento poético que provavelmente fechará o ano de eventos dos Prophanos (ou não... ainda tem um mês e mais um pouco pela frente, afinal). Pra quem não conhece, Prophanos é o grupo de poetas insanos do qual faço parte, assim como meu mais constante parceiro de poesias e cervejas, o Rafael Mafra, autor do texto que postarei abaixo, e o amigo Rubão, que está se transferindo para Ubatuba, entre tantas outras figuras notáveis que estarão lá no Gruta Bar.

Bom, o texto do Rafael Mafra explica melhor do que tudo as coisas:

Lembro como se fizesse uma semana. Há pouco mais de um ano atrás, saindo já um tanto tarde do meu emprego e não muito a fim de encarar a porcaria do trânsito do centro de São Paulo, resolvi dar uma volta e dar um tempo, esperando que diminuíssem um pouco as filas pra voltar pra casa. Desci do ônibus, que estava estacionado na Avenida Nove de Julho e segui em direção ao Terminal Bandeira. Antes de chegar ali, subi as escadarias do Viaduto/Rua Major Quedinho e seguiria até qualquer lugar perto do Vale do Anhagabaú.

Acontece que, seguindo por ali, uma pequena porta ao lado do prédio do Diário de São Paulo me chamou a atenção. Ouvia-se um som legal lá de dentro, rock 'n' roll. A princípio parecia ser uma boate ou algo do tipo, mas uma placa na porta do lugar descaracterizava-o como tal: "Gruta American Bar - Bilhar e Xadrez" era algo assim que estava escrito. Pensei comigo: "Xadrez? Bilhar tudo bem, mas xadrez? Tem rock e tem bilhar e talvez tenha xadrez, então deve ter cerveja. Vale a pena conferir!"

Desci as escadas - pois a tal porta leva ao subterrâneo de um prédio - e entrei noutra atmosfera. Tudo lá fora estava lá fora e pronto. No balcão uns quatro ou cinco senhores acima dos cinquenta anos. Pedi uma cerveja pro grisalho que estava atrás do balcão - e que lembrava um pouco o Paulo Coelho - sentei numa mesa e comecei a escrever alguma coisa. Observei o lugar. Tinha bilhar mesmo e tinha xadrez de verdade, até com relógios! Estava escuro, não tinha quase ninguém. Continuei escrevendo e tomando alguma cerveja. Certa hora saí ao banheiro e, quando voltei, o grisalho do balcão estava lendo minhas anotações...

Pouco depois perguntou o que eu estava escrevendo, se eu fazia poesia e etc. Respondi o que havia de ser respondido e conversamos um pouco mais. Dali a pouco, no fim da noite, saí daquele bar com um novo amigo e um sarau marcado.

Chamei amigos, o Alessandro e o pessoal do Prophanos. Chamei muitas pessoas. O evento foi legal, assim como todos os outros que se seguiram (e que muitos de vocês devem ter comparecido, ou ao menos recebido o convite).

Dos amigos que conheceram o lugar, a maioria o escolheu como uma boa opção para tomar uma cerveja, bater um papo e relaxar durante algumas noites da semana. Seja jogando uma partida de bilhar, xadrez, palitinho ou batendo conversa fora no balcão do bar, achamos bom e recomendamos.

É certo que muitos não gostam do ambiente, mas preferimos prestar mais atenção nas pessoas que estão por perto, e nisso o lugar também é muito favorável - nem sempre, é claro, mas na maioria das vezes.

O senhor grisalho que parece o Paulo Coelho chama-se Rubens, ou Rubão, como quiser. Ele toma conta do lugar. Ele organiza o sarau com a gente. Ele seleciona a trilha sonora sempre de primeira qualidade. Ele tem muitas histórias pra contar, é um cara vivido. Comeu a vida sem talheres, devorou sem dó as sobremesas e agora faz a digestão com uma dose de Seleta ou Sagatiba. O cara estava em Woodstock! O cara freqüentou o CGBG, em NY. Tem quatro filhas e uma mulher que, quando está em São Paulo, ajuda ele no balcão.

E ele está indo embora. Está indo pra Ubatuba, com a mulher, para abrir um bar por lá. O nome do bar vai ser "Verde-Hortelã".

