terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Em 2008, eu pirei com... (3)

Retorno. Depois de mais um desentendimento familiar, desta vez por algo significativo. Há coisas que nos magoam mais que nos deveriam. Eu queria ser forte e passar por cima disto. Sinto-me muito sozinho pra lutar e às vezes simplesmente sou derrotado dentro da minha própria casa.

Quero reunir força e mudar essa situação. Meu futuro, mesmo meu presente, dependem disto. Não quero mais ser o cara que, vez por outra, fica sombrio e cabisbaixo quando todos ao redor estão felizes. Acredito que neste ano até consegui, em alguns momentos, ser algo diferente disso. Quero conseguir mais. Quero conseguir mais.

Eu não tenho que dar o poder de as pessoas me machucarem. Não tenho que dar o poder a essa pessoa que me machuca desde sempre. E é uma pessoa que eu amo. Mas, mais que tudo, tenho que valorizar a mim mesmo e tentar lidar com as carências dessa pessoa, que não posso simplesmente deixar.

Ok, aposto que vocês estão adorando estas reflexões, mas estão mais interessados mesmo no que me fez pirar no ano quase passado. Pois vamos lá:

Eu pirei com...
Literatura

Foi um ano de poucas leituras, assim como tem sido de 2004 pra cá. São poucas, mas boas.

Valem citar Viagem ao Fim da Noite, do francês Louis-Ferdinand Céline, uma viagem sombria à "noite da alma humana". Texto pesado, mas daqueles que você quer ir até o fim. Céline foi, de certa forma, um "antiProust", estilisticamente falando. E também ficou famoso por ser antissemita, o que o levou a uma condição deplorável. Os sinais de antissemitismo não são evidentes neste livro, que foi o primeiro dele, mas apareceram em alguns manifestos e ele realmente pagou caro. Nada a ver com o talento demonstrado em suas obras. A questão é desvincular o homem da obra, o que muito se discute. O mesmo se dá quando se fala de Leni Riefenstahl, que foi a propagandista oficial do regime nazista, mas que também trouxe avanços consideráveis à técnica de documentários. Ou de Günter Grass, prêmio Nobel de Literatura, porta-voz da consciência alemã no pós-guerra, que recentemente admitiu ter se envolvido com o nazismo durante a juventude.

Mas deixemos esse clima europeu de guerra e falemos de intelectuais latino-americanos radicados na França. Porque esse é o mote de O Jogo da Amarelinha (Rayuela), de Julio Cortazar, um dos meus escritores prediletos. Há todo um clima jazzy nos encontros do Club de las Serpientes. Entre os amigos, encontros e desencontros, milhares de citações e a gente fica meio perdido às vezes, mas o mais interessante é ir absorvendo isso tudo e aprender. Graças a uma escrita "labiríntica", há várias ordens diferentes de ler o livro. É uma leitura em andamento, mas que se faz muito interessante.

Por último, uma viagem a Machu Picchu em forma de livro. Uma edição caprichada da Sudamericana com fotos belíssimas, de Barry Brukoff, com poesia de Pablo Neruda e uma introdução digna do livro, de Isabel Allende. Deixo aqui o link para que vocês saibam mais no site da Amazon, onde há uns recursos interessantes de visualização.

Bom, isso é tudo por hoje. Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: CHARLY GARCÍA - Bancate Ese Defecto.

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