sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Excesso/Crucifixos/Meu Lugar

Poesias pesadas para meus amigos viajantes. Que suportem o peso, então... eh eh eh!! Mas saibam que o peso maior é meu mesmo.

Excesso

Quero me acabar em algum excesso
de cinema ou de cerveja.
Meus cigarros não me bastam
na longa madrugada
ou no dia que me cansa.
A voz canta sozinha em silêncio.
Tenho uma rádio em minha mente,
cujas mentiras me são mais agradáveis.
Este mundo em queda me cansa,
cansam-me as pessoas que dizem que entendem quando não.
Todas aquelas de postura superior, quando todos, independente de postura, estão indo para a mesma e única vala.
Por isso, e por todo o desamor, a ganância,
todo este lixo que cultivamos
nos dias da incerteza, mas com deslumbre,
prefiro me acabar em excessos.

Que ao som da música mais bela venham as moscas e os abutres, para que gente sem méritos não arraste meu cadáver por aí.

No final, é isto que me basta!

Crucifixos

Ao longe a bela e lúgubre procissão de crucifixos.
Todos entoam a mesma canção, chorosos.
Eu, à margem disso tudo,
explodo em palavras.

Viver é cruzar a procissão,
chegar ao outro lado da avenida,
mas os belos e lúgubres crucifixos não permitem,
pois querem engrossar seu coro com minha voz.

No entanto, minhas palavras não servem...
e jamais servirão a eles.
Minhas palavras pedem vida e gozo.
A procissão glorifica a morte, a dor.

Não, eu inteiro não sirvo a eles. Tampouco uma parte.
E, no entanto, desejam-me como um leão deseja a presa.


Para encerrar, uma poesia de outra natureza, à qual dei um tratamento visual diferenciado. A ilustração usada é A Noite de Ícaro, de Aida Corina, pintora espanhola contemporânea (http://www.aidacorina.com/). Confiram:


Bom, isto é tudo. Sem mais pesos. Agora só beijos e abraços, pessoal!!

NA MINHA VITROLA: PEARL JAM - Last Exit > Spin the Black Circle > Not for You > Off He Goes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Where did you find it? Interesting read »