Um conto infernal, amigos... um conto infernal! Mas tanto que nem faz parte da recente série de contos. Confiram!
Consumido
Insano. Era assim que tinha de ser naquele dia.
Não à frustração de um emprego que não era. Não ao fato do combinado com os amigos não ter sido. A imagem de Pedro era cruciante a qualquer um que o visse.
Desesperado, vagava pela noite, abrindo as portas dos quartos de hotéis e expondo as intimidades dos amantes. Vagava pela noite, revelando inutilmente a hipocrisia das largas avenidas, escuras e vazias. E inutilmente, porque jamais...
Nunca o espaço exato onde despejar o corpo incansado, impensável.
Então, passa a noite. Volta ao bairro. Pode mais, pede mais. Um último fôlego, Pedro. Um último fôlego...
Não vê quem o vê. Aqueles que se alimentarão da sua loucura. Expectativas são criadas, planos arquitetados. As pedras rolarão todo o tempo. Não se importa, o Pedro, porque não desconfia. A única coisa possível a partir disso é a implosão.
Hoje a gente ganha em cima do otário.
Bar após outro, insano ao cansaço, ao inferno. Foram as garrafas, o bilhar, as palavras, o delírio. Tudo falseava sob o signo da mentira construída. Ou a única verdade era a fraude. Quando veio o golpe que separou sua cabeça do resto do corpo, nem percebeu. E continuou rindo, como o palhaço, e chorando de rir, sem perceber que a tragédia era o que lhe sobrara. O tempo consumido até que...
Deu-se conta! Tarde demais. Os amigos não existiam. Os inimigos tripudiavam. Os desconhecidos apontavam o dedo repugnando o espetáculo, que era ele. Sim... ele, o pesadelo consumido até a última possibilidade.
Fez a última das coisas que poderiam ser feitas: juntou o que sobrara do seu nada e foi à casa dormir. Até o próximo grito.
Abraços e beijos, pessoal! Até a próxima, quando um nome tradicional de nossa literatura e teatro terá espaço graças a uma situação que envolve o sobrenome deste que vos fala. :-)
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
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