quinta-feira, 12 de junho de 2008

Acerca do que não se define

Ah, por mais óbvio que possa parecer, não queria deixar passar a data em branco, não. Tá aí, leiam e opinem, pessoal:
O Casal, 2000. Arte de Milford Zornes (EUA).

Acerca do que Não se Define

muito difícil escrever sobre amor. fácil demais escrever sobre amor.

hoje.

quando há tantas dúvidas que você pergunta se vale a pena. quando as feridas insistem em não fechar. quando você se vê no espelho da alma e só encontra lama.

quando você não está certo se realmente ama ou se a quer como troféu para exibir aos amigos.

quem você mais ama? a si mesmo ou ao outro?
você sobreviveria se ela lhe dissesse que está partindo pra um lugar muito, muito distante e não pudesse acompanhar? ficaria feliz e se preparava para passar eras inteiras ao telefone?
maldiria tudo e tomaria de volta as chaves da casa e do que você julgava ser algo lindo e pacífico?

um fica doente por amor. outro, por desamor.

mas é possível colocar a razão acima da tal coisa?
é possível mapear o amor? entendê-lo? defini-lo?
ah, isso é coisa de quem não ama, de quem não sabe amar, de quem não sabe como saber amar.

entrega. entrega as chaves de novo.

faz de conta que isto é vida.
e não é?
será?

às vezes, amor é de longe.
hoje, luiz fernando e rute estão cada um num canto. sabe como é? emprego novo, não pode dar bobeira, então ele vai lá, longe. haja fortaleza pra estar assim.
ayala e gregório desafiaram tudo. desfizeram farsas e ele mudou-se por ela.
rita vez por outra, deixa sua salvador adotada e busca seu amor em terras peruanas. ela deve estar feliz. assim espero.

há o amor dos calados, daqueles que são capazes de durar uma vida e não serem realizados. ao fogo com eles, porque o medo do ridículo - e o amor é ridículo, vi fanny ardant dizer isto num filme que nem é tão bom - torna a pessoa ridícula.

e sem amor.

quando é preciso amar com alma. mas um só tem lama, ele viu no espelho.

será que ela sonha?
o que será a matéria desses sonhos?
será que ela espera?
será que ela quer?

será que eles amam? quem sabe?

apenas cumpro meu papel de escrevinhador e crio umas linhas desordenadas sobre essa coisa chamada amor.

e que os casais sejam, enquanto podem ser. e que sejam mais, mais que isso: que superem o verbo, a data comercial, que tenham tudo aquilo que não se define e - tentação da sonoridade fácil, barata - que não definhem.

Bom, isto é tudo. Tudo é isto. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: Sigur Rós - Gobbledigook.

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