domingo, 15 de julho de 2007

Três irmãs + um trauma = L'Enfer

Ah, o cinema, meus amigos, o cinema será a nossa salvação, ainda que digam que já chegou ao fim...

Aves parasitas, o mito de Medéia, tragédias familiares e três mulheres. Estes são os ingredientes para o Inferno segundo Tanovic. Ou o Inferno segundo Kieslowski.



É bem sabido para os aficionados de cinema off-Hollywood que o diretor polonês Krzysztof Kieslowski (de A Dupla Vida de Véronique e da trilogia das cores da bandeira francesa), antes de morrer, deixou o roteiro de uma trilogia baseada em paraíso, inferno e purgatório.

É bem sabido também que o primeiro fruto destes roteiros é Heaven, dirigido pelo alemão Tom Tykwer (Corra Lola Corra e o recente O Perfume). Heaven não funciona, a meu ver, tão bem. Talvez porque Tykwer é tão pouco Kieslowski e Cate Blanchett é tão pouco Juliette Binoche ou Iréne Jacob. Não importa tanto este primeiro filme, então.

2005 trouxe o inferno através das lentes do bósnio Danis Tanovic (Terra de Ninguém) e... surpresa! Funcionou! Talvez porque L'Enfer seja mais Kieslowski que seu irmão mais velho. Talvez pelo talento das atrizes, Béart, Viard e Gillain ou por elas simplesmente encarnarem melhor as musas de Kieslowski que Blanchett.


As irmãs Celine (Karin Viard), Sophie (Emmanuelle Béart) e Anne (Marie Gillain) parecem estranhas, nunca se encontram e raramente pensam umas nas outras. Uma tragédia de tempos de infância as une e as separa. E elas são tocadas pelo passado de diferentes formas. Celine é solteira e se dedica a cuidar da mãe idosa e em cadeira de rodas, que vive num asilo. Sophie é a esposa ciumenta que vai às últimas conseqüências para descobrir a infidelidade do marido. Anne é a garota apaixonada, que tem um caso com o pai de sua amiga e professor da Sorbonne, mas é dispensada por e
le.

Um elemento fundamental surge na vida de Celine, de forma que toda a verdade sobre a tragédia familiar vem à tona. É tarde demais para perdoar? E essas irmãs irão se unir em torno desta verdade? De que forma? Poderiam ser perguntas pertinentes, se o filme não tratasse, de verdade, sobre a incapacidade humana, em determinadas situações, de lidar com determinados traumas. E este, sim, é o verdadeiro inferno.

E uma verdade: trata-se de um filme essencial para a década.

O trailer não diz muita coisa, mas confiram:



Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: LEGIÃO URBANA - La Maison Dieu.

Nenhum comentário: