Como alguns de vocês já sabem, eu sou um amante irrecuperável do carnaval, tanto que fico em casa assistindo meus filmes, ouvindo minhas músicas, ano após ano. É realmente a prova absoluta de que a tendência a ser um bicho do mato é acentuada.
Hoje, vou falar de um desses filmes que ando assistindo.
Mephisto
István Szabó - Alemanha - 1981
Hendrik Höfgen é um ator. Ambicioso. Ele vive numa Alemanha em que o nazismo está prestes a se tornar uma realidade. Ele também é um autor e suas peças tem a influência bolchevique, suas idéias são revolucionárias e anti-burguesas.
Quando o novo regime tem seu lugar, Höfgen já deixou Hamburgo e se tornou um ator de destaque em Berlim. Sua atuação mais marcante é a de Mephistopheles, no Fausto de Goethe. Höfgen hesita um pouco por causa de seus amigos de tempos da causa revolucionária, da amante alemã, porém negra. Chega a deixar a Alemanha, mas retorna ao ter garantias de que não sofrerá incômodos de qualquer espécie. Na realidade, foi fácil para ele se acomodar à nova ideologia, afinal, ele é um ator. Ambicioso.
Quer ser o maior de todos. E consegue, não mais se importando com a obediência com a qual decide se dedicar ao regime. É o queridinho do primeiro-ministro, que o chama de Mephisto, o que é muito apropriado.
Höfgen lida com ilusões. É um ator de destaque, ilusão é sua matéria-prima, assim como é para Mephistopheles. O primeiro-ministro, homem culto e entendedor de teatro, sabe disso e enxerga Höfgen muito bem. Num único momento de fúria, quando Höfgen tenta interceder pela segunda vez por seu amigo Otto Ulrichs, o primeiro-ministro o expulsa aos gritos de seu gabinete, referindo a ele apenas como "ator". Dá na mesma. O ator Höfgen e Mephisto se mesclam, na visão do poderoso homem.
E, assim, Höfgen usa o sistema vigente para ter bem-estar e ser querido, aclamado pelas pessoas, assim como o regime o utiliza como símbolo do "orgulho nacional". Höfgen tem a glória desejada, mas está cego pelas luzes de algo que está acima de suas forças.
Mas afinal, o que mais ele pode oferecer, se é apenas um ator?
Essa é a grande questão que Höfgen faz a si mesmo, antes que apareçam os créditos finais. Mephisto é um grande filme, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1981, com atuação destacada de Klaus Maria Brandauer (Hendrick Höfgen).
Não creio que seja o tipo de filme que se encontra em qualquer locadora, mas comprei o DVD por um preço risível numa loja de uma grande rede de supermercados. Então, a quem interessar, não deve ser muito difícil adquiri-lo. Muitos sites o têm disponível para venda, também.
Abaixo, um clipezinho do filme:
Mephisto (1981)
Em breve, voltarei com mais a dizer. Beijos e abraços, pessoal!
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