sábado, 29 de janeiro de 2005

Espero que as férias sejam breves

Olá, amigos viajantes... estou aqui para avisá-los que estou sem micro em casa, por isso, estou sem possibilidade de visitá-los durante os próximos dias. Uma vez que o trem travou... (buáá!!) o condutor tira férias... sinceramente, espero que sejam bem breves estas férias e possamos retomar... a viagem ao âmago das palavras!!!

Beijos e abraços!!!

sábado, 15 de janeiro de 2005

Edifício dos Amores Jamais Vividos - Parte 3: Ópio

Olá, pessoal! Continuamos nossa viagem onírica? Sim! Como prometido, aí vai a conclusão:

Edifício dos Amores Jamais Vividos
Parte 3: Ópio


Tomado por inusitada coragem, pulei a janela e todo o quadro se modificou... em todo casal ou grupo havia uma que era minha cristalmusa. Eram tantos... ora ela trepando com o "médico" – o que ocorria na maioria dos casos – ora ela com uma ou outra das lesbirruivas que havia encontrado logo no início de toda esta loucura. Às vezes deitava-se com ela a mulata do quartinho; noutras, o Buda recebia suas carícias. Havia também os grupos em que todos ou quase todos estes personagens participavam. Enquanto todas as minhas musas catastróficas me olhavam lasciva e esperançosamente, olhares de ódio, xingamentos-entre-dentes eram lançados a mim por seus parceiros. Incontáveis vezes os malditos doutores cuspiram em mim, assim como perdi a conta de quantas vezes fui xingado pelas ruivas. Apenas os Budas demonstravam alguma alegria em me ver e chamavam-me a observar melhor o espetáculo. Ela sempre transfigurando-se alvinegricinza, cristalizando-se, ora menina ora velha. Em meio aos gemidos de prazer, ouvia-se um "papai, não faz isso comigo", algum "te amo, minha lesbiquinha voraz", ou ainda um "enlouqueça-me com seu corpo de tragédia". Eu teria fugido atabalhoado e enlouquecido se em determinado momento eu não tivesse encontrado a mim mesmo perdido entre toda aquela putaria. Tomei meu outro eu pela mão e saímos correndo. Eu dizia a mim mesmo: "sabia que você iria me encontrar". "Não poderia ser diferente", respondi.

Avistei a janela que dava para o recinto onde eu me entregaria à minha diva. Para mim, tudo aquilo estava enfim claro, não totalmente, pois a sensação de que esta aventura não estava por terminar simplesmente ali me trazia algum desconforto, o que turvava minha compreensão. Então aqueles eram personagens de sua vida. O "médico" devia ser um pai que abusou de sua inocência, ela deve ter tido aquelas mulheres por amantes, assim como o Buda. Eu era o tal amor que ela guardava para si, mas como eu nunca a vira antes deste dia? Eu estava perdido, e quanto mais eu tentava definir as coisas na minha cabeça, mais perdido me sentia. Precisava concretornar minhas possíveis certezas... e a janela estava ali. Nós, eu e meu outro eu, a poucos passos do pulo definitivo.
(o que fazer quando você tenta inserir espaços mas algo não obedece? gambiarra!!!)
O mundo turvou-se novamente, quando finalmente pulamos a janela... não havia mais o quarto em que minha musa florida me fizera o pedido de ajuda. Apenas mato e árvores. Ela estava deitada na relva, e quando nos aproximamos, percebi próxima de seu calcanhar uma áspide. Minha antiBeatrice já havia sido picada e fracafalava, em absoluto delírio: "meu amor, você voltou... papai, me leva para a cama." O velho estava próximo e chorava, ajoelhado frente ao quase inerte corpo. Encostada numa árvore, uma tumba egípcia se abriu, saindo dela a "Cleópatra", em convulsivo choro, dizendo "minha filhinha, finalmente vai se juntar a mim...". O homem me olhou tristemente e falou: "era tudo ópio, tudo ópio, e é minha a culpa".

Emocionado e compreendendo tudo claramente, improvisei os seguintes versos:

Tomou de mim com suas presas de ópio
O meu amor, víbora sanguinária
Recebe de mim o meu ódio
Por jamais possuir esta diva, torno-me pária
Porque tardei tanto a salvar-lhe
Quando tudo o que eu tinha era solidão?



Expirou a musaminha. Meu outro eu desaparecera. Fundira-se a mim, eu sabia, mas não mais o encontrava. Ela estava perdida, para sempre, e eu também não tinha mais como existir, eu que era apenas seu sonho, eu que seria o alívio de suas frustrações e o antídoto contra todo o veneno em sua alma. Tudo que pude fazer antes de esvair-me em nada, foi chutar a relva e emitir um último lamento de revolta.

Então abri os olhos e vi que minha mãe olhava da porta de meu quarto eu chutar a parede, sonhodespertando.
(não sejam apáticos, pessoal! opinem, amando ou odiando. mostrem que estão vivos!!!)
Bom, pessoal, espero que tenham curtido esta bizarra viagem. Mas, sobretudo, opinem! Em breve, haverá novos textos. Agora, o trem deve partir da estação. Abraços e beijos!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

Edifício dos Amores Jamais Vividos - Parte 2: Tragicorpo

Olá, amigos passageiros! Espero que tenham gostado da primeira parte desta viagem... há um bocado mais pela frente. Divirtam-se!!!

Edifício dos Amores Jamais Vividos

Parte 2: Tragicorpo

Estava aborrecido e queria partir daquele prédio de coisas absurdas. Mas algo dominava minha vontade, mais que o bom senso. Voltei a divisar a rosaporta. Ao abri-la, já não estava ali a mulata. Em seu lugar havia uma velhota magérrima, de tez descolorida. Estava num escandaloso estado de nudez, segurando numa mão uma garrafa de uísque, eu supunha; na outra, segurava uma bengala, que ela utilizou para indicar que eu entrasse no quarto. Tive ganas de sair correndo, mas minha vontade era traída e eu me aproximei. Com que fetihálito ela convidou-me ao ato... jogou longe a garrafa, que se partiu em zil cacos e o líquido espalhava-se pelo chão. Livrou-se também da bengala e atirou-se a sorvelinguar o que se havia derramado. De joelhos, foi-se aproximando novamente do meu eu petrificado. Beijava meus pés e não pude deixar de notar negraranhas em seus brancabelos. O horror vivia ali, mas não tive reação. Permiti que suas mãos subissem com carícias pela minha perna, até encontrar o zíper da calça. De repente despido, membro ereto, ela passava aquela mesma língua com que sorvera o elixir etílico por minha chumborrigidez. Em seguida, engoliu-o e testemunhei aquele rosto ficando a cada momento, a cada chupada, mais e mais cadavérico. Não sei como reuni forças para escapar ao macabrencanto. Sentia-me doente, algo de febril tomava conta de mim e creio que eu, num último átimo de vontade, devo ter me afastado violentamente daquela monstruosidade.

Branco, branco...

A lembrança seguinte é de encontrar-me naquele corredor das portas. Eu deveria ter chamado o elevador e saído daquele hospício, mas novamente não. E novamente fui tomado pela surpresa. Já não havia porta rosada tampouco a alvinegricinza. Eram portas de madeira sem nenhuma pintura e estavam abertas. Com medo, aproximei-me de ambas as entradas e pude ver que os quartos estavam vazios. Janelas abertas para uma claridade insuportável. Então, atentei para a porta do meio. Era de vidro fumé e estava cerrada. Esquecido de toda sensatez, decidi entrar para verificar nova insanidade. Era algo parecido a um quarto de hospital, havia vários leitos e, nestes, bebês. Uma luz intensa e fantasmagórica amplificava o horror, quando percebi que em vários destes leitos estavam casais de recém-nascidos copulando, e os pequeninos tinham dentes pontiagudos, como se fossem demônios. De repente, entrou no local o mesmo senhor que eu vira morto no quarto à direita. Pois ele estava ali, em pé, vestido com um medijaleco branco e postura altiva. Olhou-me com desdém e disse entre dentes: "afaste-se de minhas crianças". Então irrompeu um grito terrível do lado de fora e eu saí, correndo.

Pareceu outra eternidade a espera do elevador. Quando veio, não desceu ao térreo, desobedecendo meu comando e levou-me andares acima. Quando abriu-se a porta do elevador, eis que ela me aguardava. Trajava o mesmo vestido primaveril e eu enxergava vinissabores novamente. "Siga-me", ela disse. E eu me esqueci de todo o horror. Entramos num quarto bem mais amplo que todos aqueles visitados anteriormente, desprovido de móveis e em cujo centro se mantinha sentado um tipo que aparentava um Buda. Ele me sorriu simpaticamente e disse para eu sentar-me ao chão para assistir ao show. Minha inebriante musa serviu-me uma verdibebida de estranhodor e eu agradeci. Então ela começou a se despir, lenta, muuuito lentamente... um pandemônio de ruídos catastróficos entrava pela janela, gritos de horror, prédios que caíam, veículos que explodiam, cavalos alados que resgatavam crianças, monstruosidades de histórias em quadrinhos emitiam rajadas de fogo, tsunamis infernais, além de outros fenômenos inclassificáveis. Tudo isto era refletido em seu corpo, que durante o ritual do strip-tease ganhava cristal-aspecto. Ela se insinuava a mim, mas seus olhares eram para o Buda sentado no meio do recinto. Ele dizia algumas bobagens como "enlouqueça-me com seu corpo de tragédia", E ria, impassível, convidando-me a tocá-la. Era tudo muito bizarro, e não fiz outra coisa além de levantar-me e acariciar-lhe os seios de horror, enquanto ela se livrava das flores e revelava um sexo negro como a treva mais insana. Afastou-me violentamente e continuou a esfregar-se naquela gordimontanha de banha. Eram as mais lascivas carícias enquanto terremotos percorriam a escultura de cristal que era aquela mulher. Não suportando mais tão absurda visão, olhei pela janela do recinto e vi um outro, que revelava-se um harém sem sultão. Ali estavam tantas mulheres se amando que a contagem destas só terminaria em milênios. Eu teria pulado então, quando olhei para trás uma outra vez e vi minha antiBeatrice agora sozinha, chorando. Acerquei-me e perguntei pela razão do choro, ao que ela me explicou que seu grande amor se encontrava perdido no meio de todas aquelas mulheres, e ela me chamara justamente com o intuito de que eu fosse procurá-lo, pois ela já não suportava a tortura da busca nunca levada a termo. "Como eu saberei que é ele?", perguntei. "Você saberá", disse ela.

Bom, meus amigos, espero vocês no próximo post, em que terá o lugar a conclusão desta história pouco convencional para o que estão acostumados a ler aqui. Beijos e abraços! Até breve!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Edifício dos Amores Jamais Vividos - Parte 1: Portas

Olá, amigos viajantes. Neste primeiro post de 2005, quero apresentar-lhes a primeira parte de meu novo conto.Divirtam-se!


Edifício dos Amores Jamais Vividos

Parte 1 - Portas

Abri os olhos e vi que minha mãe olhava da porta de meu quarto eu chutar a parede, sonhodespertando.

Antes, era muito simples, eu sempre passava pela sujiscura rua. Jamais havia visto parada ali tal mulher. Seu vestido tinha as primeiras flores da primavera. Tinha uma boca de promessas e eu enxerguei o sabor de raro vinho. Vi olhos negros como o brilho da última madrugada antes que o sol virasse supernova. E eles me convidavam. Profundos, profundos... pensei... "tenho que ter esta morena". Havia nela um tal componente de Beatrice que imaginei-me Dante, mas não... ela era o antimodelo da pureza e do amor mais simplório. E isto eu também percebi, afinal, era apenas o encanto de uma rameira. Apenas um encanto de rameira... Quando seus cabelos se fizeram fugidios adentrando o portal daquele prédio cinzadecadente, eu a segui e a perdi. Já o interior era vasticheio de luzes, eram ares de shopping center. Eu diante dos elevadores. O ambiente vazio, não fosse minha presença e a de duas ruivadivas que se desfaziam aos beijos. Fiz algum gracejo e recebi xingamentos, ao que chegou o elevador. Entrei, calaram-se vitupérios, fechou-se a porta e, sem saber exatamente, apertei o botão de algum andar.

Ao sair do elevador, vi três portas. A esquerda-primeira, uma porta rosada e de onde se ouviam convidativos apelos. Eu sabia que ali encontraria minha antiBeatrice. Uma vez que meus pés me levaram ao interior do apartamento, vi que era apenas uma peça. Estava lá uma garota, anjamulata de faceira, infernal o corpo. Nua, de quatro, masturbava-se e me esperava. Mas não, não era ela. "Onde encontro a garota que me chamou?". "Ah... ela está no último quarto à direita... você não vem?". "Não, não é você quem eu quero."

Diria, à primeira vista, que era uma porta negra a da direita-terceira, mas vi-a tornar-se em tons de cinza, chegar ao branco e voltar ao negro. Demorei-me um momento de eternidade, apenas observando o ininterrupto fenômeno. Era o maravilhamento e a indecisão de adentrar o quartinho. Passada a eternidade, tomei fôlego e abri a porta. Teso pelo desejo, fui tomado pela surpresa. Era ela. Mas não como eu esperava. Estavam ali também todas as senhoras do mundo, todas as vovós. Elas acariciavam um rosto que eu não via mas sabia que era o dela. Como as senhoras se sucediam nos afagos e nas docipalavras, não conseguia distingui-la, no máximo tinha a noção de que era ela sentada numa cadeira no fundiquarto. Só não enxergava mais o sabor de vinho, mas melodias de musicaixas. Olhei para uma beliche e vi dois corpos inertes. Entendi porque chorava a divaminha. Na cama inferior, uma mulher aparentava Cleópatra vitimada pela áspide. No leito acima, um senhor austero-aparente. Era um tipo caucasiano, de cabelos grisalhos. O bigode igualmente gris multiplicava a expressão de inerte austeridade. Ao examinar-lhe o rosto, os olhos abriram-se com chispas odiosas. Assustei-me e finalmente volvi-me para a criatura que me encantara. Tristeza. Minha diva tornara-se uma garotinha de anjiface e eu só pude soltar uma exclamação: "Inferno!". À minha descoberta, as senhoras voltaram-se para mim e me expulsaram com seus olhares. Despedi-me calado dos sons de caixa de música e dos sustos.

Bom, espero que tenham se divertido... eh eh eh!!! Em breve, publicarei a próxima parte! Abraços e beijos! Até breve!