quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Notas da Mostra - Parte 5

Pois é, o sábado veio. E com ele, o sol, mas também a chuva. Uma beleza atravessar a Paulista pra chegar ao Reserva Cultural todo molhado e assistir O Mundo, por exemplo. Tudo bem, eu não era o único, sobrevivi e todo mundo sobreviveu, creio.

Muitas filas também. O que é inevitável, sobretudo no final de semana. Domingo parecia que todos queriam assistir I'm Not There, no CineSesc. Mas o filme a roubar a cena foi outro.

Destes dias que vou relatar neste post, era de se esperar, segunda foi o dia menos tumultuado, bem menos que o Oriente Médio retratado por Amos Gitai em A Retirada.

Bom, partamos do geral ao específico - que não é tão específico assim, eu sei. Mas vamos lá:

Dia 27
Tudo Isso pra Isso?
Claude Lelouch - França - 1993
Comédia de um dos principais representantes da Nouvelle Vague. Ok, você ri um bocado, mas há um tanto de gratuito e bobo em toda escroqueria que é mostrada ali. Como é o primeiro do Lelouch que vejo, acho que comecei mal.



O Mundo
Jia Zhang-Ke - China - 2004
Sim, O Mundo é um parque de Pequim. Nele, há réplicas de monumentos de todo o planeta, como a Torre Eiffel, as pirâmides do Egito e o Big Ben, entre outros. Mas não há réplicas para o vazio, a falta de perspectivas de um grupo de pessoas que vive em torno do Mundo - melhor dizendo, da China vista pelas lentes de Jia Zhang-Ke. É um tanto cansativo, mas válido.

Em Paris
Christophe Honoré - França - 2006
Terminar uma relação e lidar com isto. Um homem que cai, uma família sem estrutura para lidar com a situação. Bom filme. Mas não mais que isto.






Dia 28

I'm Not There
Todd Haynes - EUA - 2007
Todos os Dylans e todos os nomes. Seis atores para interpretá-lo. Fiquei com medo. Fui conferir. Todd Haynes não consegue dar explicação para todos esses Dylans. E quem conseguiria? Ainda assim, vale! Gostei das interpretações, principalmente de Christian Bale, Cate Blanchett e do menino Marcus Carl Franklin.



Tabu
F. W. Murnau - EUA/Alemanha - 1931

Último filme de Murnau, antes que um acidente de carro lhe tirasse a vida. Vemos aqui mais romantismo com cara de Hollywood que expressionismo alemão (aliás, esqueçam Nosferatu, por exemplo). Não é ruim, mas também não empolga. Nem a trilha sonora, executada ao vivo. Esperava mais da experiência...

A Vida dos Outros
Florian Henckel von Donnersmarck - Alemanha - 2006
Este eu já conhecia. O que eu não sabia é que ganharia ainda mais na telona do cinema. Tudo o que eu falar será pouco. Apenas digo que, ao final da sessão, tiveram lugar os aplausos mais efusivos que presenciei até o momento durante a Mostra. E, desta vez, eu era um dos que aplaudiam.




Dia 29


Across the Universe
Julie Taymor - EUA - 2007
Ok, houve alguns exageros em termos de efeitos e as músicas não ficaram tão legais (é difícil mexer com repertório dos Beatles, certo?). Mas, deixando o aspecto crítico, deixei-me levar pela história, que não é ruim, não. Dose é ouvir o Bono Vox estragando I'm the Walrus - e ele ainda quer "salvar o mundo"...



A Casa das Belas Adormecidas
Vadim Glowna - Alemanha - 2006

Um velho solitário conhece uma casa misteriosa, onde pessoas como ele dormem com jovens lindas e "adormecidas" (leia-se drogadas por uma sinistra cafetina). Ali, ele reflete sobre solidão, velhice, juventude, amor e sexo. Um destes filmes que você escolhe por uma rápida lida na sinopse porque quer preencher o horário livre, mas acaba tendo uma grata surpresa.

