terça-feira, 11 de março de 2008

Ficção e realidade

Marcas da Violência, filme de 2005 de David Cronenberg, o primeiro de uma trilogia sobre a violência. Acabo de ver.

Raro caso de uma tradução do título do filme ser melhor do que o título original (A History of Violence), pois vê-se as marcas dos fatos nos rostos das personagens.

Interesses de máfia, identidade falsa numa vida falsa em que se busca um pouco de paz, mas nada mais do que a revelação de que há algo de podre no sonho americano.

As crianças estão fora, então ela se veste de cheerleader e eles transam. Amor suave. Crise. Uma transa selvagem na escada. O homem é o mesmo? É o mesmo casal?

Violência gera violência, Joey Cusack decidiu morrer e então foi nascendo Tom Stall. E este fez família. A base da família é uma mentira - tudo que é preciso fazer é retornar e fazer daquilo uma verdade.

Mas a violência está lá. E deixa suas marcas. Na escola, o filho tem de lidar com uns espíritos de porcos. O mafioso, que sente cheiro de porco, morto pelo filho de St... de quem mesmo? Nem o filho é o mesmo, afinal. Claro, há o embate definitivo entre Joey e Ritchie, irmãos. Como Caim e Abel. Quem será o Caim, então?

Em algum momento, a esposa diz "isto não está acontecendo". Boa notícia: é ficção. Má questão: o quanto dessa ficção já não está impregnada em nossas realidades? O quanto de neurose e o quanto de real está em nossas preocupações? Porque uns anos atrás estouraram os miolos de um vizinho que andava torto há alguns anos. Pertinho, muito perto. Ainda ontem minha mãe me chamava com um pouco de histeria para ver o discurso de um policial com ares de "linha dura" que alertava os telespectadores de um programa feminino sobre toda sorte de fraudes.

Mas não, eu não quero entrar nessa neura. Não quero ficar pensando todo o tempo nisso tudo e jogar minha energia fora desta forma.

No entanto, a realidade incomoda. E o filme, longe de ser uma obra-prima, incomoda. Como moscas na janela.

Definitivamente, não sei se gosto. Mas quero ver mais de Cronenberg. E quero que a vida esteja distante deste tipo de ficção.

Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: DEPECHE MODE - Policy of Truth.

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