quinta-feira, 19 de junho de 2008

Entre tantos, o sonho

Apelo à poesia que aponte a mim, mais que uma saída, uma entrada para o mundo real. Digo melhor: o mundo que desejo tornar real, ainda que no íntimo. Para tanto, evoco a imagem para ajudar. Eis o que temos hoje:

O Amanhecer, 1995. De Qiu Shi-Hua (China).
Agora, que tenha lugar a palavra:

Entre Tantos, o Sonho

sou um entre tantos.
entre tantos, sonho.

de viagens.
de amores.
de outros tempos.
de todos.
de você. dele. dela.
entretanto, sempre escapo.
faço-me nuvem em esquecimento.
sou o que buscam.
o que rejeitam.
o que temem.
sou o que se esconde no fundo das mentes.
o que se revela no meio das febres.
em mim estão as histórias jamais contadas.
em mim, translúcida quimera.
simples e complexo
porque não chegam ao entendimento.
sou o que sou
e isto é tudo.
todos os entretantos
passantes pelas ruas,
nas camas de casal ou de solteiro.
nos berços dos recém-nascidos.
nos trens, nos aviões.
em toda a terra, no mar inteiro.
entretanto, não me tocam.
sou o que sou
entre todos, entretidos, não me veem.
sou sonho.
o seu.
o de ninguém.

Satisfeito com o sentido ou a falta do mesmo, parto. Mas volto.

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Haga Dudar.

Nenhum comentário: