domingo, 29 de junho de 2008

Boletim do DDF # 0003

Nesta semana, estou em Depois Daquele Filme com os seguintes textos:

Tradução de texto sobre Walerian Borowczyk. Fonte: UbuWeb.


Texto sobre Na Natureza Selvagem, de Sean Penn.
Mais
Vinícius, de Miguel Faria Jr. - por Di Carlo.
Grands Soirs et Petit Matins, de Willian Klein - por Roberto Vagner.
Rambo IV, de Sylvester Stallone - por Roberto Vagner.

NA MINHA VITROLA: RUBEN RADA & FITO PÁEZ - El Mundo Entero.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A morte do artista

Esse sono que não vem...

Artista em Seu Estúdio, 1628, de Rembrandt.
A Morte do Artista

todo artista tem de morrer.
sem dó.

de van gogh a clarice. de elis a truffaut.

tem de ser cuspido na cara.
o crânio partido.
e um carinho pra aliviar a dor.

pra prosseguir.

um artista tem de sentir. ir ao fundo do poço.
ao inferno. ao céu.

ao léu caminhar com as próprias pernas.
sem muletas. sem beatriz nem beatas com seus chazinhos e bolachas.

todo artista tem de crer no absurdo.
e o absurdo é sua arte de criador.

escrever em sangue.
sem dourar a pílula. sem estragar a tela.

todo artista tem o direito e o dever
de viver num lugar feio.
tem de ter o receio da dona da pensão que cobra os atrasos.

tem de ser russo. mineiro. norueguês. malaio. da terra, qualquer terra
sem estar em algum lugar

um artista tem de pirar.
não bater ponto,
atracar em cada porto uma única vez
e se fazer notar onde passar.

tem de saber da guerra.
e explodir como bomba. a lembrança atômica.

pode ficar atônito quando uma criança chora,
mas não afônico para denunciar sua tragédia e a dos seus.

uma flor morre.
um artista deve morrer para seu público vez por outra.
às vezes com volta. e alguma revolta.

sem exceção.

que seja pisoteado o que for apadrinhado,
o que tiver as bençãos do estado.

fugir de onde o povo está, para depois voltar.

tem de viver com o coração na mão.
procurar a agulha no palheiro.
dormir na cama de pregos.

morrer, sempre. um pouco a cada dia
para sentir-se vivo.

Este sono que me assalta... beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: QUEEN - Innuendo.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Entre tantos, o sonho

Apelo à poesia que aponte a mim, mais que uma saída, uma entrada para o mundo real. Digo melhor: o mundo que desejo tornar real, ainda que no íntimo. Para tanto, evoco a imagem para ajudar. Eis o que temos hoje:

O Amanhecer, 1995. De Qiu Shi-Hua (China).
Agora, que tenha lugar a palavra:

Entre Tantos, o Sonho

sou um entre tantos.
entre tantos, sonho.

de viagens.
de amores.
de outros tempos.
de todos.
de você. dele. dela.
entretanto, sempre escapo.
faço-me nuvem em esquecimento.
sou o que buscam.
o que rejeitam.
o que temem.
sou o que se esconde no fundo das mentes.
o que se revela no meio das febres.
em mim estão as histórias jamais contadas.
em mim, translúcida quimera.
simples e complexo
porque não chegam ao entendimento.
sou o que sou
e isto é tudo.
todos os entretantos
passantes pelas ruas,
nas camas de casal ou de solteiro.
nos berços dos recém-nascidos.
nos trens, nos aviões.
em toda a terra, no mar inteiro.
entretanto, não me tocam.
sou o que sou
entre todos, entretidos, não me veem.
sou sonho.
o seu.
o de ninguém.

Satisfeito com o sentido ou a falta do mesmo, parto. Mas volto.

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Haga Dudar.

sábado, 14 de junho de 2008

Boletim do DDF # 0002

Hoje, no Depois Daquele Filme:
Dolls, de Takeshi Kitano (2002).

É minha estreia no blog. Fiquem à vontade!

Também em cartaz
1. A Chinesa (acerca do filme de Jean-Luc Godard e do Maio de 68); 2. O narrador no cinema (uma questão semiótica. Foto: Andrei Rublev, de Andrei Tarkovski); 3. Limite (acerca do filme de Mario Peixoto. Por Glauber Rocha, em 1978); 4. Fôlego (Kim Ki-Duk) e 5. Um Beijo Roubado (Wong Kar-Wai).


































NA MINHA VITROLA:
SIGUR RÓS -
Festival.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Acerca do que não se define

Ah, por mais óbvio que possa parecer, não queria deixar passar a data em branco, não. Tá aí, leiam e opinem, pessoal:
O Casal, 2000. Arte de Milford Zornes (EUA).

Acerca do que Não se Define

muito difícil escrever sobre amor. fácil demais escrever sobre amor.

hoje.

quando há tantas dúvidas que você pergunta se vale a pena. quando as feridas insistem em não fechar. quando você se vê no espelho da alma e só encontra lama.

quando você não está certo se realmente ama ou se a quer como troféu para exibir aos amigos.

quem você mais ama? a si mesmo ou ao outro?
você sobreviveria se ela lhe dissesse que está partindo pra um lugar muito, muito distante e não pudesse acompanhar? ficaria feliz e se preparava para passar eras inteiras ao telefone?
maldiria tudo e tomaria de volta as chaves da casa e do que você julgava ser algo lindo e pacífico?

um fica doente por amor. outro, por desamor.

mas é possível colocar a razão acima da tal coisa?
é possível mapear o amor? entendê-lo? defini-lo?
ah, isso é coisa de quem não ama, de quem não sabe amar, de quem não sabe como saber amar.

entrega. entrega as chaves de novo.

faz de conta que isto é vida.
e não é?
será?

às vezes, amor é de longe.
hoje, luiz fernando e rute estão cada um num canto. sabe como é? emprego novo, não pode dar bobeira, então ele vai lá, longe. haja fortaleza pra estar assim.
ayala e gregório desafiaram tudo. desfizeram farsas e ele mudou-se por ela.
rita vez por outra, deixa sua salvador adotada e busca seu amor em terras peruanas. ela deve estar feliz. assim espero.

há o amor dos calados, daqueles que são capazes de durar uma vida e não serem realizados. ao fogo com eles, porque o medo do ridículo - e o amor é ridículo, vi fanny ardant dizer isto num filme que nem é tão bom - torna a pessoa ridícula.

e sem amor.

quando é preciso amar com alma. mas um só tem lama, ele viu no espelho.

será que ela sonha?
o que será a matéria desses sonhos?
será que ela espera?
será que ela quer?

será que eles amam? quem sabe?

apenas cumpro meu papel de escrevinhador e crio umas linhas desordenadas sobre essa coisa chamada amor.

e que os casais sejam, enquanto podem ser. e que sejam mais, mais que isso: que superem o verbo, a data comercial, que tenham tudo aquilo que não se define e - tentação da sonoridade fácil, barata - que não definhem.

Bom, isto é tudo. Tudo é isto. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: Sigur Rós - Gobbledigook.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Boletim do DDF # 0001

Amigos, quero dizer a vocês que minhas postagens sobre cinema, a partir de agora, ocorrerão no blog Depois Daquele Filme.

É um espaço interessantíssimo onde reflexões sobre a sétima arte terão seu lugar e eu, assim como vários companheiros da comunidade Cinema Europeu do Orkut, estarei por lá, contribuindo com textos sobre o que há de mais atual e sobre os clássicos do cinema.

O pontapé inicial da nova fase do blog ocorreu hoje, com a postagem sobre Fôlego, do coreano Kim Ki-Duk, de autoria do amigo Hudson Nogueira. Amanhã teremos a visão semiótica sobre o narrador no cinema, pelo também amigo Francisco Santiago Jr. Quarta termos a primeira parte de um especial sobre Maio de 68. Minha estreia se dará no sábado, 14, com um texto sobre Dolls, filme de Takeshi Kitano.

Peço a todos que prestigiem este espaço, que está sendo cuidadosamente preparado para receber contribuições honestas ao pensar da arte cinematográfica.

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: MARKETA IRGLOVA - If You Want Me.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O sombrio

Ih, que eu disse mesmo sobre pausa? Tá, que seja este texto a pausa da pausa, no mínimo.
O Sombrio

Você não percebe que é tudo mentira? Que a alimentou como a mãe que dá o peito ao filho durante mais tempo que o necessário? Tudo por causa deste fanatismo, desta ambição de tentar ser algo mais do que parecia destinado a ser. Mas não é suportável, claro!

Porque a cada dia que passa, mais tem que se colocar em seu lugar, humildezinho, com a pança em riste, mas quase caída, esperando o momento de se converter em nada. Nem em lembrança.

É assim com todos, não?

Ah, você tinha prometido... mas tanto faz, porque ninguém muda nada e os caminhos prosseguem os mesmos. Alguém pode se maravilhar por um instante, mas não demora a cair na real.

O que você quer, então? Não há paraíso que possa ser resgatado, não há outra coisa senão a aridez, este Saara que não para de se expandir. Conforme-se! Conforme-se!

Faça como tantos e vá ver o que há na TV. Faça como tantos e na bebida procure esquecer. Não há escapatória. Há? Por que você teima em sonhar, tornar-se alguém?

Os amigos foram embora lavar suas marmitas mal-cheirosas ou pendurar as roupas no varal. Ou estão preocupados com a pós-graduação, a pós-ressaca, o pós-pós-modernismo ou simplesmente os pós. Ou nada. Ninguém veio cumprir o turno. Calma, nem tudo está perdido. Vigilância!

É, vigilância, teimoso!

Não há Wilde, Borges, Orwell que possam consolar. Eles já tinham visto tudo.

É quando o ateu clama pela divindade, num ato reflexo que julgava morto. Trai-se e não tem consequência, porque não importa. Nada muda.

Mas é claro... você não vai parar. Vai seguir em frente, de algum modo. Alimentar a mentira até que ela se torne verdade. E vai fingir, fingir tanto, que vai continuar se convencendo de que nunca houve mentira.

É quase enojante. No entanto, é quase admirável, mesmo... quase me faz querer ser esta imagem. O que posso fazer? Mas é assim... provavelmente eu o verei naquele lugar que conheço tão bem, arrastando-se, tão sozinho como todos.

- Se eu estiver certo, é bom você correr pro seu inferno, Satã...

Ok, hora de voltar à pausa. Será? De qualquer forma, beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: ARCADE FIRE - Black Mirror.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Pausa

Só pra disfarçar a crise criativa:

Tô de saco cheio de postar aqui!

KKKKKKKKKKKK





Falando sério, até que é bom dar uma pausa de vez em quando. Mas não se descuidem amigos, quando num desses próximos dias o sol raiar, eu volto!

Beijos e abraços!

PS: Merda... gol do Corinthians! (Isso porque quando eu tava postando tinha saído o primeiro. Agora, na hora de editar o post, já saiu o segundo...)

NA MINHA VITROLA: ARVO PART - Da Pacem Domine.