Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
domingo, 30 de dezembro de 2007
2007 foi... - Parte 3: Cinema
Parte 3
Cinema
2007 foi... rico. Foi o primeiro ano em que vi uma boa quantidade de filmes na Mostra Internacional de São Paulo e tive um panorama muito interessante do que se tem produzido em várias partes do mundo. Espero poder fazer isto nos anos seguintes.
Também conheci um pouco mais da obra de nomes lendários como Buñuel, Fassbinder, Herzog e outros mais. Em 2008 haverá um maior aprofundamento meu na história do cinema.
Foi também o ano de uma "invasão francesa" às salas de cinema brasileiras. Filmes como o badalado Paris Te Amo, Piaf - Um Hino ao Amor, Medos Privados em Lugares Públicos, entre outros tiveram seu espaço garantido. E, vergonha minha... tanto se fala de Piaf e ainda não o vi. O mesmo não se pode dizer do cinema italiano. Pergunto-me, então, se o cinema daquele país ainda é relevante.
Os filmes que vou destacar aqui são, na verdade, produções recentes que estiveram em cartaz durante o ano nas boas salas de cinema ou, ao menos, estiveram disponíveis na rede e não são, todos, necessariamente de 2007. São estes:
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
Cristian Mungiu - Romênia - 2007
Parte de um projeto que propõe revisitar o período comunista na Romênia, este filme, tão ótimo quanto claustrofóbico, mostra os apuros de duas amigas em função de um aborto. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e aplausos em muitas das salas onde foi exibido mundo afora.
O Cheiro do Ralo
Heitor Dahlia - Brasil - 2007
Lourenço é dono de uma loja que compra objetos usados e não vê nas pessoas outra coisa, a não ser a oportunidade de humilhá-las ao máximo. Mas seu mundo começa a ruir quando se apaixona por uma bunda. É o segundo filme nascido da parceria do diretor com o autor de HQs Lourenço Mutarelli. Atuação irretocável de Selton Mello, o melhor ator brasileiro de sua geração.
Crimes de Autor
Claude Lelouch - França - 2007
Intrincada e interessante trama que envolve uma "escritora" de sucesso, seu ghost writer, uma mulher emocionalmente frustrada e suspeitas de assassinatos. O diretor, um dos cultuados nomes da Nouvelle Vague, caprichou e Fanny Ardant está deslumbrante nesta película repleta de suspense.
O Inferno
Danis Tanovic - França/Itália/Bélgica/Japão - 2005
Três irmãs, um trauma de infância em comum e as diferentes conseqüências que este acarreta nas vidas delas. O não saber lidar com o passado é o verdadeiro inferno deste filme que, na verdade, é parte de uma trilogia sobre a Divina Comédia, de Dante Alighieri, idealizada por Krzysztof Kieslowski.
Longe Dela
Sarah Polley - Canadá - 2007
A estréia na direção da atriz-fetiche dos filmes de Isabel Coixet (Minha Vida Sem Mim e A Vida Secreta das Palavras) é um sensível drama sobre mal de Alzheimer, em que um casal deve se separar em função da doença que tem a protagonista, vivida por Julie Christie. No asilo em que se interna (sim, ela é quem decide se internar), acaba conhecendo um paciente com quem acaba tendo muitos cuidados e o marido já não sabe se é importante na vida dela. Ainda assim, será capaz de grandes sacrifícios.
Meu Melhor Amigo
Patrice Leconte - França - 2006
O veterano diretor acerta a mão nesta leve comédia sobre amizade, em que o antipático antiquário interpretado por Daniel Auteuil (brilhantemente, pra variar) precisa apresentar seu melhor amigo em 10 dias para ganhar uma aposta.
Sonhando Acordado
Michel Gondry - França/Itália - 2006
Stéphane conhece Stephanie e se apaixona. Belo pretexto para os delírios visuais de Gondry, responsável por alguns dos melhores clipes de Björk e outros grandes do cenário pop alternativo, além de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Gael García Bernal, o queridinho latino do momento, e a feia charmosa Charlotte Gainsbourg ajudam a garantir a diversão.
A Vida dos Outros
Florian Henckel von Donnersmarck - Alemanha - 2006
Mais uma vez, uma produção que aborda o período comunista e os abusos relacionados. Desta vez, o palco é a Alemanha Oriental e o mote é espionagem. Um casal de artistas - ele, autor de teatro leal ao regime; ela, atriz que desperta o interesse carnal do ministro da cultura - é espionado em função do tal interesse. O espião designado para a tarefa se vê contagiado pelo estilo de vida do casal e passa a protegê-los. Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e - diga-se de passagem -, prêmio mais que merecido, a despeito de ser tratar de trabalho de um diretor estreante.
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É isso, amigos! Nos próximos dias voltarei com algo mais. Das próximas vezes, será sobre música - os shows e os trabalhos que foram lançados no decorrer do ano que termina amanhã. Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: LOS PORONGAS - O Escudo > MOMBOJÓ - Pára-Quedas > JUAN STEWART - Angel > YO LA TENGO - My Little Corner of the World > CARIBOU - Irene.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
2007 foi... - Parte 2: Teatro
Mãezinha (nós que nascemos pra o confronto), poderia ser o fim, né? Mas com todas as angústias e alegrias, eu não escolheria outra vida, se estivesse ali. Se estivesse ali.
Falei muito de música já, mas a palavra de hoje é outra. Então vamos lá, que hoje vou dizer a tal:
Teatro.
Quando se é outro e ainda assim, no palco, um se revela.
Parte 2
Teatro
2007 foi... farto! Vi peças boas, medianas, outras péssimas. Um tanto de Satyros, mas não sei, aquilo pode ter entrado em voga, mas me soa tão igual, sempre o choque pelo choque. Estou ficando velho.
Meu gosto de mais novo velho, talvez, acabou por eleger outro trabalho. Foi fácil - vi a peça deles em três momentos, em espaços diferentes. E sempre é fácil e suspeito eleger trabalhos de amigos. Mas é de verdade, por merecimento. É isso:
Os Náufragos da Rua Constança
Cia. Antropofágica Abaporu
Agora eles têm uma casa, um lugar para uma noite de delírios nascidos de filmes de Buñuel, na rua Turiaçu, 481, Perdizes. Quem quiser e puder, vá. Mas agora só depois do Carnaval, que eles merecem folga. Quem quiser e não puder, visite o site. Quem não quiser, de qualquer forma... perde!
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É isso, amigos! Volto em breve pra mais, claro, com Memphis Blues, Sgt. Peppers, los buenos borrachos ou o que for! Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: CAETANO VELOSO - London London > BOB DYLAN - Stuck Inside the Mobile with the Memphis Blues Again > From a Buick 6 > JOAQUÍN SABINA & FITO PÁEZ - Enemigos Íntimos > AMELIA - Corriendo en Espiral.
sábado, 22 de dezembro de 2007
2007 foi... - Introdução e Parte 1: Literatura
2007 terminando logo. Não foi o ano mais feliz da minha vida, tampouco o mais infeliz. Houve muita coisa boa também. É o que pretendo dividir com vocês nesta retrospectiva que inicio aqui.
Introdução
2007 Foi...
Uma frustração: a viagem que eu faria, não farei mais.
Um ano com menos viagens, em relação ao ano anterior.
Deixarei de ver amigos importantes.
Verei outros.
Àqueles a quem devo visitas, prometo: irei fazê-las o mais breve possível.
Saí do meu emprego.
O que não foi de todo ruim, mas me limita em algumas que$tõe$.
Em compensação, freelas interessantes: no início do ano trabalhei com clientes díspares como uma igreja evangélica e uma revista pornô.
Foi por pouco tempo. Não deu pra fazer confusão.
O ano em que tentei parar de fumar, sem sucesso.
E estes são os dias em que volto a pensar no assunto.
O ano em que bebi demais.
E estes são os dias em que penso que é hora de maneirar. Consigo? Justamente nestes dias? Talvez... eu sou um pouco do contra.
