sábado, 28 de julho de 2007

O plural, de Nelson Rodrigues (A Saga de De Paula) - Parte 2

Prosseguindo com as descobertas de Quintanilha sobre De Paula...


II- O Plural: De Paula

E, de fato, podia dar-se ao luxo desse desprendimento, dessa superioridade.

Dois dias depois, porém, é procurado, no escritório, por outro amigo, o Leon. Quintanilha abre os braços, numa efusão patética: "Quem é vivo aparece!" Depois dos abraços, dos tapinhas nas costas, pergunta, alegremente: "A que devo a honra dessa visita?" Leon pigarreia, faz a pergunta:


- Tens visto o De Paula?

- Vi. Ainda hoje, vi. Dei-lhe um abraço. Por quê?


Leon levanta-se. Anda de um lado para outro e, por fim, decisivo, estaca diante do amigo:


- O De Paula não merece o teu abraço. Merecia, sim, que lhe partisses a cara. Um canalha muito ordinário!

Surpreso e divertido, Quintanilha repete: "Você acha que eu vou dar confiança de me zangar com o De Paula? Deus me livre! Ele pode falar de mim à vontade! Tanto faz, como tanto fez! Considero o De Paula um verme!" Então, Leon resolve por as cartas na mesa:


- Mas a questão é a seguinte: não é de ti que ele fala mal.


- Então, ótimo. Se não é de mim, qual é o drama? E de quem ele fala, afinal?


O amigo foi sumário:


- Da tua mulher. Compreendes agora por que eu disse que o De Paula merecia que lhe quebrasses a cara?


Continua

Aguardo vocês! Beijos e abraços!

NA MINHA VITROLA: JARVIS COCKER - Big Julie.

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