quinta-feira, 22 de junho de 2006

Gestalt/Esperança/Tsunami

A vida fluindo entre o doce e o amargo. Entre o deleite e o asco. A euforia e o vazio. As palavras vêm. Podem se ausentar por um tempo, mas vêm. O que trago hoje a vocês, amigos viajantes, é um pouco mais do que tenho escrito nos últimos tempos, mas que, por preguiça ou desânimo, havia omitido. Bom, sem mais introduções. Que venham as palavras!

Gestalt

há todas estas vezes
em que fico parado
olhando
apenas olhando
quase vazio
a placa de saída
numa porta de metrô
"mantenha-se à direita", ela diz
e quando alcanço meu destino
é como se eu acordasse de um sonho

um sonho vazio, é verdade,
ou o sonho é um lugar repleto de cinza
onde a maior audácia
é sobreviver

entre faces sem expressão
busco mais, um pouco mais do que a rotina me dá
um mais que nem as palavras traduzem

um gesto de... de vida!
algo que seja real

mais real do que as explosões da semana passada,
quando o cinza tornou-se vermelho
e medo

é assim, entre um algoz e outro, que caminho
repetindo a cena
e observando
vazio
a placa de saída do metrô

_

Esperança

amanheceu suicida pelo cheiro das flores que não há

numa paris mítica que, na verdade, tinha odor ruim

buscava o que nunca encontrara

e se encantou pela ilusão, mais de uma vez

mas foi assim...

a poesia estava morta

antes de seu nascimento

e um dia se deu conta.

não pôde suportar...

_

Tsunami

quero a poesia selvagem

tal qual "born to be wild"

a poesia mais rock, mais roll

que role com a alma que o rock não tem mais

a mais autêntica e espontânea

fórmulas são refutáveis

até segunda instância

poesia, a mais largada

a que desça rasgando

como a vodka de Maiakovski

a poesia-profanação, que seja um estupro aos olhos dos fracassados que pensam ser os donos da arte e da verdade

mas, não... não são donos da arte, não a entendem

tampouco são donos de si. deslumbram-se fácil, fácil...

busco a poesia que seja o monte calvário

a gehenna

o nono círculo

que seja o inferno a minha paz

a poesia com cara de calotas polares se derretendo

com ares de tsunami

e quando eu me der por satisfeito com a busca

por direito, simplesmente merecerei meu descanso

e irei para casa, dormir...

_

That's all, folks! Beijos e abraços!

_

NA MINHA VITROLA: FOO FIGHTERS - Learn to Fly > Gimme Stitches > Generator.

4 comentários:

Anônimo disse...

Hermanito! Viagei contigo nessa manhã ainda fria de uma cidade besta e desconhecida!
Até a noite!
Biseaus

Anônimo disse...

ops.... errei... viajei.. fudeu! agora serei banida do prophanos!

Anônimo disse...

Começo a achar que o sonho
é mesmo um lugar repleto de cinza
em que a maior audácia
é sobreviver.



Abraço!

Anônimo disse...

não li tudo, confesso! mas há tempos não te lia... escrevendo mais em primeira pessoa, hein.... talvez tenha se descoberto??? talvez não... eu ainda escrevo em terceira...