terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um quarto em Roma


Assisti a este filme, o novo de Julio Medem, que está em cartaz em Sampa e, provavelmente, noutras cidades.

Curiosa e diferentemente de outros filmes dele já vistos por mim (Os amantes do Círculo Polar, Lucía e o sexo e Caótica Ana), que abordam períodos de vida mais longos de suas personagens, neste Um quarto em Roma, Medem se atém a um momento breve da vida das protagonistas, a russa Natasha, que no decorrer do filme revela-se Dasha, e a espanhola Alba. E sai-se muito bem.

O filme trata da relação tão efêmera quanto intensa de duas mulheres que se encontram na noite romana, enquanto afogavam suas mágoas. Vão para um ambiente perfeito: um quarto de hotel em Roma, com gosto de história, de Renascimento.

Fantasia e realidade se mesclam. Os nomes e histórias que inventam servem para desnudá-las, para trazer suas verdades à tona. Há um amor que precisa ser vivido, ainda que tenham, à alvorada, que despedirem-se - não sem sofrimento - e retornar às suas vidas.

A nudez e a relação homoerótica nunca são ordinárias neste filme. É o sentido contrário do que a grande mídia quase sempre expõe, "ordinarizando" estes elementos. (Bom... o que a mídia não "ordinariza", nestes dias?)

Fiquei a pensar se amor não é o momento e depois tudo se esvai. Ou se amor é outra coisa que não sei o que pode realmente ser. Outra ilusão grandiosa? A maior de todas as quimeras?

Bom, depois de minhas constatações e divagações, apenas concluo dizendo que...

... trata-se de um belo filme!


Beijos e abraços, pessoal!

NO VIDEOCASSETE

domingo, 28 de novembro de 2010

Religião

Há uma religião possível...


Religião

Alimenta-se de sorrisos.
De sol. De sombra. De água fresca,
embora prefira cerveja.
Alimenta-se do carinho,
de amigos.
Da luz e das cores das noites festivas.

E, ainda assim,
não é um ser vampiresco
em seu túmulo arquitetando
tolos planos de conquistas vazias.

Nem oculta o que tem
de mais belo
por autossabotagem,
banhando-se em
ilusões de consumo,
mostrando-se assim
artificialmente seguro
em sua torre de cristal
que lentamente desmorona.

É! Quanto mais high, mais low.

Desculpem tal poeta,
tristes pessoas
das trevas do mundo.
Não descerá novamente
ao inferno.
Não estará em busca
de uma Beatriz
que não há.

Não será um poeta maldito.
Tampouco bendito.
Poeta apenas humano
que ainda tenta aprender a amar,
que sabe o árduo do caminho,
porém não desiste.
Pois sabe que além dos clichês,
do trato e destrato social,
das palavras mal-ditas,
dos cigarros e pulmões enegrecidos,
há redenção.
Uma religião sem bandeiras.

O poeta acredita em vida nesta vida.

A morte nesta vida
deixa aos habitantes
da torre de cristal
que já se esqueceram
de como sorrir.

Beijos e abraços, pessoal!

NO VIDEOCASSETE

sábado, 20 de novembro de 2010

A arte da navegação

Já não sou tão novo e cada vez mais, conheço os mares onde navego. Um pouco de leve poesia em meio à tempestade não será ruim.


A arte da navegação

Existir
e não se se perder com os ruídos ao redor.
Existir
e não lamentar o passo que já é passado.

Içar velas
e navegar.
Vil vidas, mil mares, mil vidas.

O marulho, marujo, é o que há de levar-nos ao próximo destino. Haverá um porto onde atracar.

Prosseguir
alegre na calmaria e valente na tempestade.


Já não tão novo. Trinta e sete longas jornadas. Existo e agradeço a todos que, de algum modo, viajaram neste barco. Aos que viajam. E aos que ainda terão os pés nesta embarcação humilde, porém forte e grávida de novidades.

Luz pra quem é de luz, trevas pra quem é de trevas. Beijos e abraços aos amigos.

NO VIDEOCASSETE