quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Boletim do DDF # 0012

Neste mês que se encerra amanhã, tão político, o DDF tratou de diversos filmes nacionais que abordam um pouco mais ou um pouco menos a política. Eis os textos:

Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade. Por Francisco Santiago Jr.
Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. Por Roberto Vagner.
A Opinião Pública, de Arnaldo Jabor. Por Thiago F.
Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho. Por Hudson Nogueira.
Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman. Por Di Carlo.


Hoje, um interessante texto sobre o livro Cinema Político Italiano, de Angela Prudenzi e Elisa Resegotti, lançado por aqui em 2006, na ocasião da 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Pai Patrão, de Paolo e Vittorio Taviani.
E, por falar em Mostra, amanhã publico no DDF um texto sobre os três filmes que conferi na edição atual da Mostra, a 32ª.

Confiram, confiram! Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: R.E.M. - Until the Day Is Done.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Reminiscência do parque

Longe de tudo, de todos. É a palavra presente. A calmaria. Nenhuma relação com outra coisa. A palavra, apenas.

Reminiscência do Parque

Ah, essas vozes que teimam em se fazer ouvir. Cada coisa, cada pequeno fato, tudo o que vem à tona. E este céu que alterna a luminosidade solar e a sobriedade das nuvens...


É um parque. Estava lá para exercer sua solidão. Embora não esteja tão só: tem um bom Cortázar na bolsa e todas aquelas lembranças. Do tempo em que foi rei ou, pelo menos, sentia-se um.


Passando pelo verde e florido caminho, cenário de um antigo ritual em que as pessoas riam e se alimentavam felizes. Os melhores amigos que um rei poderia ter. Eram majestades, também. Hoje, correm buscando qualquer conforto, o que nenhum deles tinha tanto. Mas tinham outras coisas: certa alegria que não se resgata. Uma pureza incondicional. Não que tudo tenha se perdido para sempre. É que... o que divaga sente falta do sorriso da amiga, dos versos que escrevia com o amigo. Claro, tinha a ideia de que, além de seus reinos, havia algo de podre. Ainda assim, aqueles eram seus reinos. Havia esperança, talvez. Sim, havia.



Pausa.


Ali atrás, na lagoa, no cenário do que rememora, patos fazem algazarra quando alguém se aproxima da cerca. "Ah, tenho que tirar umas fotos disso", pensa.


Antes, outro palco, no mesmo nível da plateia, sob o quiosque, onde outrora exercera o papel de majestade. Estavam ali mais amigos, ouviam-no recitar os poemas belos, os poemas amargos, os de Marte, de Júpiter, de Vênus. Tudo tão igual e, no entanto, tão diferente. Era, não é mais.


Ele também quer certos confortos. Abriu mão do trono, da coroa, de tudo o que lembrava a realeza de seus domínios, para lutar em alguma arena estrangeira. Assim como a maior parte das pessoas que lhe são caras, tão distantes agora para um abraço físico. E como queria um abraço. Este é outro conforto. Isso se vende?


Nos outros dias, aqueles que resgatou em memória, aprendeu a abraçar calorosamente um abraço fraterno, sem políticas do bem-viver, sem reservas. Agora, há menos disso. Há perda. Há saudade. O melhor vinho do mundo não cura algo assim.

Resigna-se. Pega o livro na bolsa e vai ler.

É um jeito de resgatar um pouco do que era. Entre as árvores, o vento segue livre, tocando sua pele, a de todas as coisas, num fim de tarde sentimental. Então sente-se tambem livre. Entre um parágrafo e outro, pensa que, quando morrer, quer que seus restos repousem ali.



Tudo é isto, por hoje! Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: BABA ZULA - Yaþlý Aðaç > BABA ZULA & MAD PROFESSOR - Kisaltmalar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pictures of him

Cinco anos passam mais rápido do que se pode imaginar. É tempo de alguém nascer e começar um processo de socialização. De entrar e sair de sei lá quantos empregos. De começar uma relação que você pensa que será duradoura, mas que, de repente, simplesmente não existe mais. De conhecer algumas pessoas que valem a pena e muitas que não valem nem o movimento do olho.

É tempo de alguém morrer e se tornar um mito. Talvez não em nosso provinciano país, que tem uma das bandas largas mais caras do mundo, onde o transporte público de alguns grandes centros também é um dos mais caros. Talvez não em se tratando de um músico que transpirava emoção e que revitalizou um gênero um tanto esquecido.

Já o citei em algumas ocasiões - e não foram poucas - neste blog. Pois então justifico porque citá-lo novamente: hoje se completam cinco anos da morte de Steven Paul Smith, para mim e para os fãs no mundo todo, Elliott Smith.

Eu havia baixado alguns discos dele por indicação de alguns amigos que também ainda não o conheciam, mas que tinham curiosidade, tanta quanta eu passei a ter a partir do momento em que eles me falaram a respeito. Passaram alguns meses, mas a curiosidade não era suficiente pra eu ouvir estes discos. Eu era uma "draga musical", sugando tudo o que a internet podia me disponibilizar. E Elliott morreu justamente em 21 de outubro de 2003, entre o período em que eu pela primeira vez baixara alguns de seus discos e o momento em que eu o escutei pela primeira vez. Eu não sabia, tampouco meus amigos.

Na segunda ou terceira audição, fui cativado definitivamente. Os meus CDs preferidos eram, num primeiro momento, o EP Roman Candle (1994) e o quarto disco Figure 8 (2000). Era início de 2004, acabara de ser lançado o póstumo From a Basement on the Hill, que é meu "vício" até hoje. Então fui pesquisar sobre Elliott, pra saber mais sobre a carreira, os discos, as letras, as possibilidades de ele vir ao Brasil, quando leio a "notícia-baque".

Alguns meses antes, quando eu descobria seus discos no Soulseek, ele tivera uma discussão com a namorada, Jennifer Chiba. Segundo a versão oficial, logo após a discussão, ela trancou-se no banheiro do apartamento de Elliott, para depois ouvir os gritos do músico. Duas facadas no peito (incrível, não?) e Elliott terminava a própria vida. Há um inquérito aberto até hoje pra tentar solucionar o caso e os fãs mais ardorosos têm a certeza de que Chiba, na verdade, o matara, de que não fora suicídio.

A verdade é que Elliott passava por um momento conturbado. Era o processo de abstinência. Havia dado um basta nas drogas, no álcool, nos tranquilizantes, na terapia e resolvera vencer por si mesmo. Não foi o que aconteceu...

Era um tipo extremamente sofrido, sensível e tímido e isso transparece facilmente em suas composições. Determinadas letras fazem alusão a um personagem de sua infância em Portland, Oregon, EUA: seu padrasto, Charlie, que é citado em algumas músicas, como No Confidence Man e Flowers for Charlie. Em Abused, por exemplo, o compositor declarava ter sido vítima de abuso sexual na infância.

Dominava diversos instrumentos musicais: violão, piano, clarinete, gaita, baixo e bateria. Após se formar em Filosofia e Ciências Políticas, em 1991, foi trabalhar em uma padaria de Portland. É nessa época que formou o Heatmiser, que tinha uma sonoridade bem grunge e era comparada, também, com Fugazi. Em 1994, em meio a uma crise que detonaria o fim do Heatmiser, Elliott lançou solo o EP Roman Candle. Com o fim da banda, ele se agarrou à carreira solo, para, em seguida, lançar Elliott Smith (1995) e Either/Or (1996), pelo selo Kill Rock Stars.

Nos tempos de Heatmiser. Elliott é o que usa chapéu.

A virada na carreira do músico se daria em 1997, quando, a pedido do diretor de cinema Gus van Sant, compôs a música Miss Misery para a trilha sonora do filme Gênio Indomável (Good Will Hunting). No ano seguinte, concorreu ao Oscar por esta música e se apresentou no palco da celebração. Provavelmente uma das mais bizarras, senão a mais bizarra, apresentação musical do Oscar. Smith não se sentia à vontade nem um pouco, mas apesar de sua timidez, a qualidade de sua música o levou para a DreamWorks, melhor prêmio do que ganhar o Oscar (conquistado por Celine Dion, com My Heart Will Go On, de Titanic - desculpem se me descontrolo, mas... bleeeeeeeargh!).

Já na DreamWorks, em 1998, Elliott lançou XO, que seria sucedido por Figure 8 (2000). A sonoridade folk dos primeiros discos foi trocada (não totalmente) por composições que remetiam, principalmente, a Beatles. Não se pode dizer que foi uma má escolha - a nova fase da carreira do músico era tão rica quanto a anterior. No entanto, Elliott estava em um grande selo. As pressões porque não vendia tanto o incomodavam um bocado e o lançamento de um novo disco era uma incógnita, mas ele ia compondo, enquanto não havia uma definição.

Quando decidiu interromper sua vida, as músicas que dariam "corpo" a From a Basement on the Hill estavam quase prontas - aliás, algumas ele já as tocava em shows há anos, em versões mais folk. Após sua morte, poucos reparos foram necessários e, em 2004, o disco foi às lojas... e à internet, claro.

Se aqui o músico é quase completamente ignorado, nos EUA, incontáveis fãs lamentaram o infortúnio e seguem visitando o muro de Los Angeles que aparece na capa de Figure 8, deixando mensagens, flores e todo tipo de homenagens ao morto. CDs e shows-tributos são comuns e imagino que hoje haverá um bocado desses shows acontecendo.

Cartazes de tributos recentes a Elliott Smith.

Em 2007, foi lançado um CD duplo, chamado New Moon, com vários B-sides de Elliott. Mais de um ano antes, havia sido espalhada na internet uma compilação que pode ser considerada uma "prova" de New Moon, batizada pelos fãs de From a Basement on the Hill II.

Toda a angústia, insegurança e raiva que Elliott sentia foi traduzida em canções. Soa triste, porém belo. Gosto de pensar - e não sou o único - que, se me conhecesse, ele me entenderia. Ou entenderia a cada um de nós - um escondendo mais sua angústia do outro e tentando levar a vida com a máscara de uma alegria muito frágil. Lamento que um dia não poderei estar em algum lugar assistindo a uma apresentação, ao vivo. Mas Elliott vive. Graças à sua música.

De qualquer forma, hoje há um aniversário. E, numa data como esta, tem de haver presentes. Por isso, convido-os a celebrar a passagem deste cara que, sim, é meu ídolo, dos poucos que tenho. Abaixo está toda a discografia oficial, mais algumas coletâneas de B-sides, que disponibilizo pra que vocês possam desfrutar da mesma arte que eu. Basta vocês clicarem nas figuras correspondentes a cada disco.

Roman Candle (1994)







Elliott Smith (1995)







Either/Or (1996)







XO (1998)








Figure 8 (2000)







From a Basement on the Hill (2004)







New Moon (2007)







B-Sides


From a Basement on the Hill II


À vontade, amigos. Beijos e abraços!

Bondade minha?

Esse filme promete, hein?

Com "Um Homem Bom", Vicente Amorim ganha status



Se realmente for um grande filme, Um Homem Bom prova que um diretor como Vicente Amorim (O Caminho das Nuvens), que ainda não tem o status de um Padilha, um Meirelles, um Walter Salles, se tiver os recursos adequados, está num nível bastante interessante em relação aos diretores de grandes centros. Tomara que sim! Estou pensando em conferi-lo na Mostra.

Beijos e abraços, pessoal! Mais tarde eu volto com um post especial de aniversário da morte de Elliott Smith, um dos responsáveis pelo revival de folk rock nos EUA.

NA MINHA VITROLA: ELLIOTT SMITH - Stupidity Tries.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aimee Mann - @#%&*! Smilers

Aqui, o novo "disco" de Aimee Mann, @#%&*! Smilers. Não é tão perfeito como o anterior, The Forgotten Arm, de 2005, ao menos nas duas primeiras audições. Mas tá valendo.

Pra baixar ou escutar as músicas, é só clicar nos nomes delas, na imagem abaixo. Façam a festa!

Depois comento mais, neste mesmo post.



Beijos e abraços, pessoal!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O sinal amarelo


Tá. É isso.

Hora de parar de "viajar", colocar os pés no chão. Ser objetivo. E ser capaz de revisar os objetivos.

Um tempo atrás, coloquei aqui um anúncio sobre digitação de monografias e revisão de textos. Não aconteceu nada. Divulguei no orkut, também. Não aconteceu nada, a não ser um contato de alguém que queria que eu revisasse as mil receitas da mãe. Mas não era praquele momento. Então não foi nada.

Excetuando o trabalho temporário na editora Moderna e o freela mensal pra uma igreja evangélica, posso dizer que estou a um ano sem emprego. O pouco que entrou neste ano não demorou a sair. E usei muito, muito mesmo os recursos da família. Cheguei a um limite. Parei.

Esse ano não tem Mostra e, com alguma dor, digo, esse ano não tem livro lançado. A Confraria dos Joões Bobos volta a ser uma vontade - ao menos, tenho o projeto pronto. No momento propício, haverá o livro.

Mas preciso de emprego. É isso. Hoje distribuí currículos, muitos. Distribuirei mais, até que algo aconteça.

Não nego que gosto de ter meu tempo livre, estar entre amigos, conversando sobre o tudo e o nada, de tomar minhas cervejas. Tudo muito natural, toda pessoa ou quase toda pessoa gosta disso. Apenas não posso manter esse estilo de vida pra sempre. Não deixará de acontecer, mas... com um pouco de cuidado.

Planejamento é a chave. Planejei mal e, quando vi, estava perto do fundo do poço.

Perto, não lá. E ainda bem que pude antever a situação. Agora trato de evitar o pior. Se há crise no mundo, aqui também é preciso acionar o sinal amarelo.

Meus amigos que me querem bem, de verdade, saberão entender e apoiar. Torçam, torçam, torçam. E acreditem no que acredito: eu vou conseguir.

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: BRIGHT EYES - Method Acting.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O gosto da banana com aveia

Porque há tanta coisa. Porque o vir-a-ser é um exercício diário. E quando chega? Vem outro vir-a-ser. Será? Pensar demais angustia? Ou salva? Ou nada disso? Pensar demais é só pensar demais? Enquanto isso...

O Gosto da Banana com Aveia

Quanta melancolia cabe aqui? O quarto está tão cheio. Os discos que ouvi e que nunca ouvi. Ainda bem que tenho agulhas sobrando. Mas e as caixas? Ah, preciso de novas. O aparelho só toca vinil. Está ali, entre lembranças de histórias de amor imaginadas. Entre risos de amigos que se foram. A vida os leva.

A chuva lava o chão da rua, tudo pro esgoto, com os santinhos de candidatos, com a gafe que cometi na última sexta. Cigarro atrás de cigarro. Ainda o gosto de vitamina de banana com aveia, em segundo plano. E o futuro.

Livro. Emprego. Pós. Tudo o que virá. Uma última vez, adeus. O vizinho já não reconhece. Quando estou em casa, estou em casa. Quando estou na rua, estou longe. Sempre perto ou longe demais de mim.

Volto ao quarto.
O velho apetrecho de ginástica. Prometo usá-lo mais vezes, mas não agora. Talvez uma cerveja com o amigo, mais tarde. Mais fudido que eu. Mais canalha que eu. Tão amantes da vida. Ontem, o passeio com mamãe. Ao médico, sempre! O trânsito, esse táxi vai sair uma fortuna. A cantada hedionda. Entre Cortázar, Machado e o sono, Fassbinder.

Maria Bethania. Thelonious Monk. Não desista, amiga. Você vai se odiar até o fim se não fizer isto. Um autor cuja entrevista só li até a metade me fita da capa da revista. A jarra com água. Todos os DVDs e uma cópia sendo feita do último episódio de Berlin Alexanderplatz, agora.

Agora, a melancolia do espere-e-verá. Agora, uma lenta transição. Antes dos 40, antes dos 40... você será um homem realmente interessante. Deixar uma imperfeição física é importante, também. Um instrumento musical quebrado. A mancha na porta do guarda-roupas. O calendário que sempre está no mês passado. Sempre esqueço de mudar.


E o futuro. Uma sala repleta. O sorriso de Karenin. Um europass. Calendários esquecidos, gente que amarei. Gente que deixarei. Uma melodia de piano que insistirá. Insistirá.


Às vezes, eu gostaria de estar errado. Talvez.


Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: MILES DAVIS QUINTET - Round Midnight.

Politricks

Um adendo ao post Lucubrações sobre um Pleito: O candidato a vereador X foi eleito. Vejamos no que isso vai dar? Mas houve gente pior, acreditem, sendo eleita.

A vida é um horror...

A vida é bela, apesar do horror.

Beijos e abraços, pessoal!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os 400

Uau! Entramos no mês em que Com Alma completa quatro anos! O primeiro post hoje parece um pouco rudimentar, porque o layout era outro e a tipologia da época combinava um pouco mais, embora eu apanhasse um pouco dos comandos do Blogspot. Mas tudo bem! Cheguei até aqui e isso me deixa alegre, de verdade!

Sei que o "aniversário" de verdade deste blog é no dia 23, mas uma outra marca importante foi alcançada. O post anterior foi o de número 400. Isso me faz pensar em quantas linhas foram escritas, quantos erros e acertos eu cometi, os desabafos, as poesias, os contos, as músicas, os filmes, as pequenas homenagens... enfim, tenham certeza, não me arrependo de nada. Nem dos erros.

Deixo vocês, por ora, com outra marca relativa aos 400, alcançada por um ídolo. Vocês devem imaginar quem, ao ver a foto abaixo. Vejo vocês no post 402, querendo chegar ao 4.000.

A camiseta comemorativa dos 400 jogos de São Marcos pelo Palmeiras. Como se não bastasse ser realmente o melhor goleiro do Brasil, ainda é do meu time!
Beijos e abraaaaaaaços!

NA MINHA VITROLA: MACY GRAY - She Ain't Right for You.

Boletim do DDF # 0011

Hoje, mais tarde, no DDF:
Confiram este e outros textos de um dos melhores blogs de cinema do momento.

Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: SÖHNE MANNHEIMS - Zion.

domingo, 5 de outubro de 2008

Lucubrações sobre um pleito


Dia de eleição. Que beleza! Todo mundo fazendo sua parte e procurando escolher o melhor - ou o menos pior - de acordo com seu ponto de vista. Eu já fiz minha parte no início da tarde. E me sinto muito bem com isso. Não por sentimento patriótico. Os que me conhecem sabem o que penso. Simplesmente fiz o que devia fazer e estou livre. Três textos a desenvolver e algum filme a assistir. Que bom!

Por outro lado, vejo situações que considero grotescas demais nesses tempos, no que diz respeito ao atual processo eleitoral. Fala-se tanto em ecologia, em salvar o planeta, mas do que vi durante o período de campanha, não houve muita reflexão a respeito. Pouco se falou em consciência ecológica. O grande mote das eleições aqui em São Paulo, do que pude apreender, era a saúde pública. Mas... como não pensar em saúde pública sem levar em conta consciência ecológica? Como pensar no micro sem ter em mente o macro? Gente vazia, nossos políticos... a maioria.

E nem falei - mas falo agora - das montanhas de "santinhos", jornais de candidatos, imãs de geladeira e todo esse inferno que é espalhado no chão, pelas ruas. Ali sempre estão os trabalhadores de boné, camiseta, bandeira, o diabo... com seus candidatos e números. Sempre ganhando o suficiente pra um cafezinho e um pão com manteiga por dia. Digno, não? Ali sempre estão as pessoas dispostas a pegar os "santinhos" e decorar o asfalto de sua avenida preferida. Ora, as árvores não podem ficar agradecidas, tampouco a cidade.

Tive uma escolha. A menos pior, penso eu. Mas lamento a pequenez do ser humano. A coisa vai mal. Realmente mal. Em todos os sentidos. E há ignorância o suficiente no mundo, por mais que haja também gente que queira trazer alguma luz, para que a situação piore. Ignorância de quem vota e, pior, ignorância de quem quer ser eleito - se não, há maldade, egoísmo mesmo.

Bom, voltando ao âmbito eleitoral, houve uma situação que me revoltou mais. Nesta semana que antecedeu o pleito, recebi em minha página de recados no Orkut uma mensagem de um amigo a quem quero muito bem. No entanto, era uma mensagem daquelas, "genéricas", com o intuito de convencer a votar no candidato a vereador X - sim, nessas épocas ele, o amigo, divide o tempo entre suas atividades como professor de português e a campanha. Até aí, normal. Assim como costuma ser normal eu apagar a mensagem, porque minha página de recados não é mural - ao menos não esse tipo de mural. O que mais me desagradou é que esse amigo pedia pra respondermos a ele passando dados de título de eleitor, de forma que ele e seu grupo pudessem monitorar se realmente votamos no candidato a vereador X. Poxa, nem pra chamar pra uma cerveja...

Ora, ou há confiança ou não há nada! Ninguém, mas ninguém mesmo tem o direito de monitorar meu voto!

Claro, assim que vi a mensagem, apaguei-a furiosamente. Ou quase isso.

E, óbvio, não votei no candidato a vereador X. Até porque sempre voto em legendas. A pessoa em quem votei, pra prefeitura, era de outro partido, mas de um partido "alinhável". No segundo turno, suponho que meu voto será diferente. Terei de me entregar aos "tubarões"... não é tanto um problema. Terei novamente a opção de votar no tubarão menos pior, o que vai comer um pedaço menor da minha perna... eh eh eh!

Mas penso que, se aqui em São Paulo há essa situação constrangedora de tentativa de monitorar o voto alheio, ainda deve ser muito pior em cada canto esquecido do país.

Honestamente, tenho medo. Tenho muito medo do que será feito disso tudo. Mas prosseguirei, porque não há remédio, porque sou brasileiro e não des... nãoooooooo! Não é isso! Eh eh eh! Prosseguirei porque me garanto. Queria que fosse diferente à maioria das pessoas que me cercam e elas realmente pudessem se garantir.

Mas não sei, não...

Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: FITO PÁEZ - Romance de la Pena Negra.