quarta-feira, 30 de julho de 2008

Paulista com Augusta, 18h35/Boletim do DDF # 0005

Às vezes eu volto a um certo lugar. Um desses onde sem explicação, no meio do caos, paro, encosto-me em algum canto, arranjo-me de alguma fora e começo a escrever. Os pensamentos vêm imediatamente antes. Deve ser alguma coisa como um "ponto de energia". Já é a terceira vez, com intervalos de anos entre um momento e outro. Pois bem, que sejam bem-vindas as palavras. E vocês também, sempre!

Paulista com Augusta, 18h35

Cá estou, na avenida repleta, mais uma vez. Horário de pico, gente pra lá e pra cá. Entrando e saindo das estações, preenchendo os coletivos, andando pelas ruas com algum rumo. Gente demais para o meu gosto. No entanto, gosto.

Penso então em minha relação com gente. Isto é depois dos filmes. Isto é antes de parar. Pois paro. Tenho tempo, caneta e um espaço bem limitado numa folha onde imprimi uma poesia que ainda quero trabalhar um pouco antes de postar no blog. Esqueci a agenda em casa, mas este espaço na folha será o suficiente, espero.
Tenho vivido um bocado de situações relacionadas a gente, obviamente, todo esse tempo de vida. Tenho visto a arrogância de uns; de outros, a ignorância. Claro, às vezes ambas se mesclam num só pacote de algo que se chama ser humano. E, também, entre toda essa gente que vi e conheci, há um número bem limitado, mas até além da média, tem me oferecido compreensão e/ou amizade.

Acredito que tenho boa sorte. Ou sou realmente muito ingênuo. Não, tenho boa sorte, de verdade.


E medo, também. Porque se há
boa sorte e eu a reconheço, obviamente conheço as más sortes. Então há essa sensação tão natural que serve para autopreservação, que sempre surge quando tenho tanto a oferecer. É que, ao mesmo tempo, há uma ferida. Esta ferida sempre aberta, que insiste em não fechar porque sempre há alguém mexendo ali. Às vezes, sou eu mesmo. Muitas vezes, aliás. Tenho que ser honesto comigo e com os raros mas queridos leitores.

Por isso, relaciono-me pouco e com poucos - às vezes muito com esses poucos, mas no geral, relaciono-me pouco, se levo em conta toda a gente que conheci, incluindo esses que não conheço e que passam avenida adentro e afora. Quando deles são assim, a arrogância autopreservadora? Sou também esse tipo e não vejo meu reflexo no espelho? Não sei o quanto... a ignorância é uma benção? Sei o que sou e o que quero. Mas quero mais que isso.
Naturalmente, quero ser querido e amado, como qualquer outra pessoa quer. Até certo ponto, até certo ponto. Há pessoas que não suportaria que me amassem. Não posso adivinhar quem entre os transeuntes, mas certamente muitos deles não são gente que interessa. Arrogante e ignorante, eu, então! Sim? Tirar a prova? Não, às vezes é melhor não arriscar. E fico nessa. E fico aqui, porque temo embaralhar os pensamentos de vocês, queridos e raros, com estas confissões talvez confusas demais.

Que este exemplar de Todos os Fogos o Fogo que agora uso como base para escrever me revele a verdade. Este e todos os outros livros, músicas, filmes... e gente.
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Hoje tem texto novo meu no Depois Daquele Filme: 100 Anos da Imigração Japonesa - Filmes Essenciais do Cinema Japonês. Não deixem de acompanhar, pois nesta semana o DDF está demais: A Vida dos Outros, Tsai Ming-Liang e tudo o que está por vir.



Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: QUEEN - Fat Bottomed Girls.

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