terça-feira, 18 de março de 2008

O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford

Uma experiência da qual é impossível o espectador não sair de queixo caído. Esta é a melhor definição sobre O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford.

Sim, como disse um camarada, é um filme que ficou obscurecido pelo lançamento de outros que acabaram oscarizados. Concordo com ele, também, quando afirma haver um tripé ou, se preferirem, uma trilogia (embora falte-me ver Sangue Negro, mas sei o suficiente do enredo) com base na origem do que chamo de "o pesadelo americano".

O Assassinato...
, vejo eu, é análogo à história do Cristo. Jesse (Brad Pitt) é uma figura messiânica, admirada pelo povaréu que multiplica fatos e atos impensadamente. Neste contexto surge Robert Ford (Casey Affleck), desde a infância admirador do lendário bandido. Abobalhado e escorraçado por todos, assim ele se encontra com James, que tem como braço-direito o irmão Ford mais velho, Charley (Sam Rockwell).

Bob vai descobrir: da admiração à decepção por não ser levado a sério é um passo curto. Depois, a inveja, o medo. Um acordo com autoridades, uma traição covarde, mas esperada. Afinal, Jesse parecia, do alto de seus 34 anos, cansado de si. Um Cristo que se deixa crucificar e até presenteia seu Judas com uma arma. Alcançar, tornar-se o ídolo sobrepujando-o - eis o que há. Como o filho que mata o pai para enfim crescer.

O quadro está empoeirado... antes, a pequena filha de Jesse perde um dos sapatos. Mal sinal - há mais para ser perdido.

Os irmãos Ford tornam-se atores. Representam o ato tantas e tantas vezes... Bob está embriagado pela aparente glória - sempre foi um tolo. Após o "grande feito" nada muda. Charley é quem sente o peso e assume o papel do Judas - a consequência última.

Bob demora a perceber, mas não há aplausos. Há o ódio. E isso ele vai conhecer bem, como sua verdade derradeira.

Acrescentemos a tudo isto uma fotografia sombria e quase onírica, uma narração com ares da grande literatura e uma trilha impecável assinada por Nick Cave (que faz uma pontinha) e Warren Ellis.

Por tudo isto e por mais que possa ter escapado à análise, é um grande filme. Dos que vi, o melhor produzido na terra do sonho que se revela pesadelo, em anos.

Bom, hoje é isto. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: TOM WAITS - Long Way Home > OS MUTANTES - Tecnicolor > ONE FOR JUDE - Sweetness.

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