Dessas coisas que não são novidade. Mas sempre retornamos. Ou sempre querem retornar. E por isso, fazem-se canções, escrevem-se livros, criam ficções. E mesmo a alma mais imune - bem, ela não é tão imune assim - acaba cedendo. Em algum momento. Ou ri cinicamente escondendo o que há de verdade: a lacuna.
Retornemos ao velho e universal tema, sem o medo de não soar original. Que há algo que é comum a todos. E o que é comum também pode ser bonito. Espero que seja bonito.
Do nada ao risco
O desejo dos tímidos
é qualquer coisa
que não é amor,
senão explodiria.
Porque amor, pra ser o que é,
explode.
Ele sempre se dá,
ainda que não seja retornado.
É compreensão
e também o desejo
da posse. Mas se não há a manifestação do desejo,
o que é?
Ilusão paupérrima,
penúria da alma.
O sujeito implode
e recolhe ruínas silenciosamente.
O que não ama está morto.
Mantém os olhos fechados
pras maravilhas
e também pro que é mesquinho e feio.
É seguro. A morte é segura.
É preciso amar alguma coisa.
Ou pessoa.
É preciso amar alguma coisa.
Mesmo o lugar-comum destas palavras.
Vida é risco.
E assim é melhor.
Por isso rabisco lugares-comuns no papel
e vou do nada ao risco.
Também assumo a importância
de retornar do risco ao nada.
Pra tomar fôlego.
Pra seguir com o espetáculo.
Dia após noite, noite após dia.
É preciso amar alguma coisa.
Que não lhes falte amor. Ou vontade. Beijos e abraços, pessoal!
NA MINHA VITROLA: ANTONY & THE JOHNSONS - Her Eyes Are Underneath the Ground.
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
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