A Retirada
Amos Gitai - Israel/França/Alemanha/Itália - 2007

Num ambiente brutalizado, onde se dá o conflito entre israelenses e palestinos, não há espaço para a construção de laços. Há apenas tempo para a retirada. Mais uma vez, lembrei que é tão mais fácil destruir que construir. Trabalho perturbador e necessário de Amos Gitai.



Bom, pessoal, até o final da semana retorno com mais Notas da Mostra, relatando os nove últimos filmes vistos. Aqui deixo pra vocês beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: TOM VERLAINE - The Grip of Love > YO LA TENGO - We Are an American Band > BELLE & SEBASTIAN - The Boy Done Wrong Again > AMELIA - Adiós > STEREOLAB - Sudden Stars.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Notas da Mostra - Parte 4

Dia mais tranquilo, sem grandes correrias. Aliás, o último dia em que vejo apenas dois filmes. Daqui por diante, serão três por dia, a não ser que alguma emergência me atrapalhe.

Bom, vamos lá. Hoje foi assim:

Dia 26

Balada Branca

Stefano Odoardo - Itália - 2007

Belo filme sobre o ocaso da vida. Ela vai morrer, ele aguarda ao lado. Cada pequeno gesto tem seu sentido definitivo. Lembranças, enquanto a morte espreita o casal idoso. Dos filmes que vi até agora, é o que mais me lembra um tipo de cinema que não se produz mais. Penso que tem ecos de Bergman e de Cocteau. Talvez sejam influências importantes ao diretor.


O Passado
Hector Babenco - Argentina/Brasil - 2007
Após a separação, mulher persegue ex-marido e todas as tentativas de ele reconstruir sua vida vão por água abaixo. Bom filme, mas pareceu-me que algumas pontas ficaram soltas... Gael García Bernal gravou cenas na estação da Luz e no Pavilhão da Bienal, aqui em Sampa.



Bom, hoje é isso! Um final de semana repleto de cinema vem aí. Aguardem novidades, pessoal. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: FITO PÁEZ - Polaroid de Locura Ordinária.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Notas da Mostra - Parte 3

A noite de ontem foi terrível, pois a sessão de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias já começaria muito tarde, às 22h. Isto na teoria, porque houve um atraso de 20 minutos. Pequeno até... e eu juro que tinha lido num dos guias publicados sobre a Mostra por algum jornal que o filme durava 100 minutos. Bom, na verdade dura mais uma dezena de minutos.

Foi o suficiente para eu perder o último Metrô da noite. E eu, que sou anti-carro convicto (às vezes dá vontade de mudar de idéia, mas é só em ocasiões como estas...), tive que depender do ônibus que me levaria até o Terminal Pq. Dom Pedro. Por sinal, quase uma hora no ponto, não veio. Nem viria mais.

Mais de uma da madruga e cansado o suficiente pra não querer descer a Consolação à pé, chamei um táxi. Encontrei um hotelzinho ali perto da Pça. Roosevelt e foi lá que demorei uma hora a dormir, pra acordar às 5h e voltar pra casa, trocar de roupa, ver a cara da velhinha, essas coisas... e, depois, maratona de novo. Ou seja, umas três horinhas de sono no hotel.

Bom, mesmo quando estou muito cansado, quando chego em casa, dou uma fuçadinha na net. Em vez de dormir, empolguei-me e escrevi a Parte 2 das Notas da Mostra. Até formatar tudo como queria... e como sou teimoso quando quero! Resultado: dormi mais uma miserável hora antes de correr pelo asfalto molhado pelas garoas insistentes de Sampa.

Mas, como eu disse, sou teimoso. E o resultado é este:

Dia 25

Para Ler Depois de Eu Morrer

Morgan Dews - EUA/Espanha - 2007
Uma colcha de retalhos. Isto é que é este filme. Ou pior: uma série de depoimentos em áudio e vídeo que a avó do diretor guardou para que fossem revistos apenas após a sua morte. Tudo acerca da relação conflituosa com o marido e os quatro filhos. O problema é que tudo é muito chato. Não há ninguém com carisma naquele grupo de pessoas comuns tornadas personagens. Não ajudam as condições de áudio/vídeo, pois o material é antigo demais e de alguma forma se deteriorou; assim como não ajuda a trilha sonora equivocada, que mais caberia num filme tosco de horror. Pode ser que este filme tenha alguma relevância para a família norte-americana média, para que se lembrem que a instituição família estava em xeque já nos anos 60. Sei lá... talvez nem isso. Se por acaso este filme entrar em circuito comercial e, por engano, alguém entrar na sala que o estiver exibindo, fica o aviso pra sair rapidinho, antes que morra de tédio... ou de irritação. Foi o que fiz: saí.

Atrizes
Valeria Bruni-Tedeschi - França - 2007

Deliciosa e típica comédia francesa, que não deixa de ter seu quê de drama. Marcelline é atriz de teatro e tem problemas para interpretar sua personagem no Turgenev que seu grupo encena. Ela está completando 40 anos e, embora os homens ao redor se interessem por ela, não consegue escolher um que possa fazer-lhe um filho. Vê e conversa com o pai morto e negocia com a Virgem. Nada ao som de Glenn Miller e nada muda em sua vida. Valeria Bruni-Tedeschi acertou a mão tanto na direção como na atuação. Espero que entre em circuito comercial. Dá vontade de assistir seguidamente.

Aspecto bom: gato escaldado que sou, troquei todos os ingressos de filmes que começavam muito tarde (o espanhol El Orfanato e o japonês Sukiyaki Western Django) por ingressos de outros filmes em outros horários - e nos meus planos entraram o norte-americano Paranoid Park, de Gus van Sant (na verdade, voltou aos planos), e o francês Caixas, de Jane Birkin.

Descansando um bocadinho mais hoje, amanhã vou estar mais inteirão para os filmes. E domingo tem Tabu, o último filme de F.W. Murnau, de 1931, com direito a orquestra interagindo ao vivo, como nos tempos de cinema mudo. Nem meu pai tinha nascido ainda. Mas eu estarei lá!

NA MINHA VITROLA: NORMA - Educación > NY > PC.

Notas da Mostra - Parte 2

Praticamente uma semana de cinema e a rotina continua... correrias, refeições rápidas, as amizades circunstanciais, os reencontros fortuitos e os filmes... sim, os filmes!

Se a vida pudesse ser sempre assim... mas hoje a maratona chega à metade e devo me preparar para voltar, daqui a oito dias, a uma rotina que não é tão prazerosa.

Bom, verei o que fazer depois. Por enquanto, tratamos de cinema, certo?

Dia 22

Atrás das Nuvens
Jorge Queiroga - Portugal - 2006
Garoto vai atrás do avô que não conhece e descobre a verdade sobre a morte de seu pai por causa de um carro mágico. Bem "Sessão da Tarde", certo? Sim, é mesmo.



Defensores do Paraíso

Yoram Porath - Equador - 2007
Documentário do israelense Yoram Porath sobre como empresas petrolíferas têm tomado o território dos índios Houarani, na região amazônica do Equador e como essas empresas têm afetado o meio-ambiente.







Dia 23


Longe Dela
Sarah Polley - Canadá - 2006
Até o momento, a surpresa mais agradável da Mostra. Direção sensível, atuações soberbas de um elenco sexagenário (destaque para Julie Christie, ainda bela em seus 66 anos) que não assustou a diretora estreante e atriz de filmes como Minha Vida sem Mim, A Vida Secreta das Palavras e Estrela Solitária. A película entra naquela categoria triste-porém-belo.

