segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Welby quer morrer. Só isso.

Leiam isto, amigos. Depois lhes digo o que penso.


Ministra italiana faz greve de fome para defender eutanásia
Folha Online, 04/12/2006 - 18h35
da France Presse, em Roma

A ministra italiana do Comércio Exterior, Emma Bonino, iniciou nesta segunda-feira uma greve de fome de dois dias para apoiar o pedido de Piergiorgio Welby, de 60 anos, doente terminal de distrofia muscular, que pede há vários meses pelo direito de morrer.

Welby, presidente de uma associação de defesa dos doentes, fez um apelo público, divulgado em setembro por uma emissora de televisão, que dividiu a Itália diante da possibilidade de legalização da eutanásia.

No vídeo, Welby, que está prostrado em uma cama há 40 anos sem poder se mover ou falar, pede ao presidente da República, Giorgio Napolitano, o direito de pôr fim à sua vida.

Em 1º de dezembro passado, os advogados de Piergiorgio Welby apresentaram perante o tribunal civil de Roma um "recurso urgente" para que fosse retirado o respirador artificial que o mantém vivo.

"Entendo contribuir pessoalmente para a campanha não-violenta iniciada pela Associação Coscioni a favor do pedido de Piergiorgio Welby com dois dias de greve de fome", anunciou Bonino em um comunicado.

Há uma semana, oito pessoas iniciaram uma greve de fome para apoiar o direito de Welby de morrer e defender a eutanásia, considerada pela lei um crime punido com a prisão.

"Não encontramos médicos dispostos a praticar a eutanásia", reconheceu um dos grevistas, Marco Cappato, secretário da associação que apóia Welby.

Como o espanhol Ramón Sampedro, cuja história foi apresentada no filme "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar, Welby pede, mais que uma permissão pessoal, uma discussão nacional para que a eutanásia seja legalizada.

A Igreja Católica está entre os primeiros que reagiram para manifestar sua oposição a qualquer forma de eutanásia.

Sou a favor, amigos, de que Welby possa morrer sim.

Eu vi meu pai sofrer. Ele brigou muito pra se manter entre nós durante quase um mês no hospital. Mas as condições não eram favoráveis. Cerca de uma hora antes do fim, eu disse pra ele ir, porque já não era suportável viver daquela forma. Disse que estávamos todos bem em casa e que não se preocupasse. Estou certo, com toda aquela dor e a aparente inconsciência, ele me ouviu. Lembro-me de ter pedido que ele me desse um sinal e ele apertou levemente minha mão. Depois, voltei pra casa e não tardou muito para que houvesse um telefonema do hospital. Foi bem melhor assim. Se sobrevivesse, ele teria completado ontem 67 anos, mas não teria nada a comemorar.

Sei que minha avó hoje sofre barbaridades em BH. Mais uma vez digo: seria um alívio o fim do sofrimento, da falta de uma vida digna, em que se depende de tudo e de todos, sem a possibilidade de retomar à vida como era antes da doença.

Sei que haverá aqui quem não concorde. Respeito as opiniões diversas, espero que discordem, mas que mantenham o mesmo respeito.

Beijos e abraços, amigos!

NA MINHA VITROLA: PEARL JAM - Crazy Mary.

Um comentário:

Rafael Mafra disse...

Antes de mais nada, creio que qualquer pessoa tem o direito de fazer o que quiser com a sua vida, não dependendo do que seja essa qualquer coisa. Influência? Podemos sofrer. Consequências? Temos que suportá-las. Mas nada pode impedir uma pessoa de fazer ou sofrer o que quiser. Um favor... qualquer é capaz de fazer. E favores desse tipo não deveriam ser tidos como crime! Basicamente isso.

Alessandro, abraços!

Nos vemos por aí!