sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Do nada ao risco

Dessas coisas que não são novidade. Mas sempre retornamos. Ou sempre querem retornar. E por isso, fazem-se canções, escrevem-se livros, criam ficções. E mesmo a alma mais imune - bem, ela não é tão imune assim - acaba cedendo. Em algum momento. Ou ri cinicamente escondendo o que há de verdade: a lacuna.

Retornemos ao velho e universal tema, sem o medo de não soar original. Que há algo que é comum a todos. E o que é comum também pode ser bonito. Espero que seja bonito.
Woman tending garden, de Gary Braasch (EUA).

Do nada ao risco

O desejo dos tímidos
é qualquer coisa
que não é amor,
senão explodiria.

Porque amor, pra ser o que é,
explode.

Ele sempre se dá,
ainda que não seja retornado.

É compreensão
e também o desejo
da posse. Mas se não há a manifestação do desejo,
o que é?

Ilusão paupérrima,
penúria da alma.

O sujeito implode
e recolhe ruínas silenciosamente.

O que não ama está morto.
Mantém os olhos fechados
pras maravilhas
e também pro que é mesquinho e feio.
É seguro. A morte é segura.

É preciso amar alguma coisa.
Ou pessoa.
É preciso amar alguma coisa.
Mesmo o lugar-comum destas palavras.

Vida é risco.
E assim é melhor.
Por isso rabisco lugares-comuns no papel
e vou do nada ao risco.

Também assumo a importância
de retornar do risco ao nada.
Pra tomar fôlego.
Pra seguir com o espetáculo.
Dia após noite, noite após dia.

É preciso amar alguma coisa.

Que não lhes falte amor. Ou vontade. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: ANTONY & THE JOHNSONS - Her Eyes Are Underneath the Ground.

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