A poesia possível, a melhor possível. A única possível.
Das Vaidades Vadias
o poeta está cansado
da política
da boa vizinhança
do bom-mocismo
de dizer amém
do façamos amor
do não à guerra
do tudo-em-paz
queimem os terços
desfaçam o sorriso falso
e cansado
da foto que não lhes traduz
assumam a angústia
o patético
da crise de meia-idade
dos seus 18, 30, 50 ânus
carreguem como bandeira
a solidão das convicções
abandonadas
em troca de aceitação
tudo cheira mal
perfume francês
avenidas bem-cuidadas
para o inglês ver
tragam os miseráveis
os assassinos às ruas
os viciados e as damas
mais sacanas e risonhas
vamos criar um hino
da doença entre as coxas
do fétido ar de bosta
das vaidades vadias
vamos, otimistas
vomitar aos pés
das árvores centenárias
e morrer cantando
uma canção de desconsolo
de pouco caso
de desumanidade
de medo do medo do medo do medo...
Muda o calendário. Só. Porque tudo segue igual, todos seguem iguais, como gado para o matadouro. Pensamento uniforme.
Quem pensa diferente é maçã estragada! Quem leu o Gênesis imagina.
Ou não é um dos 144 mil escolhidos. Ao caldeirão fervente! Quem leu o Apocalipse sabe!
Estes estão fadados ao escárnio, ao rótulo de loucura. Sinto que sou um destes. Não vai mudar. Não espero medalhas, mas sei das risadas de cinismo que finjo não perceber. É um desabafo. No entanto, não troco o que sou por outra "coisa".
Beijos e abraços, a quem é de beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: RADIOHEAD - Last Flowers to the Hospital > LOU REED - Caroline Says II > ELLIOTT SMITH - Trouble.
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
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