Nosso próximo sarau também se chamará "Verde-Hortelã", no dia 18/11, na despedida do Rubão. Até agora ninguém sabe direito se haverá outros saraus por ali depois que o Rubens for embora. Pra quem pensa nisso, não há muita disposição, por enquanto. Mas, embora no momento também eu não tenha essa disposição, penso que ela vem depois, com um pouco de cerveja.

Por enquanto, vamos no clima de despedida, que vale. Até porque, não só de despedida será este sarau. Será também festa de aniversário do amigo Alessandro de Paula e seus trinta e tantos anos. obs. do dono deste blog: serão exatamente 33 anos... :-) Será também festa deste que vos escreve e de sua garota: estarão comemorando "bodas de bambu", como andam dizendo por aí.

E é claro: poesia, conversa, música, cerveja, poesia, bilhar, xadrez, cerveja, conversa, Seleta, bilhar, Sagatiba, poesia e etc.

Está feito o convite.


Próximo sábado, dia 18/11/2006 às 21h30

Local
Gruta Bar - Rua Major Quedinho, 112-A
(perto do Metrô Anhagabaú / ao lado do prédio do Diário Popular)

Entrada R$0,00

Poesias, textos diversos e conversas legais serão muito bem aceitos.

Abraços!

Rafael Mafra

Mais informações:

http://canetas.blogspot.com

É isso, amigos. Quem puder, apareça. Será imperdível. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: NANDO REIS - Como Se o Mar.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Videar # 9994

Stevie Ray Vaughan - Testify


Tempo cinzento na cidade cinza. Eu de azul. Um blue surrado na cidade desbotada. Blue covers my body, aqui com esta guitara que desliza fácil e deliciosa em meus ouvidos. Blues in my brain. Nunca havia ouvido aquele cara com a devida atenção, neste meus quase 33 anos de pequenas bobagens, grandes delírios e rock 'n' roll.

Aqui, neste pequeno limbo musical que crio para mim, no qual me perco a caminho do trabalho semana sim, a outra também, o dito popular se faz verdadeiro: nunca é tarde.

Lembrei-me da existência do guitarrista dias atrás, por culpa de uma amiga que vinha ouvindo-o. E me dei conta de que nunca ira atrás de material algum. Nem vinil nem CD nem MP3. Pois é. Mudei.

Agora estou aqui, neste trem, e ouço a coletânea idealizada por Martin Scorsese, que vez por outra se põe a documentar a música de seu tempo. Como se não bastasse ter realizado
Taxi Driver, Touro Indomável e o novíssimo Os Infiltrados (o grande mestre de volta às máfias, sim senhores, e com louvor).

Mas voltemos ao músico. O nome é Stevie Ray Vaughan. Único. Era, porque está morto. Maldito acidente aéreo em 1990! Vez por outra coisas assim levam um gênio daqui. Não de verdade.

Porque ele está aqui, nos ouvidos, o cérebro interpretando prazerosamente as ondas sonoras. Sim, tudo isso.

Não quero falar do aspecto técnico de sua música. Se há um rótulo que posso aplicar, será o de "brilhante". Mais que isso, não me arrisco. Tenho pouco a falar de Stevie Ray Vaughan. Descubro-o aos poucos.

Por isso, apenas prossigo rumo ao cumprimento da rotina. Levo um tanto de Ray Vaughan comigo. Deixo um pouco com vocês.

Beijos e abraços!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Videar # 9995

Nine Inch Nails & David Bowie
I'm Afraid of Americans


Eu tenho medo deles. Vocês não? Há uma ditadura que a cada dia se torna menos sutil. Por enquanto, ainda é possível escolher como se posicionar quanto a tudo isto. Mesmo que uma escolha pareça insignificante, nunca é. Uma escolha pode mudar a vida de qualquer pessoa e isto é uma responsabilidade e tanto. Viver com os olhos abertos ou viver com os mesmos eternamente fechados, dentro de um sonho, são experiências completamente distintas.

Pois bem, uma escolha. Tenho a minha. Digo que não devemos desprezar absolutamente tudo o que vem de lá. Vez por outra surge algo mais bacana que batatinhas engorduradas ou filmes em que um fortão mete bala em todos os inimigos durante uma guerra.

A cultura deles, no entanto, parece-me um tanto rala, exatamente como a inteligência do valentão que resolve tudo na porrada. Os filmes deles continuam, em grande parte, valorizando tal cultura. Derrubam torres por ali, mas a arrogância permanece. A guerra do Iraque é isto. Saddam não era santo. Um ditador regional. Agora, o ditador global vai enforcá-lo. Confesso, não sei bem o que pensar disto. Mas há espaço pra eu expressar minha desalegria em saber que George W. Bush habita o mesmo planeta que eu. Seja como for, fiz uma escolha e estou tão seguro quanto a ela que até me permito brincar um pouco.


Aliás, creio que esta seja a brincadeira preferida de Bin Laden. Dêem uma olhadinha nisto. Alguns de vocês devem conhecer o brinquedo desde o ano passado. Mas era um pouquinho diferente... eh eh eh!

Trata-se de uma brincadeirinha online em que você usa o mouse pra fazer o Bush deslizar espaço abaixo durante todo o tempo e estropiando-se contra um monte de bolhas. Divertido, não? A versão do ano passado era com uma mulher, coitada. Bom, você pode se divertir um pouquinho clicando aqui. O resto é mais fácil que empurrar bêbado na ladeira... ops... eh eh eh!

Isto é tudo, amigos. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: THE GATHERING - Box.

Poesias de dias hostis: Jesus e Barrabás / Comédia

Poesia de dias hostis. Dias estes cujo anseio de alguns é que se negue a arte. Mas deve-se resistir. Talvez não com a força que havia em outros tempos, mas prosseguindo. Porque é o que um sabe, o que ele é. Não renegar-se. Dizer sim à vida e seguir vivendo-a como deve ou sente que deve, fazendo o que faz melhor. Se é que ainda é o melhor, mas se não for, ao menos há a tentativa.

Bom, sei que o parágrafo acima é nebuloso à maioria. Por isso, o suficiente aqui é que leiam - gostem ou desgostem - e interajam. Sei que este blog tem sido lido. Mas opiniões, que é algo de bom, têm havido poucas. Respeito a timidez de uns e o pouco tempo de outros. Mas interajam.

E, por falar em pouco tempo, tenho muita coisa a postar aqui, mas há essa falta de tempo e, quando há este, há algum cansaço. Bom, seja como for, estou aqui, neste instante. E tenho algo a mostrar a vocês. Então, aí vai:


Jesus e Barrabás

Jesus e Barrabás são amigos de tempos atrás
juntos, atravessam oceanos e séculos e ruas vazias das madrugadas ébrias
nunca brigam por mulheres, pois ter ambos é melhor que nenhum e elas sabem muito bem

São irmãos, os dois, além do sangue
eles são e; jamais &
bebendo o vinho do Porto e o das esquinas mais sujas
e fazendo a música da vida e dos vagabundos mais doce que seca

Mas se às vezes não se falam, não se deve temer pelo pior,
é só porque ambos já sabem o que pensam um e outro
filosofia é uma risada com gosto
e dá gosto vê-los assim

O mundo, sim, já tentou criar escândalos entre eles
porém sabem muito bem o que fazer,
como o mundo deve ser desprezado às vezes

E, por favor, não se assustem, pois nenhum deles irá à cruz

Jesus e Barrabás conhecem o ritmo das gentes
e entre Tom e Tom vão debatendo e desconstruindo e refazendo zés e jobins
ao mesmo tempo que amam e desprezam carolinas e ritas

Noutros dias são os piazzolas e em outros mais são os hendrixes que escapam das caixas mais vadias
é dessa forma que são além das vaidades
saboreando a poesia que há nos ares

e não passam de dois vagabundos,
estes malditos encantados chamados Jesus e Barrabás.

________________



Comédia

.
dentro dentro da mesma jaula ... genial e giratória jaula ... pequena para toda arrogância e ferocidade ... enorme para abarcar o mundo e as ardilosas verdades

.

entre as feras há o medíocre que se enxerga como gênio ... mas isto não somos todos um pouco? ... perante o espelho ele se envaidece ... arruma o cabelo e afaga sua pretendida habilidade na forma de um sorriso repleto de certeza

.

poderia ser um grande amante ou tecer sua rede de teorias conspiratórias ... mas os conspiradores não lhe dão crédito ... seu troféu é a dúvida ... as senhoras o rejeitam ... então carrega outro prêmio ... o grande incompreendido

.

é uma honra pensar que não faz parte dos fatos ... está acima de cada um dos outros ... aquelas outras feras ... diferentes em suas verdades ... semelhantes em suas atitudes

.

tem consciência ... ainda que insconsciente ... de que é a farsa ... como são os outros

.

enquanto isto ... gira a jaula ... maravilha giratória que é ... a ilusão é a de que essas feras todas se engolem umas às outras ... tudo o que conseguem de fato é devorar-se com alguma azeda vaidade

.

guarda esta imagem ... pois esta imagem já é outro inferno ... além de dante

________________

Dois textos, creio eu, bastantes distintos entre si. Espero apenas que seja do agrado, apesar de ambos terem seu germe ruim, aos olhos de muitos. Vamos ver o que acontece... eh eh eh!

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: THE FLAMING LIPS - Yoshimi Battles the Pink Robots Pt. 1 > Do You Realize?

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Videar # 9996 - Elliott Smith Clipe 1

Elliott Smith - Coming Up Roses

Videar # 9997 - Elliott Smith Clipe 2

Elliott Smith - A Fond Farewell___Homenagem póstuma

Videar # 9998 - Elliott Smith Clipe 3

Elliott Smith - Son Of Sam


Elliott Smith... talvez o último ídolo possível. Um músico de composições singelas e ao mesmo tempo sombrias, letras nas quais senti minha alma espelhada. Não sempre, mas muitas vezes.

Dia 21 de outubro marcou o terceiro aniversário de morte de Elliott. Não foi o álcool, não foram as drogas. E, eu particularmente, não creio na suspeita de que sua então namorada, Jennifer Chiba, tenha esfaqueado Elliott no peito por duas vezes.

Tinha 34 e estava limpo. Além do álcool e das drogas, também largara os antidepressivos e o tratamento. Bom, de acordo com a versão oficial, ele suicidou-se.

Ele conhecia a dor. Conhecendo e expondo sua dor, expunha também a nossa. Não é, certamente, para qualquer um acompanhar. As pessoas parecem muito propensas a escapar da dor. Não as condeno, mas prefiro encarar os meus abismos, como já coloquei em alguns textos. Não que eu tenha de ser todo o tempo triste, e não o sou, mas Elliott ajuda. Ele me entende, de certa forma.

E ele era, além de tudo, um músico íntegro.

Por isso, para marcar a data, posto acima estes três clipes de Elliott Smith, para que vocês conheçam ao menos um pouco do seu trabalho.

Beijos e abraços, pessoal!

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Brasília, as fotos

Brasília, a cidade verde. A cidade das cigarras, do poder, dos mil points. Da amizade, também. A amizade, ao menos para mim e para Carla, minha anfitriã, tem novo dia, que é 12 de outubro. Gostei de estar lá. Foram cinco dias para não esquecer. Aqui vão algumas fotos.



Curtiram as fotos? Espero que sim. Há um bocado mais a ser visto clicando aqui. Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: PULP - Common People.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Sessão Videar # 9999

Sigur Rós - Glósóli


Estreando as postagens de videoclipes do blog. Uma sessão que chamo de Videar, em homenagem a Stanley Kubrick e seu Laranja Mecânica. Semanalmente ou com uma periodicidade menor - vocês podem opinar a respeito disso -, procurarei deixar algum bom clipe pra vocês. Hoje é Glósóli, da banda islandesa Sigur Rós. Espero que vocês gostem.

Beijos e abraços!

