Olá, pessoal. Volto à poesia, porque a ela sempre se há de voltar. Lamentável que a maioria não o perceba, mas isto é outra história. Vamos lá:
a angústia que há em cada canto
da terra não pode ser traduzida
em palavras.
seria pobre o suficiente.
há um mundo em cores lá fora
que não é para todos.
nem será.
quem tem garante o seu, sem olhar ao lado
ou para trás.
conquista-se ou não. com sangue
ou sem.
há um mundo. cheio de feridas.
há os que
machucam e os que cutucam
a própria carne já há tanto
exposta.
eu, que já fui ferido, no entanto,
não sou mais.
forço a visão e busco enxergar
ao longe.
há um pântano infindável.
enxergo e, às vezes, é tão simples...
finjo que não.
mas não darei
a tudo isto toda a importância.
tenho mais sorte
porque o pântano, apesar de infindável,
não é só o que há.
enxergo mais longe,
recrio o mundo
ou
tenho um novo
na imaginação. e as mãos o farão sólido.
uma viagem em curso.
espaço para bagagem, já há
muito. e cabe mais.
um tanto de alegria, mas que não seja tanta
que entorpeça.
outro tanto de angústia,
mas que não exceda
que paralize.
mais um tanto de tons intermediários
e a crença de que o caminho
seguirá sendo traçado.
há tanto de deleite em cada vida
que não pode ser traduzido -
só a Poesia pode.
* O último verso do Canto XXXIV do Inferno, em A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Beijos e abraços, pessoal!
NA MINHA VITROLA: HABIB KOITE & BAMADA - Sambara.
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
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