segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Uma Noite a Não Esquecer

Havia muito tempo eu não ia a um festival da grandeza de um Claro que É Rock. Minha última vez havia sido a 10 anos, quando eu ainda era movido por guitarras superdistorcidas e vocais berrados por monstros do fundo de alguma caverna, no Monsters of Rock que trouxe Paradise Lost, Alice Cooper e Ozzy Osbourne, entre outros.
Por haver passado tanto tempo e hoje eu ser um trintão, temi por não suportar a maratona de shows. Por isso e por não ter grande interesse em algumas atrações, optei por assistir o que eu julgava haver de melhor. E minhas bandas eleitas eram realmente algumas das últimas atrações: The Flaming Lips, Iggy Pop and the Stooges e Sonic Youth (embora Nine Inch Nails estivesse escalado para encerrar o festival – seja como for, esta última atração me interessava menos).
É bem verdade que perdi algumas apresentações que me causavam, no mínimo, alguma curiosidade, como Cachorro Grande e Nação Zumbi. Mas, ah... estes posso ver por R$ 10,00 ou até menos em outra ocasião. Por outro lado, livrei-me de ver uma banda que não me agradaria e até ofenderia meus ouvidos, cujo nome não vou citar, pois alguns leitores podem se chatear. Os que me conhecem bem sabem. Ou podem imaginar... ora bolas!!
Mas, tudo bem. Mais exatamente sobre os shows das bandas que me interessavam:


The Flaming Lips

A revista inglesa Q relacionou os Flaming Lips numa lista de 50 bandas que alguém deveria assistir antes de morrer. Não à toa. Um show do grupo de Oklahoma é uma celebração de luzes, cores, bichos de pelúcia e, óbvio, música de ótima qualidade.

Wayne Coyne esteve extremamente simpático e mesmo antes de o show começar, ele passeava pelo palco e saudava o público. Ao menos três vezes, pelo que me lembro.
A apresentação começou aos primeiros acordes de Race for the Prize, e Coyne adentrou sua “bolha interplanetária”, sendo assim atirado ao público. A bolha passou sobre mim e pude tocar e apertar levemente a mão do vocalista, no que eu chamaria de “aperto de mão com camisinha”.



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Uma vez aportado no palco, Coyne juntou-se aos outros lábios flamejantes, Michael Ivins e Steven Drozd, e liderou-os num show inesquecível, com direito a covers de Queen (Bohemiah Rhapsody) e Black Sabbath (War Pigs) – uma “homenagem” ao nosso queridíssimo G.W. Bush. Aliás, War Pigs foi, para mim, o único número questionável. Eles poderiam ter tocado mais uma música própria, sem dúvida. De qualquer forma, pelo set list, quem conhece a banda saberá que não foi nada mal o show, embora curto.

O trio – que, aliás, era um quarteto, levando em conta o baterista Kliph Scurlock, que é membro de apoio da banda – contou também com a presença em palco de vacas, elefantes, outros bichos e dois sóis, ou melhor, pessoas fantasiadas à caráter para a ocasião. Havia também um belo e verde boneco alienígena, possivelmente um desses amigos que Coyne fez em suas viagens interplanetárias. Um instrumento de brinquedo que simulava de forma nada fiel sons de patos e vacas, além de um boneco de mão (deve haver um nome específico para isso), na verdade um boneco de uma freira (que parecia ter dentes de piranha) também divertiram o público.

Bizarro? Surreal? Qualquer palavra é insuficiente para definir esta experiência. Fiquem atentos: quem sabe eles não demorem muito a aparecer em sua cidade?

SET LIST Race for the Prize, Bohemian Rhapsody, Fight Test, Yoshimi Battles the Pink Robots, Cow Jam, Lightning Strikes the Postman, She Don't Use Jelly, Do You Realize, War Pigs.

Iggy Pop and the Stooges

Depois do êxtase da apresentação dos Flaming Lips, confesso que não estava tão disposto a ver o show de Iggy Pop e seus patetas. Mas quando as guitarras começaram a soar, eu não pude me furtar a me encaminhar mais depressa para o palco, depois de ter pego umas cervejas no concorridíssimo bar montado para o festival. Entre pedidos de licença e alguns empurrões (mamãe não consideraria isto um ato apropriado a uma pessoa bem educada...), fui ganhando a frente, até conseguir chegar a um ponto bom, em que Iggy and the Stooges estivessem visíveis. Tá bom, já era a segunda metade do show e perdi muita coisa...

Ainda assim, foi bom o suficiente e não havia o que reclamar da performance do dinossauro Pop. Lá estava ele, com sua justa calça jeans, com sua atitude rock ‘n’ roll e seu jeito inigualável de dançar. Muitos outros cairiam no ridículo. Ele não. Foi estimulante ouvir Fun House, I Wanna Be Your Dog, No Fun e outros clássicos dos Stooges.



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No entanto, Iggy sai do palco, apenas para voltar em poucos instantes e executar o “biz”. Not Right, para ser mais exato. Pede que apaguem as luzes do palco e acendam todas as luzes da platéia. “Quero ver vocês!”. E ele viu.

Rock é isso. Eletricidade. Catarse. Gastar a vida. Vocês sabem.

SET LIST Loose, Down on the Street, 1969, I Wanna Be Your Dog, TV Eye, Dirt, Real Cool Time, No Fun, 1970, Mindroom, Fun House, Skull Ring, Rock Star, Little Doll, I Wanna Be Your Dog, Not Right.

Sonic Youth Ah, como eu corri para assistir Sonic Youth. Sim, porque, as apresentações se deram em diferentes palcos. Se os Flaming Lips tocaram no palco B, assim que terminou a apresentação deles, houve apenas um pequeno intervalo (muito pequeno mesmo) para a apresentação de Iggy Pop and the Stooges no palco A. Portanto, tinha de conquistar um lugar com boa vista para o palco B, onde estariam os senhores e a senhora da juventude sônica.

Pois bem, começaram de forma que considerei menos interessante, porque tocaram músicas dos últimos discos, que não são ruins, mas... menos interessantes. Da metade para a frente, apenas clássicos: Schzophrenia, Bull in the Heather e, aquela que estive aguardando com ansiedade durante semanas, Teen Age Riot. Pensei que poderia ter um enfarto e morrer ali. Estava tudo bem, porque morreria contente. Mas não aconteceu.

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Os clássicos eram hipnóticos e Kim Gordon estava bela, como sempre. Thurston Moore e Lee Ranaldo pareciam sacerdotes de uma igreja que tinha como deus a Guitarra. O show terminou com um longo período de microfonias, como era de se esperar. Não nego: fiquei de queixo caído. Foi melhor do que esperava.


Ainda houve Nine Inch Nails, na seqüência, mas tudo que eu queria era reencontrar os amigos com quem tinha vindo e voltar pra casa. Não queria morrer de overdose de rock, até porque os anos começam a pesar, sim. Meus pés estavam mais que moídos (se bem que todos deviam estar sentindo o mesmo...).
Como nada é perfeito, devo dizer que era uma aporrinhação, nos inícios de show, a presença dos fotógrafos e cinegrafistas na frente do palco. Eles ficavam lá, nos primeiros 10 minutos de cada apresentação, aproximadamente, tirando fotos, filmando e impedindo o público de ver o que tinha de ser visto. Não chegaram a estragar a noite, mas foi desagradável.

Por outro lado, a Chácara do Jockey, local onde ocorreu o festival (raios... tão longe...), não estava tão cheia assim. Se para a empresa que promoveu o evento deve ter havido prejuízo, para o público em geral estava bom. Era possível andar... eh eh eh!! Suponho que seja a proximidade do show de
Pearl Jam (eu não vou, dinheiro não nasce em árvore e tudo isto sai muito caro). Apenas espero que não desistam de promover novos festivais. Este foi ótimo.
Amigos viajantes, espero que tenham viajado comigo e gostado do que leram. Pequeno exercício de causar inveja ou de fazê-los relembrar. Volto em breve, com poesia e outras coisas. Beijos e abraços!!




NA MINHA VITROLA: IGGY POP AND THE STOOGES - 1969 > Down on the Street > Loose > TV Eye > Dirt > 1970 > Fun House > SONIC YOUTH - Sister (Album) > THE FLAMING LIPS - Bohemiah Rhapsody > MERCURY REV - The Secret Migration (Album) > LEONARD COHEN - In My Secret Life > A Thousand Kisses Deep > That Don't Make It Junk > Here It Is.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Mata Adentro


Olá, amigos viajantes. Uma nova paisagem a ser pintada. Quem se habilita a olhar? Não muitos, mas isso nem é tão ruim. Ou é?

Mata Adentro

Página vazia indesbravada,
serei eu o bandeirante
enquanto existirem as palavras.

Facão feito caneta ou teclado.
Sim, qualquer ferramenta
para penetrar floresta adentro.

Tarefa árdua e prazerosa
criar demônios só para descriá-los no
verde-virgem, quase vertigem.

Terra de espinhos, aos pássaros
não permite o canto.

Quero o atrevimento da descoberta,
sem trilha óbvia, criá-la e ir além,
ver-me perdido, reencontrar-me
e prosseguir.

Predadores naturais,
moscas-pais do desânimo,
devoradoras esfinges.

Tudo isto, desafios.
Espera, já imprimo uma resposta!

Páginas como matas a desbravar,
apenas porque pedem.

E eu as quero.


Sim, é isto, meus amigos. E vamos em frente, que a viagem prossegue!! Beijos e abraços!!

NA MINHA VITROLA: DAFT PUNK - Robot Rock > Steam Machine.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Paisagem e Ruídos

Uma paisagem apenas paisagem. E o apenas basta... não acham? :-)

Bonita, muito bonita paisagem aos meus olhos (e espero que aos seus também). Mas agora quero falar de música. O novo CD do Franz Ferdinand tem sido presença constante no meu diskman. "You Could Have It So Much Better" não é tão bom quanto o primeiro, mas ainda assim, vale. Lado a lado, está o CD de b-sides do Les Savy Fav. "Inches" é post-punk dos melhores, com vozes a la At the Drive In. Funciona muito bem e meus ouvidos agradecem. Os sítios:

http://www.franzferdinand.co.uk/

http://www.frenchkissrecords.com/bands_lesSavyFav.html

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Bom, isso é tudo por hoje. Beijos e abraços, amigos viajantes!!

NA MINHA VITROLA: FRANZ FERDINAND - The Fallen > Do You Want To > LES SAVY FAV - Meet Me in the Dollar Bin > Hold on to Your Genre.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Excesso/Crucifixos/Meu Lugar

Poesias pesadas para meus amigos viajantes. Que suportem o peso, então... eh eh eh!! Mas saibam que o peso maior é meu mesmo.

Excesso

Quero me acabar em algum excesso
de cinema ou de cerveja.
Meus cigarros não me bastam
na longa madrugada
ou no dia que me cansa.
A voz canta sozinha em silêncio.
Tenho uma rádio em minha mente,
cujas mentiras me são mais agradáveis.
Este mundo em queda me cansa,
cansam-me as pessoas que dizem que entendem quando não.
Todas aquelas de postura superior, quando todos, independente de postura, estão indo para a mesma e única vala.
Por isso, e por todo o desamor, a ganância,
todo este lixo que cultivamos
nos dias da incerteza, mas com deslumbre,
prefiro me acabar em excessos.

Que ao som da música mais bela venham as moscas e os abutres, para que gente sem méritos não arraste meu cadáver por aí.

No final, é isto que me basta!

Crucifixos

Ao longe a bela e lúgubre procissão de crucifixos.
Todos entoam a mesma canção, chorosos.
Eu, à margem disso tudo,
explodo em palavras.

Viver é cruzar a procissão,
chegar ao outro lado da avenida,
mas os belos e lúgubres crucifixos não permitem,
pois querem engrossar seu coro com minha voz.

No entanto, minhas palavras não servem...
e jamais servirão a eles.
Minhas palavras pedem vida e gozo.
A procissão glorifica a morte, a dor.

Não, eu inteiro não sirvo a eles. Tampouco uma parte.
E, no entanto, desejam-me como um leão deseja a presa.


Para encerrar, uma poesia de outra natureza, à qual dei um tratamento visual diferenciado. A ilustração usada é A Noite de Ícaro, de Aida Corina, pintora espanhola contemporânea (http://www.aidacorina.com/). Confiram:


Bom, isto é tudo. Sem mais pesos. Agora só beijos e abraços, pessoal!!

NA MINHA VITROLA: PEARL JAM - Last Exit > Spin the Black Circle > Not for You > Off He Goes.

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Em Poucas Palavras...

Meus amigos, hoje não lhes digo nada. Apenas deixo este link para vocês:

http://www.screamyell.com.br/outros/dulcedez.htm

Beijos e abraços!!

NA MINHA VITROLA: ALICE IN CHAINS - I Stay Away.