quinta-feira, 26 de julho de 2007

O plural, de Nelson Rodrigues (A Saga de De Paula) - Parte 1

Gosto de Nelson Rodrigues e da forma como ele expôs o que havia de obscuro no comportamento humano, em sua época.

Há muito tempo não o lia. Então num belo dia um colega da agência em que trabalho me diz que comprou A Vida Como Ela É, e eu fico surpreso quando ele me diz que há um De Paula ali.

Ora, bolas! Eu sou um De Paula. Então mais que surpreso, fiquei curioso. E aposto que alguns de vocês estão agora.

Então, vamos lá?
Vamos. Mas por partes... em dez dias vocês terão o conto inteiro postado aqui. Por hoje, divirtam-se com esta primeira parte.


I - O Plural

Foi avisado:

- Cuidado com o De Paula! Cuidado com o De Paula!

- Por quê?

O informante atrapalha-se:

- Bem. O De Paula é um veneno, percebeste? Fala mal de todo mundo!

Quintanilha pôs o cigarro no cinzeiro:

- De mim também? Desembucha! Fala mal de mim?

E o outro:

- Mais ou menos. Anda dizendo, a teu respeito, coisas bem desagradáveis.

Quintanilha ergueu-se. Bem-sucedido na vida, feliz nos negócios e no casamento, não tinha invejas, nem complexos. Ao passo que o De Paula, mirrado, pequenino, com catarata numa das vistas, era um amargurado, um revoltado. Apanhando outro cigarro, Quintanilha acha graça:

- Você acha que eu vou ligar para o que De Paula diz? Eu, logo eu? É um pobre-diabo, um cretino de pai e mãe. Deixa pra lá!

continua


Podem me xingar... eh eh eh! Mas logo logo haverá a parte 2. Beijos e abraços, pessoal!


NA MINHA VITROLA: JOE COCKER - Unchain My Heart.

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