quinta-feira, 7 de julho de 2005

O Tango

Caros amigos de viagem, aqui estou novamente. Uma poesia "entrefases" para vocês, ok? Confiram!!

O Tango

Hoje tudo o que tenho
Tudo o que sou
É a voz triste de algum tango
Pois ainda lembro
Toda vez que saio de casa e chove
A chuva de um último encontro
E dois tão próximos sob um guarda-chuva
Além de todos os momentos
Agora estou alheio e nada mais me importa
Não pertenço a nada, a ninguém
Mas seria bom que fosse diferente
Para que surgissem poesias e canções mais alegres neste ar sombrio e fétido

Hoje tudo o que quero
Tudo que sou e posso ser
É o som trágico do bandoneon
Porque todas as palavras (não) se encontram
Jogadas ao ar, sem parecer que possam ser reunidas outra vez como num quebra-cabeças
Não serão jamais letras de música ou poesia
Um incêncio destruiu a casa de um amor e aquele jardim...
Não sobrou uma pétala...
Agora compreendo que talvez a única realidade possível,
A única que não vai doer,
Se encontra fora da realidade

Não queria ser a voz de um cantor de tango
Ou o trágico som do bandoneon
Hoje eu sou mais...
Mais do que nunca quis

Hoje eu sou o próprio tango

Bom, amigos viajantes, é isso, por ora!! Espero encontrá-los para a próxima viagem em breve. Beijos e abraços!!

NA MINHA VITROLA: Andres Calamaro - Malena > The Rolling Stones - Brown Sugar.