Não editei o novo livro, mas um passo foi dado: o registro.
Passei tempo demais ponderando os porquês.
Ganhei pequenas responsabilidades.
E acho até que vou indo bem como moderador da maior comunidade sobre cinema europeu no Orkut.
Mas não sei se chega a ser algo de que eu possa me orgulhar.
Meu time não foi campeão de nada.
E ainda fez feio na reta final do campeonato.
Fiz amigos.
E esta foi a melhor coisa.
Parte 1
Literatura
2007 foi... renovador.
Mas antes de citar qualquer autor, quero dizer que não li muita coisa no formato livro. Algumas revistas, sim; coisas de internet... enfim, não é novidade: o formato tradicional dá espaço a novas mídias, cada vez mais.
Wislawa Szymborska no escritório da revista Zycie Literackie (Vida Literária), em janeiro de 1961.
Fotografia do 11 de Setembro
Pularam dos andares em chamas -
um, dois, alguns outros,
acima, abaixo.
A fotografia os manteve em vida,
e agora os preserva
acima da terra rumo à terra.
Ainda estão completos,
cada um com o seu próprio rosto
e sangue bem guardado.
Há tempo suficiente
para cabelos voarem,
para chaves e moedas
caírem dos bolsos.
Permanecem nos domínio do ar,
na esfera de lugares
que acabam de se abrir.
Só posso fazer duas coisas por eles -
descrever este vôo
e não acrescentar o último verso.
Quando eu falo a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando eu falo a palavra Silêncio,
eu o destruo.
Quando eu falo a palavra Nada,
crio algo que nenhum não-ser comporta.
Bem Cedo
Ainda durmo,
mas enquanto isso as coisas acontecem.
A janela embranquece,
a escuridão se acinzenta,
o quarto emerge de um espaço indefinido,
listas pálidas e instáveis buscam apoio.
Na fila, sem pressa,
pois isso é uma cerimônia,
amanhecem as superfícies do teto e das paredes,
as formas se destacam
umas das outras,
as da esquerda das da direita.
As distâncias entre os objetos vibram,
as primeiras luzes cintilam
no copo, na maçaneta.
As coisas deixam de ser impressões, já existem,
como o que ontem foi deslocado,
o que caiu no chão
e o que está contido nas molduras.
Apenas os detalhes continuam invisíveis.
Mas atenção, atenção, atenção
tudo indica que as cores estão retornando
e mesmo a mínima coisa recebe de volta sua matiz,
acompanhada de uma ponta de sombra.
Raramente isso me surpreende, mas deveria.
Normalmente eu acordo, testemunha atrasada,
o milagre finalizado,
o dia definido
e a aurora magistralmente transformada em manhã.
__________
Bom, pessoal, nos próximos dias deverei retornar com outros destaques. Espero que tenham desfrutado da poesia da Szymborska. Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: AIMEE MANN - Clean Up for Christmas > AU REVOIR SIMONE - And Sleep al Mar > CAETANO VELOSO - Vampiro > COIFFEUR - Como Decirlo... Yo También > BADLY DRAWN BOY - You Were Right.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
"O livro" e outros textos, meus e não-meus
O Livro
É nisto que o homem pensa, deitado em sua cama, virando as páginas do livro que não lê: a dinâmica dos dias, tudo sempre tão perto, tão longe.
Tudo tão rápido.
Aproximação e afastamento. O desejo daquela mão acariciando os cabelos, mas que não há mais no próximo momento. Ou há. Ou não se admite isto. O que acontece com estas pessoas?
Assim, há de passar desejo após desejo, cada vez menos intensos, cada vez menos belos. Porque há algo de belo em pessoas apaixonadas, assim como há algo de belo em pessoas tristes.
Tenebroso, este mundo. Cinza demais para quaisquer olhos. Só a metrópole, assassinando sonhos. Só a metrópole.
