sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

República do vazio lírico

É, pessoal... independente de qualquer governo, não consigo ver o país de um jeito melhor. Infelizmente, não consigo.


República do Vazio Lírico

votam impostos

e as crianças têm de sair às ruas
vendem doces e salgados para poder comer
o pai não trabalha mais

o homem de terno e gravata tão empreendedor, tão orgulho-da-mamãe, não vê
nem mesmo eu (me) vejo, às vezes

há distribuição de presentes no morro
mais uns a distribuir balas em algum lugar

em qualquer lugar

ninguém com alma e
com tempo
para sentir a vida e
saber que pode ser diferente


carnaval, novela, futebol...
o transporte lotado, o sol na cabeça...
o sorriso sem dentes no eme-esse-ene
o breve flerte no barzinho
vão sortear a mega-sena
temo que meu amigo ganhe e acabe assassinado
pela esposa


lugares comuns...

lugar comum, minha queixa também
a poesia (contida aqui?) não vai mudar o mundo

e, pelo meu, já fez o que pôde
mas no final, nada sobra

talvez as palavras perdidas em folhas amarelas
ou lugares que ninguém visita

um limiar nos alcança
a barreira do suportável já é bem clara


quem enxerga?

a terra será vermelha mais uma vez
e ninguém poderá chorar
porque o que poderia ter sido feito
não foi

este é o nosso lugar
de belezas descomunais

de todas as cores do arco-íris

esta é a nossa bandeira
a ser hasteada a meio-pau

esta é a nossa república do vazio lírico


Beijos e abraços, povo!

NA MINHA VITROLA: BOB DYLAN - Rainy Day Woman # 12 & 35 > INDOCHINE - D'ici Mon Amour > MOMBOJÓ - Singular > THE BEATLES - Your Mother Should Know > Misery.

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