Um dia de céu limpo, uma dose de conhaque, o porco engravatado que rumina dinheiro alheio, as noites solitárias, as crianças fazendo algazarra, amores possíveis e impossíveis. Tudo o que há sob o sol (e além do sol) é a matéria da poesia.
Este blog é um livro inconcluso com páginas abertas para que você encontre textos escritos com verdade, sentimento e, principalmente, com ALMA.
Uma viagem que nunca termina. Por Alessandro de Paula.
Contatos em palavratomica@gmail.com
Poema de poesias. Daqueles que dizem nada e... tudo.
De flores escrevo poesias para rosas é isto que faço e sou um sol uma noite fria sucintamente penetrante nos corações vazios nos ouvidos mudos já fui também coisa para quem não tem olhos ou boca a tarde na praia ou a lua constante faço isto para ninguém e para mim escrevo prosas para marias
Vulnerável, quer a invulnerabilidade. E isto apenas torna mais humano. Não é incrível que haja ainda poesia em todas essas criaturinhas que se chocam buscando um espaço no metrô de uma cidade grande?
Ou isso está somente no poeta? Ah ah ah!
Bom, vamos à próxima!
Verbo e homem
Quis ser um verso de poesia. Poemas e seus versos, eles só provocam. Não são afetados por coisa alguma. Mas não era.
Carneosso. Sentimento.
Pode morrer por dentro, mas o verso fica.
Ou era?
Era sua paixão, seu ciúme. Era aquela briga e reconciliação. Dedo apontado na cara, olhar perdido e encontrado. Beijo molhado, incendiário. Mil juras. Amor imaginado e consumado. Voz no telefone, tensão do primeiro papo. Tesão.
Presente mais lindo do mundo. Embrulho, desembrulho. Satisfação e sono e acordar e encontrar e mais mais mais...
E verso também.
Verbo quer ser homem, carneosso. Sentir. E viver.
Cada um quer um pouco mais do que tem. Alguns já nem se lembram disso e a "coisa" fica ali, escondida. Mas há.
Show dos ingleses do Tindersticks em 8 de agosto de 2008, no Festival Sudoeste, em Zambujeira do Mar, Portugal. A banda é "classuda", seu repertório, pra quem não conhece, é uma mescla cheia de sensualidade, tristeza e delicadeza. Seus arranjos são de uma de uma suntuosidade à beira da perfeição. Tomara que gostem.
Formação Stuart Ashton Staples - voz, guitarra Neil Timothy Fraser - guitarra, vibrafone David Leonard Boulter - teclados, percussão
E aí, gostaram? Espero que sim. Beijos e abraços, pessoal!
Uma fragata que afunda, um dia com céu mais limpo, uma dose de conhaque, o porco gordo que vomita dinheiro alheio, mil noites de solidão e TV ligada.
Tudo isso e muito mais é tema de poesias. Mas nada foi tão falado em poesia, como o amor. Mesmo que seja um amor torto, de meleca no nariz e unhas encravadas.
Pois é. Hoje, pessoas, entrego-lhes um poema de amor. Um entre tantos. Um.
Alva Iracema
Houve um poeta na noite, andando borracho pelas calçadas, ziguezagueante e não com muito destino, apenas nevoeiro demasiado, tropeçando em pedras nas vias. Nada havia à sua frente que o pudesse inspirar.
Vazia, então, era a poesia.
Com suas folhas em branco a se perder a conta.
Todas as garrafas por ele esvaziadas registravam sua história de nadas e nadas. Miserável, ele observava o nada que era existir.
O que havia de dormido em si era algo calado que ele esperava que talvez ainda emergisse. Mas não, já não esperava com todo ardor.
Até que num dia desses, um desses dias de pouca ou nenhuma esperança –, ou nenhuma ou pouca dor – uma voz o chamou. E ele a ouviu.
“Diabos, era uma voz sedutora.” – disse ele, rendendo-se ao magnetismo. Desfez-se do estado de torpor.
Alguma coisa ali se acendera.
Era Vênus quem portava aquele litro e vinha em sua direção. Um trago de paixão insana... e o poeta enxergava, enfim, sua pequena.
Tempestade e ímpeto. Ele irá ao seu encontro.
Atirou rua abaixo suas defesas e gritou que ainda havia amor. Passou a haver. Feliz fatualidade da vida.
Shelley e os outros caras estavam, em parte, certos.
De todos os poetas largados do mundo – e trata-se de um numeroso grupo –, agora é o mais feliz e, também, às vezes, atormentado quando a visão lhe falta. Sobretudo quando lhe falta o toque.
Jamais desapareça, ser tão venerado. Nunca mais torne o poeta a sentir desesperança. Brota a flor cerca o esterco dos animais. Ainda assim, a mais sublime figura de amor que já não esperava.
Agora existe.
Guarda em teu seio a mensagem. Com ímpeto e sob a tempestade,o poeta vencerá concreto e distância, atravessará rios e montanhas.
Ele irá ao seu encontro, alva Iracema.
Juntos, então, serão felizes. Haverá sorrisos de parte a parte. Olhosnosolhos, carnenacarne. Nesta terra.