quinta-feira, 29 de junho de 2006

O Prato Hoje É Copa do Mundo

É, eu estava relutando. Estava relutando porque sei que nem todo mundo que lê este blog se interessa por futebol. Entendo os motivos, claro. Mas eu gosto. E hoje quero falar disso. Porque a Copa do Mundo já está chegando ao final. E ela gera comoção, isso não há dúvida. Postarei aqui dois textos: um de natureza poética e apaixonado, de minha autoria; outro jornalístico, tratando de algo bizarro e cômico. Então, vamos lá. O jornalístico primeiro:



Comentarista chinês pede desculpa após dizer que odeia Austrália
BBC Brasil
28 de junho, 2006 - 21h57 GMT (18h57 Brasília)

Um comentarista de futebol da TV chinesa teve que se desculpar publicamente por ter comemorado exageradamente a desclassificação australiana na Copa do Mundo, na segunda-feira.

Huang Jianxiang se descontrolou quando a Itália venceu os australianos no último minuto dos acréscimos da prorrogação e começou a vibrar, repetindo a frase "eu odeio a Austrália" e elogios aos italianos por vários minutos.

No início da sua comemoração, quando o juíz marcou pênalti em Fabio Grosso, os gritos de "viva a Itália" geraram simpatia.

Mas após alguns instantes, seus próprios colegas começaram a perceber que havia algo de errado com Huang. Porém nem mesmo eles conseguiram silenciar o comentarista.

A explosão

"Penalti!Penalti! Penalti! Grosso conquistou isso."

"O grande lateral esquerdo italiano! Ele foi bem-sucedido na gloriosa tradição italiana! Facchetti, Cabrini, Maldini, suas almas estão misturadas com a dele neste momento!"

"Grosso representa a longa história e as tradições do futebol italiano, ele não luta sozinho neste momento!"

"Goooool! Acabou! A Itália venceu os australianos! Eles não vão ser eliminados por Hiddink novamente! Itália, a Grande! Feliz aniversário para Maldini! Forza Itália!"

"Hiddink, perdeu toda a sua coragem ao se deparar com as tradições italianas!"

"Ele finalmente colheu todos os frutos que havia plantado! Eles que vão para casa!"

"Eles não precisam nem ir tão longe, para a Austrália, já que a maioria vive mesmo na Europa. Adeus!"

No dia seguinte...

"Sou um ser humano, não uma máquina e não posso ser imparcial o tempo todo", disse ele, após a transmissão, se recusando a reconhecer que algo de irregular havia acontecido.

"Não quero ver a Austrália conseguir bons resultados nesta Copa do Mundo."

Após ser muito criticado, ele reviu a gravação da transmissão no dia seguinte e reconheceu seu exagero.

"Nos últimos minutos do jogo Austrália x Itália eu coloquei muita emoção pessoal em meus comentários, que foram inapropriados e parciais, o que consternou a audiência", disse ele.
No entanto, centenas de milhares de chineses responderam a uma pesquisa online e 49% disseram gostar do estilo do comentarista, contra 33% que disseram considerá-lo inapropriado. O resto se declarou neutro.


Pessoal... o cara nem é italiano, é chinês. Achei tão cômico que eu quis repartir isso com vocês. E eu que pensava que não existia alguém pior que o Chico Lang (pra quem não conhece, comentarista esportivo, corintiano e um tanto teatral, apresenta o programa Mesa Redonda, da TV Gazeta de São Paulo. Um tipo risível...). Queria ter visto isso acontecer e queria entender chinês. Eu iria rir muito, muito.

Agora vamos de poesia. Acho que vai soar engraçado também, não sei por que... leiam!


Gordo, Sim!

Sou gordo, sim. E daí?
Sou gordo e fiz mais gols que vocês todos.
Ah, mas vocês não jogam...
Só sabem falar. São craques da especulação.
Eu não me importo mais.
Por vir até o presidente falar.
Eu driblo o goleiro e logo vocês vêem o resultado.
Façam suas ironias engraçadinhas.
Enfim, não importa. Eu sou mais eu.
E... sou gordo, sim.
Está bom pra vocês?


A SUG - Sociedada Universal dos Gordinhos - agradece, Ronaldo! E pra vocês, amigos viajantes, beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: JENS LEKMAN - Rocky Dennis' Farewell Song > Maple Leaves > Sky Phenomenon > Pocketful of Money > Black Cab.

Fotos copiadas do site da FIFA: http://www.fifa.com/en/index.html.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Bicho

Humm... fazia tempo que eu não escrevia um conto. E eu tinha tão pouco sono e tantas idéias. Enfim... aqui vai o resultado. Confiram!

Bicho

Era uma pessoa. Era?

Embora os fatos vão ganhar em claridade à medida que este relato progredir, vamos, por ora, deixar a coisa assim, obscura. Porque era uma pessoa obscura. Mesmo de perto, era embaraçoso vê-lo. E digo “vê-lo” por convenção, porque ninguém conseguia saber se era homem ou mulher. Tinha uma voz, claro, mas isso tampouco ajudava. Era estranho, e isso afugentava as pessoas da pequena cidade. Nós o chamávamos de Bicho.

Tinha ambições. Tinha que ter. Eu queria que tivesse. Eu ficava, na minha pequenez, observando de longe. Bicho queria alguma coisa. Minha falecida mãe gritava "entra pra dentro, moleque" sempre que “aquilo” estava por perto. Porque era tão obediente, eu não me atrevia a ir contra o que dizia minha mãe. As pessoas, em geral, apenas olhavam-no de soslaio, mas eu... eu me fascinava observando-o e sabia: Bicho queria alguma coisa.

Será que pensava em coisas como sucesso, poder, dinheiro, a admiração dos outros? Nunca vou saber, mas ainda hoje, quando todas as ilusões que eu tinha estão perdidas, prefiro pensar que sim. Senão, o que vou escrever aqui?

A cidade em que cresci era pequena. E seu olhar baixo – “aquilo” nunca dirigia o olhar a alguém – devia ter um ódio tão grande quanto o miúdo daquele lugar. Nunca se soube se Bicho teve amigos. Ou irmãos. Ou se um dia teve amor. Mas... como apareceu ali? Velhas estórias diziam que viera do mato. Eu ainda não existia. Para mim, foi como se Bicho sempre existisse, então.

Não se entretinha como nada e apenas saía de seu refúgio para garantir o necessário para sobreviver. Como conseguia recursos para a farinha, eu nunca soube. Ele só comia farinha. E se calava nas sombras. Quis pensar que Bicho não tinha coragem para fazer o que deveria ser feito para alcançar seus desejos.

Era um ser. Era? Tinha de ser, porque é incrível que alguém como Bicho possa ser sem querer.

Eu disse, ele só comia farinha e se calava. E causava medo. Por isso, os rumores das pessoas existiam. Ah... a maledicência popular tinha ali um prato saboroso demais para ser recusado. Diziam que violava defuntos, que comia criancinhas do meu tamanho... “Credo em cruz! Olha que olhar assustado aquele bicho tem!”.

Por que foi parar ali, naquela cidade sem lugar? Aposto que queria estar longe dali. Mas por que não foi embora com seus trapos e não tentou ser gente de verdade? Porque era gente, eu não podia estar enganado.

Eu mesmo queria sair dali quando crescesse. Ir para um lugar melhor, com pessoas melhores. Foi o que fiz, até porque precisei, quando completei 18 anos, mamãe partira e meus irmãos tomaram um rumo diferente do outro.

Descobri, claro, que não havia lugar melhor, nem pessoas melhores. Não há garantias contra a decadência e a mediocridade em qualquer parte. Enfim, todos sabemos que o mundo não é bem como um sonho em que as pessoas são gentis, sensíveis e amáveis. Eu tinha a utopia em minha mente, era um cara que enfrentava tudo e queria tudo, mas não demorou a eu mesmo ser vítima dos maus costumes das pessoas da cidade grande. Atribuíram-me tantos erros, tanta mentira, criaram-me tantos obstáculos. E eu só queria algo maior e que não é tão fácil de definir, menos ainda de encontrar. Ainda assim, entre uma queda e outra, mantive-me quase intacto. Tive até família, por um tempo. Hoje, vivo sozinho. Não faz mal, já me acostumei.

Pensando bem, posso entender um pouco aquela criatura tão estranha aos olhos habituados à rotina e tão somente a isto habituados. Entendo que sua ambição era inútil, que ele se via como um bicho e como Bicho viveria. Não me conformo, mas conformo.

O tempo é implacável, mas aqui estou eu. Cabelos branquearam. A voz enrouqueceu. Nunca mais voltei à velha pequena cidade. Mas um dia, um daqueles que crescera comigo apareceu em minha casa. Foi pegando dicas ali, lá, acolá e finalmente chegou aqui.

Conversa vai, conversa vem. Entre um almoço, um jogo de futebol, uma ida ao cinema e a rotina de um fim de semana, fiquei sabendo de tudo sobre o antigo lugar. Pessoas morreram, outros casaram, crianças nasceram, mais outros saíram dali, como eu. Mais nada, além disso, saiu do lugar.

Naturalmente, perguntei sobre Bicho. E agora lhes conto o que eu soube por meu amigo de infância.

Volto a dizer: Não me conformava, mas conformava. Creio que Bicho não era forte o bastante. Tampouco se deu conta de que o passo bastava para ir aonde deveria ir – se é que queria ir. Então um dia não passou muito bem e seus urros eram assustadores. Quiseram matar Bicho, mas algumas almas piedosas e cristãs o levaram ao hospital da cidade vizinha, que o recebeu de portas abertas e certa má-vontade. Afinal de contas, descobriu-se, Bicho era um homem. Não se sabia o nome, mas com alguma lábia do pároco e a influência de um amigo político do mesmo, Bicho foi atendido. Adiantou? Não, não creiam...

Tudo passou.


Não sei porque conto isto a vocês, mas Bicho foi uma imagem forte da minha infância. Forte o suficiente para eu não seguir os mesmos passos. Não sei se deveria atribuir tanta importância, mas foi o que fiz. Por outro lado, se vocês se sentirem muito incomodados e considerarem que foi perda de tempo ler estas linhas tão obscuras – talvez ninguém desejaria saber, não é verdade? – é melhor deixar estes fatos enterrados, como Bicho está enterrado em algum lugar da mata de onde veio.

E isto é tudo, meus amigos. Claro, logo logo haverá mais a dizer. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: BRITISH SEA POWER - The Land Beyond.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Gestalt/Esperança/Tsunami

A vida fluindo entre o doce e o amargo. Entre o deleite e o asco. A euforia e o vazio. As palavras vêm. Podem se ausentar por um tempo, mas vêm. O que trago hoje a vocês, amigos viajantes, é um pouco mais do que tenho escrito nos últimos tempos, mas que, por preguiça ou desânimo, havia omitido. Bom, sem mais introduções. Que venham as palavras!

Gestalt

há todas estas vezes
em que fico parado
olhando
apenas olhando
quase vazio
a placa de saída
numa porta de metrô
"mantenha-se à direita", ela diz
e quando alcanço meu destino
é como se eu acordasse de um sonho

um sonho vazio, é verdade,
ou o sonho é um lugar repleto de cinza
onde a maior audácia
é sobreviver

entre faces sem expressão
busco mais, um pouco mais do que a rotina me dá
um mais que nem as palavras traduzem

um gesto de... de vida!
algo que seja real

mais real do que as explosões da semana passada,
quando o cinza tornou-se vermelho
e medo

é assim, entre um algoz e outro, que caminho
repetindo a cena
e observando
vazio
a placa de saída do metrô

_

Esperança

amanheceu suicida pelo cheiro das flores que não há

numa paris mítica que, na verdade, tinha odor ruim

buscava o que nunca encontrara

e se encantou pela ilusão, mais de uma vez

mas foi assim...

a poesia estava morta

antes de seu nascimento

e um dia se deu conta.

não pôde suportar...

_

Tsunami

quero a poesia selvagem

tal qual "born to be wild"

a poesia mais rock, mais roll

que role com a alma que o rock não tem mais

a mais autêntica e espontânea

fórmulas são refutáveis

até segunda instância

poesia, a mais largada

a que desça rasgando

como a vodka de Maiakovski

a poesia-profanação, que seja um estupro aos olhos dos fracassados que pensam ser os donos da arte e da verdade

mas, não... não são donos da arte, não a entendem

tampouco são donos de si. deslumbram-se fácil, fácil...

busco a poesia que seja o monte calvário

a gehenna

o nono círculo

que seja o inferno a minha paz

a poesia com cara de calotas polares se derretendo

com ares de tsunami

e quando eu me der por satisfeito com a busca

por direito, simplesmente merecerei meu descanso

e irei para casa, dormir...

_

That's all, folks! Beijos e abraços!

_

NA MINHA VITROLA: FOO FIGHTERS - Learn to Fly > Gimme Stitches > Generator.

domingo, 11 de junho de 2006

11'09"01

11 é o número de jogadores que um time de futebol precisa para entrar em campo. Estamos em época de Copa do Mundo. Tudo isto me fascina e eu tenho acompanhado os jogos na medida do possível, mas este não é o tema que quero abordar hoje.



11'09''01 é o título original do DVD que assisti hoje - data curiosa, também um dia 11. Em português, o título é, simplesmente, 11 de Setembro.

A idéia surgiu do produtor artístico Alain Brigand, que pediu a alguns diretores (adivinhem quantos...) que criassem, cada um deles, um curta-metragem sobre a tragédia. A liberdade de criação seria total, contanto que eles obedecessem uma condição: cada curta teria de durar 11 minutos, 9 segundos e 1 frame - percebam: a duração se refere exatamente ao título original... 11'09''01.

Os diretores que toparam a empreitada são:


Samira Makhmalbaf (Irã), Claude Lelouch (França), Youssef Chahine (Egito), Danis Tanovic (Bósnia-Herzegovina), Idrissa Ouedraogo (Burkina-Faso), Ken Loach (Reino Unido), Alejandro González Iñárritu (México), Amos Gitai (Israel), Mira Nair (Índia), Sean Penn (Estados Unidos) e Shohei Imamura (Japão).

Cada um deles abordou um aspecto relacionado aos fatos ocorridos a quase 5 anos. O episódio de Samira Makhmalbaf dá início à seqüência de curtas trazendo a estória de uma professora afegã que tenta explicar a importância do fato aos seus pequenos alunos, já tão acostumados com a presença da morte em seu cotidiano.


Mira Nair tratou de um caso específico de uma família muçulmana em Nova Iorque e as conseqüências do ocorrido na vida dessas pessoas. Um episódio para emudecer.

Por falar em mudez, Claude Lelouch lidou com a situação sensivelmente, ao tematizar seu episódio através da relação de uma mulher francesa e surda-muda com um guia turístico de Nova Iorque para surdos-mudos.

Outro episódio sensível, poético mesmo, foi o de Sean Penn, em que aborda momentos de um viúvo que vive num apartamento à sombra das Torres Gêmeas, isolado e iludido de que sua esposa está viva. Aqui, não conto mais nada. Melhor mesmo é assistir.


O 11 de setembro não marcou, para o mundo, o atentado terrorista na avenida Jerusalém, em Tel Aviv. Em meio ao caos, uma equipe de reportagem tenta informar sobre o atentado, que se torna pequeno perante os acontecimentos de Nova Iorque, como mostra Amos Gitai.

Ken Loach prefiriu fazer a ligação do 11 de setembro em Nova Iorque a um outro 11 de setembro, em 1973, em Santiago de Chile. Nesta data houve o golpe militar chileno e Salvador Allende foi deposto e morto. Iniciou-se, assim, um dos capítulos mais sombrios e aterrorizantes da história da América Latina. Tudo, claro, patrocinado pela CIA.



Danis Tanovic, assim como Ken Loach, faz uma elação histórica: aborda sobretudo o massacre em Srebrenica, na Bósnia, em um dia 11, mas este de julho de 1995.

O japonês Shohei Imamura criou uma analogia entre o homem e a serpente, através de uma estória conseqüente da Segunda Guerra. No final do episódio (o último de todos), a mensagem: "Não há guerra santa".

Humor inteligente, aliado à denúncia das condições pouco humanas de vida, é a marca do episódio de Idrissa Ouedraogo, em que garotos tentam capturar Osama Bin Laden.


O episódio do egípcio Youssef Chahine resvala no absurdo e no surreal para mostrar a visão do Oriente Médio sobre o ocorrido.

Alejandro González Iñárritu deixa em aberto o que pode ser pensado sobre o fato. Preces muçulmanas são ouvidas e, na tela, há uma escuridão entremeada por breves imagens da tragédia. No fim, um desafio: a fé em um deus torna as pessoas cegas? Humm... não resisto à tentação de dar uma opinião... pensem a respeito. Muito sangue já foi derramado. E não em nome de um só deus. É o que penso.

A título de curiosidade: Walter Salles foi convidado a participar do projeto, mas ele não pôde participar do mesmo por que estava lançando Abril Despedaçado e em fase de preparação de sua película seguinte: Viagens de Motocicleta.

Bom, o resultado, claro, é um tanto irregular. Uns episódios não me causaram uma bela impressão plástica, mas me levaram a pensar. Outros não acrescentam muito e há os que são realmente impressionantes em todos os sentidos.

O melhor será vocês tirarem suas próprias conclusões, caso assim desejem. Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: MUSE - Absolution (CD completo).

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Cro-Magnon Hi-Tech

Tudo passa... a crise de criatividade também. Mas isto é problema meu, embora os leitores incansáveis e que ainda insistem em ler este blog saibam do que se tratava. Seja como for, hoje falo do bicho homem, do quanto que, neste ponto de vista, apesar de toda tecnologia, ele não mudou muito desde o início dos tempos. Mas chega de papo, certo? Então venham cá, leiam isto:



Cro-Magnon Hi-Tech

_

celulares e laptops

tudo o que o mercado oferece

mais o populismo no norte do sul do mundo

_

self-service de caos e luxúria

acesso rápido ao seu traficante via ligações gratuitas pela rede

tudo o que qualquer um quer

quiproquós hardcore e dp

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há anestesia demais para toda a gente neste hospital

euros e dólares para o corpo

dogmas e deuses para a alma

mas ainda somos os mesmos e morremos

ainda somos os mesmos e matamos

como nossos pais

_

tendo a receita à mão, ainda foi escolher o porrete, opção estúpida...

para romper e romper e...

_

o sangue jorra, ao mesmo tempo, nos botecos, nas lan houses e nas bancas de esquina meninas e meninos tagarelas como pombas de espírito santo riem frente às fotos dos jornais

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e assim seguem...

o sem-conteúdo

o final feliz do último capítulo

nos ipods a última geração do que toca na pista e o ritmo faz dançar nas estações de trem

_

gigabytes, terabytes de informações perdidas

_

porque ainda somos os mesmos e fodemos como os tataravós de nossos tataravós

_

atente à promoção

compre este produto e ganhe uma viagem à alemanha com uma loira gelada como acompanhante

abra um sorriso, qualquer coisa

um guarda-chuva

uma conta no meu banco

você sabe, você merece

nada que seja original

tudo é remix, inclusos eu e você

_

e quem se importa quando há:

- milhas para viagens internacionais;

- listas de presentes de orkut;

- docs para transferências bancárias;

- terapias zen (ou afins) para relaxamento dos músculos e da mente;

- receitas de comidinhas afrodisíacas;

- listas de discussões sobre a eutanásia

?

...

...

...

_

há um cara agora no corredor do trem vendendo balinhas e o velho discurso gerador de piedade está em uso

_

assim como há o velho porrete

guarde-o junto ao seu home theater

e esteja pronto ao primeiro sinal de invasão

_

porque ainda somos os mesmos e temos medo

defendemos territórios e posses

como qualquer um

_

sim, ainda somos os mesmos...

_

É isso, pessoal... é feio, é rude, mas é o que vejo e o que tenho. Claro, há mil compensações (melhores que listas de discussões sobre eutanásia... eh eh eh!!) e nem tenho mais a idéia de "mudar o mundo". Mas é tão bom "soltar os cachorros" de vez em quando. Ah, apenas não fiquem mal por causa disso. Espero realmente não estragar o dia de ninguém. É só mais um texto maluco de um carinha meio chato. Eh eh eh!!

Beijos e abraços!

_

NA MINHA VITROLA: RADIOHEAD - Everything Is in It's Right Place.