Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia.
Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA.
Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula.
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quarta-feira, 16 de maio de 2007
De braços abertos
E continuam os contos... este, com base em Humo, do Narcotango, projeto do argentino Carlos Libedinski.
De Braços Abertos
Ao longe vai a paisagem do lugar que me deixa. Aqui, este veículo estático.
Guardo a memória. Os pés desnudos na areia úmida, herança da chuva da outra noite. A paisagem se move. Nuvens se movem e preenchem o horizonte, que já não existe, de verdade.
As ondas do mar lentamente saudavam quem estava ali. (Não) Era eu. A figura sentada no banco da pequena praça que antecedia a praia. (Não) Sou eu. Sentado no banco deste automóvel. À minha frente o volante que me leva ao destino que não miro.
Perco-me. Na memória e no momento.
Era o ser em crise. O contraste com a quietude da praia quase vazia. Sim, havia outros, poucos outros. Talvez se buscassem. Esta crise, eu a recebia de braços abertos. Era o necessário para mover-me até o lance de dados seguinte.
Perco-me outra vez. Na mão esquerda, de tanto não ser, o cigarro se apagava. Memória... ela se esvai. Falha, também me deixa.
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