quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Breves notícias sobre a corrida sem chegada


Sem muito tempo agora, mas eu gostaria de postar alguma coisa com substância. Não vai ser desta vez. Corro porque há o tempo que passo na agência em que trabalho. Corro por causa do bico que arranjei.

Parece que sexta-feira terei o dia livre. Não é certeza ainda. Se for assim, farei uma maratona pelas salas de cinema da cidade.

Leituras interessantes ultimamente. Para alguém que passou o ano lendo pouco, uma retomada das leituras sempre é interessante.

Estive inconformado com uma situação, não faz muito tempo. Acredito que agora resolvi algumas coisas na minha cabeça. Não se pode mudar algumas coisas. Tenho começado a trabalhar algumas coisas em mim. Quem me vir agora, se voltar a me ver no mesmo período do ano que vem, sentirá a diferença. Assim espero.

Tenho pensado no post de final de ano, claro. Assim que me desincumbir do tal bico, trabalharei nele.

Vocês têm gostado dos clipes que tenho postado aqui? Penso que há coisas bem distintas umas das outras, não?

Em uma dessas últimas postagens, falei sobre a dúvida de minha avó sobre ficar ou partir, não é? Pois bem, agora ela só existe em memória. Não, não se sintam tristes por mim. A morte é algo inevitável. Ela estava sofrendo. A interrupção do sofrimento deveria nos trazer alguma alegria. Há saudade, afinal ainda sou humano, mas a vida deve prosseguir da forma mais alegre possível.

Ela foi a primeira pessoa a quem escrevi cartas, bem lá na tenra infância. Ela me deu luz, eu não sei o que dei a ela.

Bom, isso é parte de algo por hora, amigos. Volto com mais novidades, em breve.

NA MINHA VITROLA: ANDRÉS CALAMARO - El Salmón.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Videar # 9989

Spiritualized - Come Together


Pronto. O terceiro clipe do dia. Outra banda muito boa, o Spiritualized. Da época em que a Inglaterra ainda não tinha um monte de clones do Coldplay (aliás, o Coldplay nem existia, em 1990...)

Beijos e abraços, pessoal!

Videar # 9990

Sonic Youth - Jams Run Free


Sim, uma das minhas bandas favoritas. Mas isto vocês já sabem. :-)

Videar # 9991

La Habitación Roja - El Pase de la Muerte


Boa banda espanhola. Boa música. Bom clipe. Divirtam-se, amigos!

domingo, 17 de dezembro de 2006

Máscara ou verdade

Um breve diálogo. Uma solução que não é original, mas que não seja. Leiam, leiam, amigos:


Máscara ou Verdade

- Acho que é assim mesmo.

- Sim, você está melhorando.

- Foi um baita tempo até eu ficar bem. Não sei como me segurei até agora.

- É normal. Mas eu vi você nessa gangorra por muito tempo mesmo.

- Gangorra?

- Sim, às vezes você ficava bem, mas de repente... vinha toda aquela depressão de novo... e qualquer coisa era motivo. Qualquer sinalzinho. E às vezes você pode interpretar tão mal os sinais...

- Acho que entendo... eu me esforçava pra me sentir bem e deslizava muito fácil até a tristeza.

- Deslizar até a tristeza... eh eh eh! Que poético, meu amigo. Sabia que já passou o tempo da poesia? Mas... quer mesmo saber? Parece que agora você sorri naturalmente. Pelo menos, é o que eu acho. Isso é máscara ou é de verdade?

- Um pouco dos dois. Usando a máscara, chega uma hora em que você acredita que está sorrindo naturalmente. E, depois, realmente está rindo e já não sabe do quê.

- Humm... vejo que está consciente, apesar de tanto álcool na cabeça. Isso é bom. E eu concordo, sei como é. Já vi tanta coisa assim...

- Você fala de um jeito... vai dizer que isso nunca aconteceu com você?

- Ah, não... eu sou um cara durão, sabe como é?

- Fala a verdade, vai...

- É sério. Não há nada na vida que valha o sofrimento.

- Mentira... você é como esses outros aí, ao redor. Diz que não sofre só pra manter a sua máscara. Você acredita mesmo nisso?

- Cara, eu tenho um compromisso agora. Sabe como é... tem uma galera me esperando. A gente conversa depois, ok?

- Tá ceeeeeeeerto! Bom, eu tenho uns lances pra fazer também. Até!

- Até!

E assim se foram, um pra cada lado. E o espelho continuou ali, no mesmo lugar, guardando as expressões das pessoas que por ali passavam. E assim continua...

Amigos, amigos, isso é tudo por ora. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: ELLIOTT SMITH - Alameda.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Videar # 9992

Arab Strap - The Shy Retirer


Taí uma música que tem muito a ver comigo. Gostaria que não fosse assim e estou tentando mudar umas coisas. Eu consigo.

Outra coisa... eh eh eh! Queria ter certeza sobre o idioma em que estão as legendas deste vídeo. Não é catalão. Galego? O quê? Se alguém souber, pode me dizer?

Beijos e abraços, amigos!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Colo (ou manhãs da infância)

Isso quase é uma poesia, isso é quase alguma coisa. Talvez seja poesia. Leiam, amigos:


Colo ou Manhãs da Infância

isso tem o cheiro das manhãs da infância
isso tem o gosto de um fruto bom
trago uma ânsia e então me recordo
acordo no século que já morreu

queria tanto resgatar um pouco
ter o que sei hoje com sabor de ontem
e nem tão mofado estou
são estes hojes que amanhecem sem solução...

hoje há um quê de busca desesperada
hoje tem um fogo que não arde
ainda que se queira arder livre
pra buscar de alguma forma o que se perdeu

um tanto igual a você, a qualquer um
todo mundo perde coisas no caminho
todo mundo busca alguma compensação
e compreensão é um carinho raro

vejo nas ruas toda essa gente
tão preparada para matar e morrer
o que essa gente toda quer também
é um colo de mãe para renascer

ninguém vai largar as armas
mas todos querem voltar
ninguém abre mão de suas armas
mas todos querem voltar para casa

você se lembra das manhãs da infância?

A poesia é minha, escrevi pela manhã, uma dessas raras manhãs em que se consegue escapar do mundo. Claro, chegarei atrasado ao trabalho. Mas com um sorriso enorme, espero. A foto, lógico, não é minha. É um tal de Fernando Pessoa, com sua mãe carregando-o. Aliás, nunca escrevi sobre ele, certo? Algo a ser corrigido, vamos ver se logo ou daqui a um tempo. Ah... também lembro que tempos atrás prometi um conto. Pois este foi escrito até a metade, apenas. Um dia desses eu o retomo e vocês vão conhecer Sim, Ele Esteve entre Nós. Por ora, o que tenho é isso. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: CORDEL DO FOGO ENCANTADO - Morte e Vida Stanley.

domingo, 10 de dezembro de 2006

O que antes era treva/Guerra

Mais...



O Que Antes Era Treva

tateando no escuro se encontra

surpresa
um beijo quente

desgraça
era só o sonho
existir é isso

sentir o beijo quente da ilusão e tentar encontrar algum sentido
demolir o edifício da ignorância

Guerra

tenho um velho míssil em minhas mãos
vou lançá-lo para explodir mentes

a semente de algo maior

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: THE BEATLES - All You Need Is Love.

A esquina inabitável

Escrito por mim numa tarde de domingo e de ressaca.


A Esquina Inabitável

Moral pra quê? Temos as ruas e o amor que sentimos por elas. Uma cerveja bem gelada. O tempo que nos foge e que tentamos agarrar à unha. E às vezes conseguimos. As mulheres que sempre nos fogem, estas também, e nos inebriam como o vinho perfeito das madrugadas. Temos nossos dramas que insistem em nos acompanhar, melancólica e deliciosamente.

Podemos nos deixar morrer como Belmondo em Acossado. Ou reescrever a história. Três finais para o mesmo conto, o mesmo filme alemão. Corra, dizem. Então corremos. Gostamos disso. Precisamos disso. E também paramos ali, naquela esquina inabitável. Ali, as palavras são o que fica. Não me desfaço das minhas.

Seguimos reescrevendo o mundo, entre fugas e solilóquios, pedaços frios de pizza e canetas para marcar CDs. Entre o teatro e a música. A poesia e a dança.

Não, não podemos prescindir da palavra. Seguimos reescrevendo o mundo. Ah... tanta humanidade me apavora. E me encanta. O que nos condena e nos redime.


Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: THE BEATLES - Because.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Ortotanásia e eutanásia

Ainda sobre vida e morte. É importante que vocês leiam, se for do interesse. E se não for, também. Porque o assunto ainda vai explodir neste país. Talvez demore um pouco, mas vocês vão ver.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u272.shtml

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: RADIOHEAD - The Bends.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Para maiores de 75 anos, mas vocês podem ler também

Tinha uns planos para o fim de semana. Não deram certo e tudo bem. Calhou de haver problemas em família também. Problemas que foram facilmente solucionados com a minha presença. Isso foi ótimo. E ainda aproveitei pra assistir uns filmes em casa. Desta vez, sessão dupla de Bergman. Comecei pelo último, Saraband. Segui com um dos clássicos, Morangos Silvestres. Em comum, o tema: velhice.
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A idéia aqui é falar sobre estes filmes e, no fim, ilustrarei o tema com
Volúpia e Velhice, poesia de meu primeiro livro, para quem ainda não sabe, o indisponível Palavra Atômica.


SARABAND Feito para TV e lançado nas telas em 2003, quando ninguém mais esperava uma obra de Bergman, pois anos atrás ele tinha anunciado sua aposentadoria. Os personagens centrais são o ex-casal Johan e Marianne, que já foram vistos em Cenas de um Casamento, outro filme do mestre sueco também feito para TV e levado às telonas 30 anos antes. Como se dá entre eles a revisitação de seus passados? Haverá ainda amor nesta relação, se é que houve anteriormente? Além deles, estão lá também Karin e Henrik, filha e pai cuja relação é marcada pela submissão, havendo inclusive um clima de incesto. Saraband é uma "suíte da sétima arte". Aliás, sarabanda é justamente uma das partes que compõem uma suíte musical. Compositores como Bach estão lá, na trilha sonora. Os diálogos cheiram à literatura e a sensação de ler um bom livro não está distante da de ver este filme. Ainda destacam-se as velhas impressões: Bergman é o maestro dos silêncios, dos gestos significativos, dos outonos opressores.

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MORANGOS SILVESTRES Há tempos, mais precisamente em 1957, a história do médico septagenário Isak Borg foi contada. E é uma história permeada de desamor e solidão. Duas vezes traído - na juventude por sua prima Sara, que preferiu casar-se com outro, e por sua falecida esposa. Figura respeitada, Dr. Borg dirige-se à cidade de Lund para receber uma homenagem. Durante a viagem, ele e a nora encontram diversos personagens, um trio de jovens cheios de vida e um casal de meia idade cujo maior prazer é alfinetarem-se um ao outro. Destaque para os sonhos de Borg, carregados de uma estética surrealista. Nestes, todos os medos e dúvidas do aparentemente seguro cirurgião vêm à tona.

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São DVDs que consegui recentemente. Também consegui Sonata de Outono, mas não tive tempo para vê-lo. Bergman é altamente recomendável. Muito em breve, organizarei uma lista de filmes que deveriam ser vistos por todos e provavelmente o diretor escandinavo comparecerá com diversas obras. Agora, um pouco de poesia para velhos. E para jovens curiosos.

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qual a diferença

entre

uma velhinha andando bengalentamente

volúpia e velhice
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uma menina voluptuosamente volúvel
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ou seria voluvelmente voluptuosa?
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??????
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apenas uma:
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o tempo
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!!!!!!
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todos palhaços no espetáculo do tempo...
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Isto é tudo, meus amigos. Despeço-me antes que aumente o número de cabelos brancos em minha cabeça (mas isto está acontecendo, silenciosamente, todo o tempo). Beijos e abraços!
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NA MINHA VITROLA: CHICO BUARQUE - Tempo e Artista.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Welby quer morrer. Só isso.

Leiam isto, amigos. Depois lhes digo o que penso.


Ministra italiana faz greve de fome para defender eutanásia
Folha Online, 04/12/2006 - 18h35
da France Presse, em Roma

A ministra italiana do Comércio Exterior, Emma Bonino, iniciou nesta segunda-feira uma greve de fome de dois dias para apoiar o pedido de Piergiorgio Welby, de 60 anos, doente terminal de distrofia muscular, que pede há vários meses pelo direito de morrer.

Welby, presidente de uma associação de defesa dos doentes, fez um apelo público, divulgado em setembro por uma emissora de televisão, que dividiu a Itália diante da possibilidade de legalização da eutanásia.

No vídeo, Welby, que está prostrado em uma cama há 40 anos sem poder se mover ou falar, pede ao presidente da República, Giorgio Napolitano, o direito de pôr fim à sua vida.

Em 1º de dezembro passado, os advogados de Piergiorgio Welby apresentaram perante o tribunal civil de Roma um "recurso urgente" para que fosse retirado o respirador artificial que o mantém vivo.

"Entendo contribuir pessoalmente para a campanha não-violenta iniciada pela Associação Coscioni a favor do pedido de Piergiorgio Welby com dois dias de greve de fome", anunciou Bonino em um comunicado.

Há uma semana, oito pessoas iniciaram uma greve de fome para apoiar o direito de Welby de morrer e defender a eutanásia, considerada pela lei um crime punido com a prisão.

"Não encontramos médicos dispostos a praticar a eutanásia", reconheceu um dos grevistas, Marco Cappato, secretário da associação que apóia Welby.

Como o espanhol Ramón Sampedro, cuja história foi apresentada no filme "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar, Welby pede, mais que uma permissão pessoal, uma discussão nacional para que a eutanásia seja legalizada.

A Igreja Católica está entre os primeiros que reagiram para manifestar sua oposição a qualquer forma de eutanásia.

Sou a favor, amigos, de que Welby possa morrer sim.

Eu vi meu pai sofrer. Ele brigou muito pra se manter entre nós durante quase um mês no hospital. Mas as condições não eram favoráveis. Cerca de uma hora antes do fim, eu disse pra ele ir, porque já não era suportável viver daquela forma. Disse que estávamos todos bem em casa e que não se preocupasse. Estou certo, com toda aquela dor e a aparente inconsciência, ele me ouviu. Lembro-me de ter pedido que ele me desse um sinal e ele apertou levemente minha mão. Depois, voltei pra casa e não tardou muito para que houvesse um telefonema do hospital. Foi bem melhor assim. Se sobrevivesse, ele teria completado ontem 67 anos, mas não teria nada a comemorar.

Sei que minha avó hoje sofre barbaridades em BH. Mais uma vez digo: seria um alívio o fim do sofrimento, da falta de uma vida digna, em que se depende de tudo e de todos, sem a possibilidade de retomar à vida como era antes da doença.

Sei que haverá aqui quem não concorde. Respeito as opiniões diversas, espero que discordem, mas que mantenham o mesmo respeito.

Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: PEARL JAM - Crazy Mary.