Inútil
Jia Zhang-Ke - China - 2007
Documentário sobre a indústria da moda na China. Talvez não impressione a nós, pois estamos acostumados à destacada cobertura que a mídia dá a tudo que envolve moda. Mas é outra coisa num país em constante mutação - o grande mote do cinema de ficção e de documentários de Jia Zhang-Ke.







A Via Láctea

Lina Chamie - Brasil - 2007
Quando li pela primeira vez sobre o filme, torci um pouco o nariz, confesso. Mas resolvi dar uma chance ao filme e não me arrependo. Questionamentos sobre um romance e o trânsito de São Paulo mesclam-se numa estética surreal. Vale a pena.




Dia 24


L'Orchestra di Piazza Vittorio
Agostino Ferrente - Itália - 2006
O documentário mostra o surgimento, desde a busca por músicos até as primeiras apresentações, da Orquestra da Praça Vittorio, formada por imigrantes de várias partes do mundo que vivem em Roma. São cubanos, tunisianos, argentinos, equatorianos, indianos, senegaleses, entre outras nacionalidades, todos talentosos e que, juntos, criam todo um caldeirão étnico-musical muito interessante.



Sobrevivendo à Minha Mãe

Émile Gaudreault - Canadá - 2007
Clara cuida de sua mãe, que tem câncer de estômago. Certo dia, a moribunda queixa-se por não conhecer, de fato, a filha. Após o trauma da morte da mãe, Clara tem de voltar suas atenções para a filha, Bianca, bela jovem que possui uma vida secreta. É justamente neste ponto que Clara terá de lidar com fantasmas e remorso. Um filme marcado por diálogos intensos.


O Resto É Silêncio

Nae Caranfil - Romênia - 2007
Amor e ódio. Comédia e drama. Realidade e ficção. Todos estes ingredientes se misturam neste agradável, apesar de longo (140 minutos), filme romeno que de certa forma presta tributo às origens do cinema no país.



4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

Cristian Mungiu - Romênia - 2007
Filme denso, tema polêmico - aborto numa Romênia sob o domínio comunista (embora a questão política não seja explícita, pois o filme faz parte de um grande projeto no qual as obras retratam o período comunista sem abordá-lo diretamente). Justíssima a Palma de Ouro no último Festival de Cannes.


E a Mostra prosseguirá hoje! Dá-lhe boa correria... eh eh eh! Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: INTERPOL - Mammoth.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Notas da Mostra - Parte 1

Bom, como vocês sabem, tenho acompanhado a 31ª Mostra Internacional de Cinema. Como marinheiro de primeira viagem nessa coisa de ver tantos filmes num período de tempo, minha programação nos primeiros dias foi um pouco caótica. Corri de um lado pra outro, tive que pegar táxi numa ou noutra ocasião... isso sem contar com os atrasos da própria Mostra, o que faz você correr mais ainda, algumas vezes. Mas vale a pena!

Agora, é claro, estou ficando mais esperto e escolho filmes em salas próximas, isso quando não fico no mesmo espaço. E, claro, eu tinha uma programação inicial, mas como ela tem mudado... eh eh eh!

Ainda que já esteja sentindo o cansaço de toda a correria, vale mais a empolgação de ter contato com tantas culturas diferentes através da telona.

Eis aqui um resumo do que vi até agora:

Dia 19

Djéli
Fadika Kramo-Laneiné - Costa do Marfim - 1981
O primeiro filme que vi na mostra é um típico drama eles-se-amam-mas-a-família-não-permite, só que em versão marfinense. O final drástico prejudica o filme.






Las Vidas Posibles

Sandra Gugliotta - Argentina - 2006
Marido desaparece e esposa segue seu rastro até a Patagônia, numa busca que a leva ao desespero e à loucura. Clima tenso e fotografia belíssima. O trabalho do elenco valoriza o filme, então fica fácil gostar. Foi o primeiro filme da Mostra que me fez pensar "Caralho!". Tanto pela qualidade como pelos problemas técnicos com legendas, que fizeram a projeção ser interrompida por 5,10 minutos...



Amor Pulsa Mais Rápido que Sangue

Hideki Kitagawa - Japão - 2007
Voltando para casa, eu ainda não tinha definido se gostara do filme (tampouco sei agora). Uma história de amor, não linear, não tradicional. Cenas belíssimas alternadas de cenas horripilantes em que os dois que se amam, interpretado pelo próprio diretor e por uma atriz simplesmente chamada Mihiro (lindíssima de ver), durante as transas, se cortam e sugam o sangue um do outro, num ritual em que eles acreditam que assim se tornam mais íntimos, realmente unos. Várias pessoas abandonaram a sala. Tanto sangue é pra poucos. Alguns preferem Hollywood.



Dia 20


Do Outro Lado
Fatih Akin - Alemanha/Turquia - 2007
Os filmes de Fatih Akin não são daqueles que ganham o espectador logo na primeira cena, mas no decorrer da projeção. Este Do Outro Lado, que sucede o cultuado Contra a Parede (bom, entre eles há o documentário O Som de Istambul...), é dividido em três segmentos. Levando em conta o que realmente interessa nesta história, os segmentos 2 e 3 são mais interessantes. Parecido um pouco com o Babel, do Iñarritu, há várias histórias que se cruzam, repletas de desencontros, paixão, política, arrependimentos, conflitos familiares. E, claro, mais uma vez a conexão Alemanha-Turquia está presente. Foi aplaudido após o término e, embora tenha gostado do filme, não acho que era o caso. Ainda prefiro Contra a Parede.



Control

Anton Corbijn - Inglaterra/EUA - 2007
Não esperava tanto. No entanto, ao fim da sessão, estava com os olhos úmidos. Não sei o quanto o roteiro foi fiel à vida de Ian Curtis mas, assumindo que o que está no filme mostre a verdade, penso no quanto pode ser difícil suportar tal estilo de vida.



Dia 21


A Era da Inocência
Denys Arcand - França/Canadá - 2006
O filme começa bem, até. É a história de um homem de meia-idade que tem uma vida sem graça, um trabalho sem graça, uma família que não se importa com ele... então ele vive em sua fantasia. Ali, ele é um escritor famoso, pega todas as mulheres... É um escracho só. Mas de tanto escracho, estraga. A gente não vê a hora de o filme terminar. Melhor rever As Invasões Bárbaras.



Até Logo, Coração

Stefan Hillebrand e Oliver Paulus - Alemanha/Suíça - 2006
Filme que mostra a história de um enfermeiro que deixa Berlim, pra esquecer sua compulsão por sexo. Vai trabalhar num asilo em Mannheim, onde acaba repetindo os mesmos erros. O elenco de velhinhos é simpático e a trilha sonora, apresentada pelos "músicos-fantasmas" surgidos da imaginação de uma das internas é muito interessante.




Por enquanto é isto, pessoal. Desculpem-me por eventuais erros, pois posto com pressa. Depois volto com mais impressões sobre os filmes que tenho visto. Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: SUBURBAN KIDS WITH BIBLICAL NAMES - Noodles.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Cinema

a partir de amanhã, férias

de tudo:
aves de rapina
paredes que se fecham

o coração que
rompe
a grande máquina que mói carne humana

os sufocamentos diurnos
as fugas noturnas
os caminhos imprevistos

mas também dos amigos que fiz nestes caminhos

fôlego, principalmente, para escapar da impossibilidade de compreensão de tudo por meio daquilo que tenho mais próximo e que apenas dói

viajarei por novos-velhos sonhos-pesadelos em movimento

vou, mas volto

claro, sempre pra vocês



Não, pessoal, não é nada que mereça tanto drama, mas não resisto à palavra.

Apenas vou me ausentar um pouco do mundo real por uns dias e mergulhar no mundo do cinema. Tenho um pacote de 40 filmes da 31ª Mostra Internacional de Cinema de Sampa. E vou aproveitar o máximo que puder. Serão, em média, três filmes por dia, ou 10% dos filmes que participam da Mostra.

É também uma forma de descansar e esquecer acontecimentos recentes e uma pressão infundada por parte de quem poderia e deveria apoiar - mas isto não pode ser tão importante.

Ainda assim, escapo. Escapo porque preciso. E quero.

Pretendo, na medida do possível, de preferência diariamente, postar aqui detalhes dos filmes que verei. Portanto, este deve ser o único espaço virtual onde permanecerei presente durante o período.

E, sim, volto pra vocês. Sempre!

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Que Mala Suerte!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Naturaleza

Um dia, um pequeno gesto...

Hoje, dia 15 de outubro, blogueiros do mundo todo estão se unindo para colocar um assunto importantíssimo em pauta. Em 2007 o assunto é o meio-ambiente.

Há gente que se importa e promove a iniciativa. É essa gente aqui, do Blog Action Day. Conheçam mais a respeito e, se puderem e quiserem, participem.

Sei que uma parte de vocês, leitores amigos, quando possuem um blog, têm algo relacionado a artes. Aí fica fácil. Somos criadores, afinal.

Caso não seja bem assim, alguma adequação pode ser feita: num blog sobre finanças, por exemplo, poderia ser postado algo sobre como economizar em casa a partir de idéias bastante viáveis de economia ambiental. E assim prossegue... sempre se pode usar a imaginação.

Aí vai minha singela participação:


Pode ser que nossos próprios venenos nos matem. Pode ser tarde demais. Pode ser de menos.

Respiramos ainda. Quem sabe?

Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: THE VERVE - Sonnet.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O livro de nossos dias

Caramba... eu nem tinha me dado conta!

Simplesmente me abateu uma tristeza no início da madrugada e me deu vontade de ouvir Legião. E assim... num 11 de outubro Renato foi embora. Há 11 anos. E, agora, 11 anos e um dia.

Bom, como acredito que muito sobre ele já foi dito, fica aqui o meu tributo, três letras de canções da Legião Urbana - algumas das que mais me tocam.

Sem mais delongas, aí vão:

L’avventura
quando não há compaixão >
ou mesmo
um gesto de ajuda > o que pensar da vida > e daqueles que sabemos que amamos?
quem pensa por si mesmo
é livre > e ser livre é coisa muito séria > não se pode fechar os olhos > não se pode olhar pra trás > sem se aprender alguma coisa pro futuro.

corri pro esconderijo > olhei pela janela > o sol é um só > mas quem sabe são duas manhãs > não precisa vir > se não for pra ficar > pelo menos uma noite > e três semanas.

nada é fácil > nada é certo > não façamos do amor > algo desonesto > quero ser prudente > e sempre ser correto > quero ser constante > e sempre tentar ser sincero.

e queremos fugir > mas ficamos sempre sem saber.

seu olhar > não conta mais histórias > não brota o fruto e nem a flor > e nem o céu é belo e prateado > e o que eu era eu não sou mais > e não tenho nada pra lembrar.

triste coisa é querer bem > a quem não sabe perdoar > acho que sempre lhe amarei > só que não lhe quero mais. > não é desejo, nem é saudade > sinceramente, nem é verdade.

eu sei porque você fugiu, mas não consigo entender...
eu sei porque você fugiu, mas não consigo
entender...


Andrea Doria
às vezes parecia >
que de tanto acreditar > em tudo que achávamos tão certo... > teríamos o mundo inteiro > e até um pouco mais > faríamos floresta do deserto > e diamantes de pedaços de vidro...

mas percebo agora
> que o teu sorriso > vem diferente > quase parecendo te ferir... > não queria te ver assim > quero a tua força > como era antes.

o que tens é só teu
> e de nada vale fugir > e não sentir mais nada...

às vezes parecia > que era só improvisar > e o mundo então seria > um livro aberto... > até chegar o dia > em que tentamos ter demais > vendendo fácil o que não tinha preço...

eu sei é tudo sem sentido!


quero ter alguém > com quem conversar > alguém que depois > não use o que eu disse > contra mim...

nada mais vai me ferir
> é que eu já me acostumei > com a estrada errada > que eu segui > e com a minha própria lei...

tenho o que ficou > e tenho sorte até demais > como sei que tens também...


O livro dos dias
ausente o encanto antes cultivado
> percebo o mecanismo indiferente > que teima em resgatar sem confiança > a essência do delito então sagrado.

meu coração não quer deixar
> meu corpo descansar > e teu desejo inverso é velho amigo > já que o tenho sempre a meu lado.

hoje estão aceitas pelo nome > o que perfeito entregas mas é tarde > só daria certo aos dois que tentam > se ainda embriagado pela fome > exatos teu perdão e tua idade > o indulto a ti tomasse como benção.

não esconda a tristeza de mim > todos se afastam quando o mundo está errado > quando o que temos é um catálogo de erros > quando precisamos de carinho, força e cuidado.

este é o livro das flores > este é o livro do destino > este é o livro de nossos dias > este é o dia de nossos amores.

E se sou um pouco assim, um criador - ou tento ser - é por que houve, entre outros, um Renato Russo.

Beijos e abraços, pessoal!

O livro dos dias

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Promessa

Porque a busca prossegue. Porque o risco também. Gostaria que encontrassem um fragmento de vida nesta poesia...


Promessa

todos os sentidos
na avenida
as sensações
despertadas

e esquecidas
no outro momento


há vida

no andar daquela mulher
na fumaça que sai
da xícara de café
no riso adolescente
que se desfaz
antes de se tornar adulto

no ruído dos aviões
que voam para longe
qualquer lugar
no canto dos pássaros
presos em gaiolas
um novo mar
um novo onde
e o desejo existe

ouço todos os novos sons
em velhas notas
estancado
como se fosse morte
não é verdade
onde há você
haverá vida?
haverá alguém?

por fim, o gole na cerveja
a volta ao lar
alguma conversa sobre contas
e as roupas sujas
que não sei onde jogar
noutro dia
haverá... vida


Não sei se encontraram fragmento algum de vida aqui, mas encontrem meus beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: AMELIA - Desencuentro > Everytime, Anytime > Walk in a Wire > Fa Sostenido.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

As culturas

Dois fatos. Duas culturas diferentes. Claro, não se pode dizer que é sempre assim aqui. Não se pode dizer é sempre assim lá.

Mas, na maioria das vezes... bom, confiram esses dois links:

Membro de organizada agride técnico - em São Paulo

Craque de futebol atropela menino - em Liverpool


E então? Que lhes parece? Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: THE ROLLING STONES - Gimme Shelter.

O desafio

Olhem aqui, isso tudo é culpa da Sacanitas, que me desafiou. Não olhem pra mim. É um desafio. Vocês vão entender. Alguns vão até gostar!

Susan, rodeada de amigas ou de gente que acabava de conhecer, explicava mais ou menos como seria sua casa nova, mas chateava-se lamentavelmente cada vez que comprovava que Juan Lucas não estava a seu lado.

Echenique, Alfredo Bryce. Um Mundo para Julius. Rocco, 1987; p. 161.

As regras deste desafio são:

1. Pegar o livro mais próximo.

2. Abri-lo na página 161.

3. Procurar a 5ª frase completa.

4. Postar a frase no blog (lembre de colocar um link de retorno/trackback).

5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo).

6. Repassar o desafio para cinco blogs:

Canetas

Circo da Poesia

Literatus

Ann Nothing

Auto-Sugestão



Amigos escolhidos, sintam-se desafiados. Quero ver o que vocês aprontam. Beijos e abraços a todos!

NA MINHA VITROLA: VIVE LA FÊTE - Tout Fou > TRAVIS - Colder > LUDOV - Ciência.