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Canções, mulheres, um amor para voltar a viver e breves agradecimentos

CD novo do Fito Páez. El Mundo Cabe en una Canción. Pode ser que o mundo realmente caiba em uma única canção (ou em uma pequena coleção delas), mas dos comentários que li a respeito, não deve chegar a ser um lançamento que entusiasme. Eu, como admirador, só ouso comentar depois de ouvir, apesar de que realmente o argentino a muito não lance um trabalho que me deixe de queixo caído (o último foi Abre [1998], mas Moda y Pueblo [2005], me pegou de jeito, embora circunstâncias especialíssimas que não meramente a música tenham me levado a tal condição - depois, caiu no limbo do esquecimento).

O ótimo Digestivo Cultural, em seu número 300, "malcompara" os efeitos dos novos CDs de Fito e Caetano (por sinal, não gostei de , o último disco do filho de dona Canô), traçando também paralelos sobre a popularidade de ambos fora de seus países. Um pouco por conta de Fito ter sido casado com Cecilia Roth, estrela de Tudo sobre Minha Mãe e de outros filmes de Almodóvar.

A conferir.

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E por falar em Almodóvar...

Antes da minha viagem à Brasília, tive a oportunidade de assistir a cópia de Volver, o novíssimo filme do gênio Pedro Almodóvar. O fato é que gostei, mas não tanto. Talvez tenha sido a expectativa. Mas não, Almodóvar não chega a perder a mão. Simplesmente o resultado final me agradou menos do que obras-primas como Tudo sobre Minha Mãe (1999) e Fale com Ela (2002).

Volver tem a cara de La Mancha, região em que Almodóvar nasceu, e ali se conta a estória de uma família de mulheres marcadas pela selvageria masculina. Vejo, sobretudo, como elogio à mulher e mãe de família forte, aquela que encara todos os golpes e corre o risco de se arrebentar, mas não arrebenta. Vejo esta mulher na forma de Raimunda a personagem de Penélope Cruz. E também na figura da "fantasmagórica" e engraçada Irene (Carmen Maura).

Creio que outras leituras deste filme possam ser feitas. Pretendo revê-lo algumas vezes, inclusive no cinema (desde Carne Trêmula, 1997, tenho visto todas as películas do Mestre na telona, não será agora que farei diferente). Talvez eu conte mais. Talvez vocês possam acrescentar alguma análise, assim que o filme estiver em cartaz nas salas tupiniquins.

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Um filme que assisti durante minha passagem por Brasília e que merece todas as atenções é o singelo Elsa y Fred, dirigido por Marcos Carnevale. É a estória de dois idosos que se tornam vizinhos. Ele, recém-viúvo e sem encontrar um sentido pra continuar vivendo. Ela, uma senhora cheia de vida, um tanto trapaceira e que tem o desejo de repetir a famosa seqüência da Fontana di Trevi, com Anita Ekberg e Marcello Mastroianni em A Doce Vida. Mas ela esconde um terrível segredo...

É delicioso acompanhar o desenvolvimento da relação entre ambos. É um daqueles filmes que levam ao riso fácil e também às lágrimas, se aquele que assistir for do tipo emotivo. Vale muito, muito a pena.

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Sobre minha viagem à Brasília, cabe aqui agradecer muitíssimo à minha amiga Carla, que me proporcionou dias invejáveis a partir de sua atenção inestimável, a aguda inteligência e jovialidade e extremo bom gosto. Também não devo me esquecer da Adriana com o violão do Luan e, também, frente ao micro declamando Álvaro de Campos. Pessoas como vocês fazem da verde Brasília uma cidade especial. Espero retornar um dia, assim como espero recebê-las na minha cinzenta Sampa.

Em breve, muito mais sobre a viagem, incluindo fotos.

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Uma proposta aos amigos próximos: quero assistir em breve A Dália Negra, um suspense que me parece ótimo. Tenho alguns motivos para convidá-los. 1) Além de ser provavelmente um baita filme com um baita elenco, incluindo aí a estupenda Scarlett Johansson - sei, ela é a queridinha de muita gente atualmente e isso enche o saco... mas e daí? - e 2) Tenho tido o desprazer de cochilar durante algumas sessões e gostaria que alguns de vocês estivessem juntos para evitar isto. Ajudem um amigo perto da senilidade... eh eh eh! Beijos e abraços a todos vocês.

NA MINHA VITROLA: CORDEL DO FOGO ENCANTADO - Transfiguração (CD completo).

Fim anunciado

De volta à Sampa! (Claro, depois contarei tudo ou pelo menos alguns aspectos da minha estada no centro do país.)

Que pena, o Madredeus vai acabar...


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u65187.shtml

Que pena, nada! O grupo já mostrou o que tinha de mostrar e, na minha opinião, em seus dois últimos trabalhos - Amor Infinito (2004) e Faluas do Tejo (2005) - já havia esgotado suas possibilidades musicais.

Farão ainda algumas apresentações em terras de Espanha. Depois, adeus! Cada um seguirá seu caminho e creio que aí, sim, trarão algo de interessante e novo a se ouvir.

Boa sorte a cada um deles. Espero que nossos ouvidos sejam agraciados por novos projetos e grande música.

Beijos e abraços, meus amigos!

NA MINHA VITROLA: MADREDEUS - Haja o que Houver.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Mudando de idéia


Sei, sei... vai parecer confuso e vou certamente passar atestado de porralouca, mas as pessoas mudam de idéia. Eu sou uma pessoa. Portanto, posso mudar de idéia. Também sei que se trata de uma construção clichê esta anterior, enquanto vivemos tempos pouco comuns.

O fato é que cedo. Se é tarde ou nem tanto para a minha capitulação à idéia de votar no cara que eu considero "o menos pior", fico com o nem tanto.

Esse cara, o que hoje considero o menos pior, sempre aparentou estar ao lado das classes menos favorecidas. Tem um histórico considerável, sendo um dos fundadores de uma instituição que se desenvolveu com a bandeira dos trabalhadores. A quatro anos, era o herói da maioria, mas coisas aconteceram e redescobrimos que ídolos podem ter pés de barro. Confiar, eu não confio, mas creio que ele tratará de não se comprometer a ponto de sofrer um impeachment. A cobrança existirá desta vez, muito maior do que antes. E somos (ou precisamos fazer) parte disso, inclusive.

O que eu sei mesmo é que não engulo aquele grupo de aves de bico grande e seus eternos parceiros. Sei o que fizeram com o país. São muitíssimo dissimulados esses bicudões. Tiram o seu da reta e abrem as pernas para o estrangeiro. Lembro-me que empresas importantes caíram nas mãos de gringos que só fazem obter lucro, oferecer produtos e serviços de qualidade ruim e empregar mão-de-obra barata. Ops... alguém aí falou Telefonica? Mero exemplo.

Quanto ao representante bicudo deste pleito, o que tenho a dizer? Tomem cuidado, é um ator. Por trás daquela aparência sóbria de Picolé de Chuchu há um gênio do mal que trabalhou constantemente para sucatear a educação em São Paulo. E, claro, conseguiu. Com sua carinha de "olha-eu-fiz-isso-para-o-seu-bem", vai fazer o quê? Vender a Amazônia? Teremos a Zona Amazônica Japonesa, a Zona Amazônica Norte-Americana, e por aí vai? Tá, estou pirando, fazendo ficção, já. Mas que pode acontecer, pode.

Portanto, ainda que muito desconfiado, votarei naquele barbudão que ainda deve estar um pouco atônito com a surra que levou num debate no qual era muito, muito fácil bater nele. No momento, até o Picolé de Chuchu o faz. Mas quem, raios, poderia fazer o que é realmente necessário para esse país ser um pouco mais bacana de viver?

Eu tenho uma resposta. Quero as de vocês.


Antes, quero dizer porque mudei de idéia. Foi numa conversa durante o sarau. O colega Nelson, a princípio sem saber, despertou em mim o pavor que tenho da possibilidade de venderem, em pedacinhos, o Brasil. Os bicudões esquartejadores são craques nisto. E não me esqueço de que, antes do termo "mensalão" ser criado, escândalo semelhante foi revelado e abafado durante o governo do presidente que fora sociólogo.

O sarau, que transcorreu maravilhoso - a quem queira saber - foi sendo e sendo, os textos se sucediam e até alguns talentos foram revelados. Ainda que eu já tivesse mudado de idéia, achei bacana ler Eu Digo Não (post anterior), pra suscitar mais discussão. Sim, era o momento de lançar o inferno sobre o Gruta... eh eh eh! Comentei com o Nelson que faria isto e ele disse que leria em seguida o texto abaixo, de Ignacio de Loyola Brandão. Sem dúvida, o golpe de misericórdia.

