domingo, 8 de abril de 2007

Estrela solitária

Uma resenha intimista e nada técnica para vocês, hoje.


Sou muito lento. A algum tempo, disse em algum tópico da comunidade Cinema Europeu do Orkut, pela qual sou responsável, que queria ver Estrela Solitária, este irmão mais novo de Paris, Texas (de fato é assim), e só agora o vejo.

Bom, acabo de assisti-lo e... acredito que resgatei o gosto de ver filmes do Wim Wenders, pois sua filmografia mais recente representava, para mim e para uma boa parte de seu público, creio eu, uma curva descendente. Mas se era assim, de fato, este filme, lançado em 2005, é responsável por um novo acidente nesta curva que agora sobe. Com uma pequena (?) ajuda de Sam Shepard, co-responsável pelo roteiro e também o ator principal, o decadente astro de faroestes Howard Spence, que abandona as filmagens e vai ao encontro da mãe, que revela a ele a existência de um filho.

Este pequeno grande ajuste de contas com o passado, com os fantasmas que o perturbam (não à toa, acredito, o nome do filme que Spence abandona é Fantasma do Oeste) é tudo que ele precisava para colocar a vida nos trilhos.

A atuação de Shepard é brilhante, e pode-se dizer o mesmo de Jessica Lange, Gabriel Mann, Sarah Polley e de Tim Roth (talvez o personagem mais "gélido" de sua carreira - será?).

A fotografia (sempre primorosa em filmes de Wenders, mesmo nas pequenas bobagens que ele realizou nos últimos anos), o enredo, as atuações, a trilha sonora (desta vez, o country ganha destaque) realmente nos levam a pensar em poesia. É deste tipo de filme que eu gosto.

A música, Don't Come Knockin' (também título original do filme), não sai da minha cabeça, enquanto uma chuvosa tarde de domingo se torna mais significativa para mim. Que Wenders nos traga seu universo de gente solitária e cenários desolados muito mais vezes ainda. Trata-se, mesmo que às vezes erre, de um autor único.

Sobre o título, devo dizer que Estrela Solitária não é um mau título (pra quem não sabe, é também o nome da biografia do Garrincha), mas eu acharia mais original e interessante se o filme tivesse sido batizado como Não Perturbe ou Não Incomode. Enfim...

Bom, isto é tudo. Ando meio recolhido nestes últimos dias e tem sido bom que eu fique mais em casa. Acredito que vocês já perceberam que meu passatempo favorito, nos feriadões, é assistir filmes. Pois bem, durante a semana eu posto aqui a lista completa dos filmes que vi nesta semana santa. Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: BONO VOX & ANDREA CORR - Don't Come Knocking.

Nenhum comentário: