Bom, estou cansado. O sarau me exauriu não em sua realização, mas sim durante a semana, em termos de pequenas coisas a fazer e preocupações quanto ao sucesso do evento. Pois eu lhes digo: foi um fracasso estrondoso e divertido! Claro, divertido para os pouquíssimos que compareceram.
Fracasso porque praticamente não houve público, a não ser a galera do Cafofo e alguns gatos e gatas pingadas (estas, as lesbiquinhas, segundo o Marco... eh eh eh!) que, ao que me parece, nem estavam lá pelo que estava acontecendo.
Fiquei triste com a falta de interesse e compromisso dos Prophanos, com exceção do já citado Marco, do Mafra e da Ale, que estava simplesmente deslumbrante - com todo respeito ao Mafra! Agradeço por terem ainda nas veias a grande vontade de arte.
Mas se houve o que me entristecesse, também fiquei alegre com o empenho e a boa vontade da turma do lugar: Luiz, Caio, Lu, Xica e o menino da segurança, cujo nome esqueci, muito obrigado!
Mas o que faz um poeta prosseguir, ainda que haja tantas pedras no meio do caminho, tanta gente tão campeã em tudo, apontando o dedo e ridicularizando a arte? E há os que a querem, mas são arrebatados para longe do caminho, por mil motivos.
O que me leva a prosseguir é a certeza de que sei do que sou capaz e que serei capaz de mais. Sei também que não é à toa o caminho que escolhi. Pode o mundo desabar, tenho um refúgio, uma realidade, um prazer: a palavra.
Posso já ter sido derrubado, posso ter permitido que acontecesse. Mas nunca levarão isto de mim. Desânimo é apenas uma idéia que hoje passa longe.
Não importa onde, quando, como... tenho a arte. E será um crime contra mim e, talvez, contra o mundo, se não carregar esta que é minha única bandeira.
Reconhecimento? Tenho o meu. Tenho o de vocês, poucos e fiéis. Se houver mais, o tempo é vasto e sou paciente, embora realmente não espere tanto.
Vamos ver o que acontece. Ontem houve poesia. E hoje há, também.
Poesia
tenho mil palavras doces para abrandar
os corações dos leões
e também sei atirar pedras para agredir
gigantes imbatidos.
embora eles não sintam,
eles sentirão.
tenho uma arte
e você não tem.
tenho uma arte
e você, não.
é uma parte da história que ninguém leu,
um pouco de sombra.
é o oásis onde descanso e me refresco,
também areia escaldante.
embora o sol seja tão quente,
eu sinto que...
tenho uma força
e você não tem.
tenho uma força
e você, não.
as ruas estão desertas,
o caminho é perigoso,
dizem que é bom não se distrair.
apesar disso, ainda há uma beleza no parque:
uma primavera e um verão,
enquanto admiram o cinza e o frio
eu vejo e sinto
e carrego na pupila
e na memória
o que tão poucos preservam.
tenho uma chance... e você, não sei.
É sobre como viver a vida, não? É sobre como alguém pode ser "bem-sucedido", ganhar muito dinheiro, adquirir algum conforto, mas não conseguir sentir o simples prazer das coisas. A despeito de tudo isto, será que no final haverá sentido? A poesia é sobre estes, mas não para estes.
Poesia, beijos e abraços em suas vidas, poucos e bons amigos!
NA MINHA VITROLA: BELLE & SEBASTIAN - Seeing Other People > INTERPOL - Heinrich Maneuver > ARCADE FIRE - Intervention > ONE FOR JUDE - Litanie > DAVID BOWIE - Ashes to Ashes.
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
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