quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O motor das mortes da alma

Esta poesia surgiu após algumas leituras que vinham ao encontro de algumas impressões minhas que já tinha, inclusive, falado a algumas pessoas. Fragmentos se uniram para formar uma breve visão ainda fragmentada, esta constatação desamparada perante o mundo em que vivemos - talvez um pouco inocente, mas a qual atribuo algum valor. Leiam e concluam por si.


O Motor das Mortes da Alma

O mundo acabou.
E esqueceram de avisar-nos.

Já nem me importo.

Não.
Não é que não me importe.
É que as vezes penso que ninguém percebe. Que não se importam.

Às vezes
estou certo.

E cedo.


Ok, não é uma poesia que "resolva" algo. Não "resolve" coisa alguma. Mas quem diz que a poesia tem que "resolver" qualquer questão? Gosto de seu caráter de "inutilidade" - e tenho pensado muito nesta propriedade do texto poético. Que sejam tão belos e honestos e pueris os versos quanto "inúteis". Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: RONI SIZE - Watching Windows (Ed Rush & Optical remix).

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crônica abdominal

Texto interessante-ou-nem-tanto da semana:


Crônica Abdominal

Algumas pessoas nascem pra ter barriga mesmo.

Antes de ser uma afirmação conformista, é uma constatação. Pois o mundo ficaria muito sem graça se todos aderissem àquela que chamam barriga-tanquinho.

Digo isto porque tive uma barriga grande, maior que a atual. Então fechei a boca, perdi peso. Mas parei.

De perder peso. Sem tampouco voltar a ganhar. No entanto, a barriga permanece. Maior que em alguns poucos momentos, menor que na maioria desse tempo em que tenho preenchido lugar neste mundo.

E, por falar em mundo, faltariam academias a ele. Ou haveria mais academias que igrejas. Não sei se é mais interessante o culto ao corpo ou às divindades. Mas, tanto quanto há igrejas, há um tanto mais de bares no mundo.

Algumas pessoas encontram deus nos bares. E uma barriga personaliza. Isso não é conformista. É ir contra a onda.

Parei de estar às turras com a barriga.

É isso, pessoal, mas não é só isso. Talvez eu acrescente novas ideias. Não é uma edição definitiva, assim como nada aqui no blog o é. Bom, agora vou correr, de qualquer forma. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: ANDRES CALAMARO - Sexy y Barrigón.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O tempo mirrado

Ah, não me dei conta. Digo, até que sim, mas foi quando as coisas passam pela cabeça, num momento em que não se poderia fazer. E, quando se pode, se esquece.

Pois é. Foi em outubro, no começo do terceiro terço do mês agora acabado, que este espaço completou cinco anos. Mas isso é mesmo relevante? Que o espaço exista, tão somente. E sou mesmo ruim de datas, se não me avisam.

Celebremos melhor agora, que a poesia veio espontânea.


O Tempo Mirrado

Porque andamos todos com pressa e,
na pressa, perdemos o pique.

Já não se usa poesia.
Já não se vê além do concreto.
E é por isso que gostei de Brasília,
havia concreto, mas havia mais
céu
e as cigarras acolhiam.

Eis a poesia da pocilga,
a do Pasolini, inclusive.
Consumo,
consumo-me e deixo consumirem.
Antes de sumir, antes de dormir.


Insisto em não morrer.
Entre latas vazias de cerveja
que já devia ter jogado fora
e contas que ainda não pude pagar.

Ou não quis.

Mirror, mirror... o que fez com o tempo?

Na parede, um quadro
com foto de criança
que os amigos insistem em
transformar em motivo de
esculhambação.

Eles têm razão.
Mas também não.

Porque há saudade da inocência.

Mas se quer uma vida selvagem,
venha para a cidade.

Conheça a mulher-fragmento.
Na verdade, conheço algumas
da espécie.
E não há perigo de extinção.
Feras que não devoram.

Como estas linhas,
a poesia-fragmento.

Gosto do meu ritmo,
do que faço.
Ou da falta de.
Mas é que me rendo.
Aceito.
Assino o contrato.

Nos deram espelhos...
e já vimos um mundo saudável,
porque a doença
faz parte de nós.

Mirror, mirror... o que é feito de nós?

Hoje é isso. Amanhã, que não significa o exato dia, tem mais. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: DAVID BOWIE - Joe the Lion.