segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mephisto

Como alguns de vocês já sabem, eu sou um amante irrecuperável do carnaval, tanto que fico em casa assistindo meus filmes, ouvindo minhas músicas, ano após ano. É realmente a prova absoluta de que a tendência a ser um bicho do mato é acentuada.

Hoje, vou falar de um desses filmes que ando assistindo.

Mephisto
István Szabó - Alemanha - 1981

Hendrik Höfgen é um ator. Ambicioso. Ele vive numa Alemanha em que o nazismo está prestes a se tornar uma realidade. Ele também é um autor e suas peças tem a influência bolchevique, suas idéias são revolucionárias e anti-burguesas.

Quando o novo regime tem seu lugar, Höfgen já deixou Hamburgo e se tornou um ator de destaque em Berlim. Sua atuação mais marcante é a de Mephistopheles, no Fausto de Goethe. Höfgen hesita um pouco por causa de seus amigos de tempos da causa revolucionária, da amante alemã, porém negra. Chega a deixar a Alemanha, mas retorna ao ter garantias de que não sofrerá incômodos de qualquer espécie. Na realidade, foi fácil para ele se acomodar à nova ideologia, afinal, ele é um ator. Ambicioso.

Quer ser o maior de todos. E consegue, não mais se importando com a obediência com a qual decide se dedicar ao regime. É o queridinho do primeiro-ministro, que o chama de Mephisto, o que é muito apropriado.

Höfgen lida com ilusões. É um ator de destaque, ilusão é sua matéria-prima, assim como é para Mephistopheles. O primeiro-ministro, homem culto e entendedor de teatro, sabe disso e enxerga Höfgen muito bem. Num único momento de fúria, quando Höfgen tenta interceder pela segunda vez por seu amigo Otto Ulrichs, o primeiro-ministro o expulsa aos gritos de seu gabinete, referindo a ele apenas como "ator". Dá na mesma. O ator Höfgen e Mephisto se mesclam, na visão do poderoso homem.

E, assim, Höfgen usa o sistema vigente para ter bem-estar e ser querido, aclamado pelas pessoas, assim como o regime o utiliza como símbolo do "orgulho nacional". Höfgen tem a glória desejada, mas está cego pelas luzes de algo que está acima de suas forças.

Mas afinal, o que mais ele pode oferecer, se é apenas um ator?

Essa é a grande questão que Höfgen faz a si mesmo, antes que apareçam os créditos finais. Mephisto é um grande filme, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1981, com atuação destacada de Klaus Maria Brandauer (Hendrick Höfgen).

Não creio que seja o tipo de filme que se encontra em qualquer locadora, mas comprei o DVD por um preço risível numa loja de uma grande rede de supermercados. Então, a quem interessar, não deve ser muito difícil adquiri-lo. Muitos sites o têm disponível para venda, também.

Abaixo, um clipezinho do filme:

Mephisto (1981)

Em breve, voltarei com mais a dizer. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA - ELVIS COSTELLO & ALLEN TOUSSAINT - Six-Fingered Man > ANTONY & THE JOHNSONS - The Lake > MICHAEL BUBLÉ - You Must Have Been a Beatiful Baby.

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