Confiram vocês também. Eu não sei se esta é a disposição correta dos parágrafos, então posto-o de acordo com a versão que consegui na rede.

O Homem que Viu o Lagarto Comer Seu Filho
Ignácio de Loyola Brandão
Para Ligia Sanchez

Era uma noite de terça-feira, a eles viam televisão deitados na cama. Quase uma da manhã, estava quente. Ele levantou-se para tomar água. A casa silenciosa, moravam num bairro tranqüilo. Não havia ruídos, poucos carros. Ao passar pelo quarto das crianças, resolveu entrar. Empurrou a porta e encontrou o bicho comendo o menino mais velho, de três anos a meio. Era semelhante a um lagarto e, na penumbra, pareceu verde. Paralisado, não sabia se devia entrar e tentar assustar o animal, para que ele largasse a criança. Ou se devia recuar e pedir auxílio. Ele não sabia a força do bicho, só adivinhava que devia ser monstruosamente forte. Ao menos, forte demais para ele, franzino funcionário. E meio míope, ainda por cima. Se acendesse a luz do corredor, poderia verificar melhor que tipo de animal era. Mas não se tratava de identificar a raça e sim de salvar o menino. Ele tinha a impressão de que as duas pernas já tinham sido comidas, porque os lençóis estavam empapados de sangue. E a calça do pijama estava estra­çalhada sob as garras horrendas do bicho repulsivo. Como é que uma coisa assim tinha entrado pela casa a dentro? Bem que ele avisava a mulher para trancar portas. Ela esquecia, nunca usava o pega ladrão. Qualquer dia, em vez de um bicho, haveria um homem roubando tudo, a televisão colorida, o liquidificador, as coleções de livros com capas douradas, os abajures feitos com asas de borboletas, tão preciosos. Pensou em verificar as portas, se estavam trancadas. Porém, per­ce­beu um movimento no animal, como se ele tentasse subir para a cama. Talvez tivesse comido mais um pedaço do menino. Precisava intervir. Como? Dando tapinhas nas costas do lagarto-não lagarto? Não tinha armas em casa e o cunhado sempre dizia que era coisa necessária. Nunca se sabia o que is acontecer. Ali estava a prova. Queria ver a cara do cunhado, quando contasse. Não ia acreditar e ainda apostaria duas cervejas como tal animal não existia. Pode, um lagartão entrar em casa através de portas fechadas a comer crianças? Olhou bem. Comer crianças não era normal, nem certo. Devia ser uma visão alucinada qualquer. Não era. O bicho mastigava o que lhe pareceu um bracinho e o funcionário teve um instante de ternura ao pensar naqueles braços que o abraçavam tanto, quando chegava do emprego, à noite. Uma faca de cozinha poderia ser útil? Mas quanto o bicho o deixaria se aproximar, sem perigo para ele, o homem? Tinha que impedir o lagarto de chegar à cabeça. Ao menos isso precisava salvar. Não conseguia dar um passo, sentia-se pregado à porta. Preocupava-se. Todavia não se sentia culpado. Era uma situação nova para ele. E apavorante. Como reagir diante de coisas novas e apavorantes? Não sabia. Preferia não ter visto o lagarto, encontrar a cama vazia, as roupas manchadas de sangue. Pensaria em seqüestro ou coisas assim que lia nos jornais. Seqüestro o intrigaria, uma vez que ganhava pouco mais de dois salários mínimos e não tinha acertado na loteria esportiva. Era apenas um funcionário dos correios que entregava cartas o dia todo a por isso tinha varizes nas pernas. Se gritasse, o lagarto iria embora? Continuou pensando nas coisas que podia fazer, até que a mulher chamou, uma, duas vezes. Depois ela gritou a ele recuou, sempre atento para saber quanto o bicho tinha comido do filho. A medida que recuou perdeu a visão do quarto. Sentindo-se aliviado, pelo que não via. A mulher chamava e ele pensou: o menino não chorou, não deve ter sofrido. Voltou ao quarto ainda com esperança de salvá-lo pela manhã a decidiu nada dizer à mulher. Apagaram a luz, ele se ajeitou, cochilou. Acordou sentindo um cheiro ruim e quando abriu os olhos viu sobre seu peito a pata, parecida com a de um lagarto. Paralisado, não sabia se devia tentar assustar o animal, ou tentar sair da cama a pedir auxílio. Pelo peso da pata, o bicho devia ser monstruosamente forte. Ao menos, forte demais para ele, franzino funcionário. Aí se lembrou que tinha dois sacos de cartas a entregar, era época de Natal a havia muitos cartões das pessoas para outras pessoas dizendo que estava tudo bem, felicidades. Tinha que tirar este bicho de cima. Não, hoje não haveria entregas. Nem amanhã, por muito tempo. O lagarto estava com metade de sua perna dentro da boca.

Ah, sim... a plantinha ali no início do post é justamente o Pau Brasil. Aguardo comentários sobre o conto, a planta e a mudança. E sobre o que mais vocês quiserem comentar. E, antes que me esqueça, amanhã estarei em Brasília, visitando uma amiga. Resolvi passear um pouco neste feriado prolongado e acredito que vai ser bem bacana. Desejem-me boa viagem. :-)

Beijos e abraços!


NA MINHA VITROLA: HAMMOCK - An Empty Field > BRIGHTBLACK MORNING LIGHT - We Share Our Blanket with the Owl.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Eu digo não

Aqui outra coisinha visual. Texto sobre foto encontrada no Getty Images.



Um, famoso pelo apelido "picolé de chuchu", é responsável pelo golpe de misericórdia na educação em São Paulo. O outro é conhecido por "não saber de nada" e, no entanto, ele e sua turma diziam que fariam um governo diferente, livre de corrupção. Levou nossas esperanças e vimos que tudo continua igual. A turma vermelha apenas leva a desvantagem de não ter a grande mídia a seu favor, portanto, os escândalos vêm à tona com maior facilidade.

Encaremos a seguinte idéia: eu vou à barraca de pastéis, compro três e a menina da barraca esquece de cobrar um deles. De verdade, eu não falo que ela esqueceu de cobrar. Vou embora com meus pastéis e meu dinheiro, que deveria ser dela. Pobre moça, mas não sou santo. Esta é uma pequena corrupção.

Não diria que todo o povo brasileiro é corrupto, mas ninguém é tão purinho assim (apesar que há aqueles que devolvem uma carteira cheia de grana para a pessoa que a perdeu). Uns vendem votos por um prato de arroz com feijão, outros para conseguir concessão para operar no raio que o parta. E por aí vai...

A diferença é que eles, seja qualquer o lado em que estejam, lidam com milhões.

Não à toa, tive nos últimos dias a cabeça repleta de zeros. Estes acabaram descarregados na urna eletrônica. E será assim no dia 29. Sim, digo não para eles, mas não digo que façam o mesmo, não sou prepotente e arrogante a ponto de querer impor meu pensamento. Isto é apenas um desabafo, amigos.

Bom... assunto polêmico, não? Claro, não peço que concordem comigo. Podem até me bombardear, que eu pego essa bomba, mato no peito e faço um golaço... eh eh eh! Brincadeirinha. Mas toda opinião que não seja algo oportunista será bem-vinda.

Difícil de ler? Cliquem aqui. Sejam brasileiros e não desistam nunca... eh eh eh! (Brincadeirinha...)

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: ELLIOTT SMITH - Waltz # 2 > ASOBI SEKSU - Taiyo.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Sarau dos sem-turno

Sábado, dia 7. Espero vocês, de São Paulo, por lá:

Beijos e abraços, amigos!

NO MEU HD CRANIANO: Algumas preocupações relacionadas a umas questões muito, muito particulares.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Quase silêncio

Para inaugurar a semana.


Se estiver difícil de ler, o melhor a fazer é clicar aqui para ver a imagem ampliada. Beijos e abraços, amigos!

NO MEU HD CRANIANO: Uma energia para criar que não se explica, mas a necessidade de dormir também existe.