Mas já que falei em insônia lááááá no comecinho do post, encontrei pela manhã essa breve lucubração do Sr. Ramón Alcântara:
Insônia Existencial
não dormi
e não acordei
de olhos abertos
meu pesadelo só eu sei
Então senti-me inclinado a respondê-lo e aconteceu isto:
acordar de um pesadelo a cada manhã
acordar para um pesadelo a cada...
acordar num pesadelo e ainda
ter poesia
quem me dera simplesmente bastasse!
Querem saber? Vou fazer meu dia ser bom. Façam o mesmo! Beijos e abraços, amigos!
NA MINHA VITROLA: RADIOHEAD - Reckoner.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Faces de uma Argentina musical
Coiffeur e Modular trazem folk e indiepop vintage a São Paulo
Música independente argentina tem destaque em mostra promovida pelo Sesc Vila Mariana
Recentemente incluídos na coletâneia Porque Este Océano Es el Tuyo, Es el Mío (Si No Puedo Bailar, No Es Mi Revolución/Midsummer Madness, 2007), Coiffeur e Modular estarão no ciclo Além Tango, promovido pelo Sesc Vila Mariana entre 11 e 14 de dezembro de 2007.
Guillermo Alonso, o Coiffeur, mostrará o folk-punk de No Es (Estamos Felices, 2006), um dos melhores discos da nova geração da canción argentina, segundo a Rolling Stone local. Heranças de personagens como os irmãos Parra e Caetano acomodam-se, num castelhano marcado, ao lado da escola folk contemporânea de Elliott Smith e José González. Em São Paulo, estará acompanhado de Juan Stewart e Mariano Esain.
Mariana Badaracco e Pablo Dahy formaram o Modular em meados de 2000, no boêmio bairro de San Telmo, em Buenos Aires. A dupla, que tem três álbuns lançados, La Fecundidad del Cosmos (2003), Viaje por el Planeta del Pasto (2004) e El Triángulo de las Bermudas (2005), retoma elementos da chanson française, da bossa nova e da eletrônica vintage em temas para fãs de Stereolab, Club 8 e Mutantes.
Discos de novos artistas latino-americanos estarão à venda nos dias das apresentações.
Serviço
Coiffeur
myspace.com/noescoiffeur
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=77621&mode=0
http://www.coiffeurclub.com.ar
13 de dezembro de 2007, às 20h30
Auditório do Sesc Vila Mariana (R. Pelotas, 141)
R$ 12, R$ 6 e R$ 3.
Modular
myspace.com/modulantes
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=77625&mode=0
http://www.modular.com.ar
14 de dezembro de 2007, às 20h30
Auditório do Sesc Vila Mariana (R. Pelotas, 141)
R$ 12, R$ 6 e R$ 3.
Para quem quer saber o que há de novo na produção musical latina e alternativa, imperdível! Para quem quer saber de música boa, independente de qualquer rótulo, também!
Beijos e abraços, povo!
NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Que Mala Suerte! > MODULAR - Cinemascope.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
República do vazio lírico
República do Vazio Lírico
votam impostos
e as crianças têm de sair às ruas
vendem doces e salgados para poder comer
o pai não trabalha mais
o homem de terno e gravata tão empreendedor, tão orgulho-da-mamãe, não vê
nem mesmo eu (me) vejo, às vezes
há distribuição de presentes no morro
mais uns a distribuir balas em algum lugar
em qualquer lugar
ninguém com alma e
com tempo para sentir a vida e
saber que pode ser diferente
carnaval, novela, futebol...
o transporte lotado, o sol na cabeça...
o sorriso sem dentes no eme-esse-ene
o breve flerte no barzinho
vão sortear a mega-sena
temo que meu amigo ganhe e acabe assassinado
pela esposa
lugares comuns...
lugar comum, minha queixa também
a poesia (contida aqui?) não vai mudar o mundo
e, pelo meu, já fez o que pôde
mas no final, nada sobra
talvez as palavras perdidas em folhas amarelas
ou lugares que ninguém visita
um limiar nos alcança
a barreira do suportável já é bem clara
quem enxerga?
a terra será vermelha mais uma vez
e ninguém poderá chorar
porque o que poderia ter sido feito
não foi
este é o nosso lugar
de belezas descomunais
de todas as cores do arco-íris
esta é a nossa bandeira
a ser hasteada a meio-pau
esta é a nossa república do vazio lírico
Beijos e abraços, povo!
NA MINHA VITROLA: BOB DYLAN - Rainy Day Woman # 12 & 35 > INDOCHINE - D'ici Mon Amour > MOMBOJÓ - Singular > THE BEATLES - Your Mother Should Know > Misery.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
A vida secreta das trilhas sonoras
Vejo e ouço. O que não sabia é eu ouviria aquela canção, Hope There's Someone, de Antony and the Johnsons, embalando a solidão de Sarah Polley, Tim Robbins e dos outros trabalhadores daquela plataforma de petróleo. E é linda, linda para aquele momento do filme, para o meu momento também. Então me vejo nestes últimos dias devorando como nunca devorara antes I'm a Bird Now, de 2005, o CD que contém a musiquinha em questão.
O mais recente registro que ouvi de Antony, que não é Johnson, mas Hegarty, é sua participação no novo da Björk, Volta, em que fazem dueto em duas canções: The Dull Flame of Desire e My Juvenile. Duetos não são novidades para ela. Por exemplo, há a inesquecível cena da linha de trem em Dançando no Escuro, filme de Lars von Trier, embalada pela bela-e-triste I've Seen It All. Thom Yorke, do Radiohead, foi o parceiro de Björk nesta ocasião.
Outro filme do polêmico diretor dinamarquês faz-nos voltar à categoria "filmes sobre pessoas que se acidentam em plataformas de petróleo". Este, mais antigo, de 96. É Ondas do Destino, marcado por belas canções dos anos 60/70, boa parte delas marcando cada "capítulo" do drama protagonizado por Emily Watson. Só do Elton John, há Love Lies Bleeding, Your Song e Goodbye Yellow Brick Road; há também Deep Purple, com Child in time; Jethro Tull, com Cross-Eyed Mary; Procol Harum, com A Whiter Shade of Pale; Leonard Cohen, com Suzanne... como se o filme por si só já não fosse bom o suficiente!
Também o filme "sobre morrer" de Denys Arcand, As Invasões Bárbaras, tem na trilha sonora um quê de vintage, e ali há L'Amitie, de Françoise Hardy, embalando a "morte do mundo" que é refletida num episódio sobre a decadência e conseqüente morte de um homem de meia-idade, personagem de um filme anterior do mesmo diretor, O Declínio do Império Americano.
Já em Vanilla Sky, de Cameron Crowe (refilmagem do espanhol Abre los Ojos), outro filme em que a morte tem grande relevância, somos premiados com Svefn-G-Englar, dos islandeses compatriotas de Björk, do Sigur Rós. Toda uma vida e todas as ilusões desta mesma vida rememoradas no momento do grande "atirar-se no vazio".
Se a mim parece que Penélope Cruz está horrenda no papel de interesse amoroso de Tom Cruise em Vanilla Sky (ela não me convence atuando em inglês...), em Volver, do laureado Pedro Almodóvar, está maravilhosa. Nesta celebração à vida e às mulheres fortes, Penélope está tão perfeita que aos incautos é capaz de passar despercebido que não é ela quem canta aquela pérola do cancioneiro latino, Volver (a música), mas sim a espanhola Estrella Morente.
Por sinal, Pedro e seu irmão Agustín, co-produziram A Vida Secreta das Palavras, assim como outro filme de Coixet, Minha Vida sem Mim. Volvimos al principio de todo. Hora de fechar. Temo ter embaralhado um tanto as suas cabeças, amigos. Mas também espero que tenham gostado deste embaralhamento de clipes, trailers e todas essas elações entre músicas e filmes. As possibilidades são infinitas e ainda me vieram outras músicas, outros filmes à cabeça. Por ora, o que temos aqui é o suficiente. E, claro, logo estarei pronto pra mais, seja o que for este mais.
Beijos e abraços!