O que eu quero pra fechar bem esse ano?
É isso que eu quero. E, talvez, boa companhia.
Beijos e abraços, pessoal!
Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia. Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA. Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula. Contatos em palavratomica@gmail.com
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Fragmento-momento
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Ao longe, as chamas
Um delírio, apenas um delírio de apocalipse onde comparecem Serge Gainsbourg, Hieronymus Bosch e Julio Cortázar e sua autoestrada do sul (leiam Todos os Fogos o Fogo, ótimo livro de contos do autor argentino nascido na Bélgica de... Bosch). Apenas um delírio que se converte em algo que vocês encontram aqui, neste instante.

Quando tudo estiver,
por fim,
em seu fim,
quero estar numa planície gramada,
longe do jardim de concreto,
da cidade que devora as carnes.
As pessoas se espremerão nos trens,
em desespero, quando
o céu ganhar uma cor inédita.
Estarei ao longe.
Já estarei quando a autoestrada do sul estiver congestionada.
Tocará Gainsbourg na minha rádio,
haveria amigos, poesia
e algo mais para beber.
Em fartura.
Não, não será como quero.
O último espetáculo não será assim.
É, provavelmente não será, mas permitam-me imaginar.
Imagino, com permissão ou não.
Na minha mochila velha e suja
carregarei tudo que tiver havido:
prazeres, alegrias e, porque um cara não pode prescindir disto,
também levarei os fracassos.
A memória. Brindemos à memória.
Rumo ao nada definitivo.
Num instante entre deslumbramento e deslumbramento,
questionarei a razão de tudo isto, desta existência.
Por que estar no mundo quando se sabe que tudo desaparecerá?
Não sei, não compreendo. Sei que estou, por ora.
E terei aproveitado jatos de esporádicas alucinações de felicidade
entre os enormes blocos de rotinas suportáveis e outras menos.
Que seja incomum o fim,
vislumbrando as sufocantes chamas que consomem os arranha-céus.
Que os amigos bailem,
que o último sorriso venha fácil
antes de desaparecermos na névoa do todo que se conclui.
Beijos e abraços, pessoal!
NO VHS

Ao Longe, as ChamasSelo somali com detalhes de O Inferno, parte do tríptico
O Jardim das Delícias, de Hieronymus Bosch.
Quando tudo estiver,
por fim,
em seu fim,
quero estar numa planície gramada,
longe do jardim de concreto,
da cidade que devora as carnes.
As pessoas se espremerão nos trens,
em desespero, quando
o céu ganhar uma cor inédita.
Estarei ao longe.
Já estarei quando a autoestrada do sul estiver congestionada.
Tocará Gainsbourg na minha rádio,
haveria amigos, poesia
e algo mais para beber.
Em fartura.
Não, não será como quero.
O último espetáculo não será assim.
É, provavelmente não será, mas permitam-me imaginar.
Imagino, com permissão ou não.
Na minha mochila velha e suja
carregarei tudo que tiver havido:
prazeres, alegrias e, porque um cara não pode prescindir disto,
também levarei os fracassos.
A memória. Brindemos à memória.
Rumo ao nada definitivo.
Num instante entre deslumbramento e deslumbramento,
questionarei a razão de tudo isto, desta existência.
Por que estar no mundo quando se sabe que tudo desaparecerá?
Não sei, não compreendo. Sei que estou, por ora.
E terei aproveitado jatos de esporádicas alucinações de felicidade
entre os enormes blocos de rotinas suportáveis e outras menos.
Que seja incomum o fim,
vislumbrando as sufocantes chamas que consomem os arranha-céus.
Que os amigos bailem,
que o último sorriso venha fácil
antes de desaparecermos na névoa do todo que se conclui.
Beijos e abraços, pessoal!
NO VHS
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A ordem antinatural das coisas
Produto de um sonho ruim, esta poesia. Produto de uma realidade cada vez menos real, esta poesia. Um pequeno pedaço de pesadelo que agora ofereço a vocês.

A Ordem Antinatural das Coisas
hoje tive um sonho e
era algo tão ruim...
você estava tão sem norte
e, ferida, procurava abrigo
eu, que tinha a morte na alma,
não pude oferecer
o que há com o mundo?
o que há com todos nós?
mesmo o poeta sem muletas
fica perplexo
e não para de perguntar-se
todos nós sabemos
e calamos:
há uma brutalidade sem rosto no mundo
antes poderíamos falar de
a ou b ou x
mas as letras já fazem falta
o abacaxi não tem gosto
ou todas elas estão aí
em excesso
mas não temos tempo,
não temos tempo
construir uma verdade a partir
da experiência que se vive,
seguir um rumo escolhido
parece luxo
e há a tentação do apoio fácil
segue-se, cega-se
há tanta gente oferecendo no caminho...
mas você sabe,
os mesmos que lhe darão carinho
irão jogar pedras
se algo sair errado
não param para se perguntar
mas perguntar o quê?
já não sei o que perguntar...
hoje é preciso haver medo
ou enlouquecer
de qualquer modo
estar no mundo é um ato de perversão
porque você sabe, terá de ceder a algo
ceder a algo...
e escrevem por aí sem pontuação
ou com pontuação deficiente
mas qual é mesmo
o valor da gramática, da sintaxe,
do estilo?
há mais dor no mundo do que se pode suportar
mas agora mesmo há uma mão estendida
pronta a sufocar no segundo seguinte
- sei, repetição da ideia, ainda que as palavras mudem -
mesmo quem sabe já não grita...
e quem grita tem amarras
como se sai de tal labirinto?
- não, esta poesia não tem fim, embora formalmente este seja um.
Conto com que tenham saboreado. Sem moderação. Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Dasein.

A Ordem Antinatural das Coisas
hoje tive um sonho e
era algo tão ruim...
você estava tão sem norte
e, ferida, procurava abrigo
eu, que tinha a morte na alma,
não pude oferecer
o que há com o mundo?
o que há com todos nós?
mesmo o poeta sem muletas
fica perplexo
e não para de perguntar-se
todos nós sabemos
e calamos:
há uma brutalidade sem rosto no mundo
antes poderíamos falar de
a ou b ou x
mas as letras já fazem falta
o abacaxi não tem gosto
ou todas elas estão aí
em excesso
mas não temos tempo,
não temos tempo
construir uma verdade a partir
da experiência que se vive,
seguir um rumo escolhido
parece luxo
e há a tentação do apoio fácil
segue-se, cega-se
há tanta gente oferecendo no caminho...
mas você sabe,
os mesmos que lhe darão carinho
irão jogar pedras
se algo sair errado
não param para se perguntar
mas perguntar o quê?
já não sei o que perguntar...
hoje é preciso haver medo
ou enlouquecer
de qualquer modo
estar no mundo é um ato de perversão
porque você sabe, terá de ceder a algo
ceder a algo...
e escrevem por aí sem pontuação
ou com pontuação deficiente
mas qual é mesmo
o valor da gramática, da sintaxe,
do estilo?
há mais dor no mundo do que se pode suportar
mas agora mesmo há uma mão estendida
pronta a sufocar no segundo seguinte
- sei, repetição da ideia, ainda que as palavras mudem -
mesmo quem sabe já não grita...
e quem grita tem amarras
como se sai de tal labirinto?
- não, esta poesia não tem fim, embora formalmente este seja um.
Conto com que tenham saboreado. Sem moderação. Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: COIFFEUR - Dasein.
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