Ah, por mais óbvio que possa parecer, não queria deixar passar a data em branco, não. Tá aí, leiam e opinem, pessoal:
Acerca do que Não se Define
muito difícil escrever sobre amor. fácil demais escrever sobre amor.
hoje.
quando há tantas dúvidas que você pergunta se vale a pena. quando as feridas insistem em não fechar. quando você se vê no espelho da alma e só encontra lama.
quando você não está certo se realmente ama ou se a quer como troféu para exibir aos amigos.
quem você mais ama? a si mesmo ou ao outro?
você sobreviveria se ela lhe dissesse que está partindo pra um lugar muito, muito distante e não pudesse acompanhar? ficaria feliz e se preparava para passar eras inteiras ao telefone?
maldiria tudo e tomaria de volta as chaves da casa e do que você julgava ser algo lindo e pacífico?
um fica doente por amor. outro, por desamor.
mas é possível colocar a razão acima da tal coisa?
é possível mapear o amor? entendê-lo? defini-lo?
ah, isso é coisa de quem não ama, de quem não sabe amar, de quem não sabe como saber amar.
entrega. entrega as chaves de novo.
faz de conta que isto é vida.
e não é?
será?
às vezes, amor é de longe.
hoje, luiz fernando e rute estão cada um num canto. sabe como é? emprego novo, não pode dar bobeira, então ele vai lá, longe. haja fortaleza pra estar assim.
ayala e gregório desafiaram tudo. desfizeram farsas e ele mudou-se por ela.
rita vez por outra, deixa sua salvador adotada e busca seu amor em terras peruanas. ela deve estar feliz. assim espero.
há o amor dos calados, daqueles que são capazes de durar uma vida e não serem realizados. ao fogo com eles, porque o medo do ridículo - e o amor é ridículo, vi fanny ardant dizer isto num filme que nem é tão bom - torna a pessoa ridícula.
e sem amor.
quando é preciso amar com alma. mas um só tem lama, ele viu no espelho.
será que ela sonha?
o que será a matéria desses sonhos?
será que ela espera?
será que ela quer?
será que eles amam? quem sabe?
apenas cumpro meu papel de escrevinhador e crio umas linhas desordenadas sobre essa coisa chamada amor.
e que os casais sejam, enquanto podem ser. e que sejam mais, mais que isso: que superem o verbo, a data comercial, que tenham tudo aquilo que não se define e - tentação da sonoridade fácil, barata - que não definhem.
Bom, isto é tudo. Tudo é isto. Beijos e abraços, pessoal!
NA MINHA VITROLA: Sigur Rós - Gobbledigook.
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