sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cotidiana

A primeira de um ano em que haverá muito, muito a escrever e a ser lido. Come and read it!


Cotidiana

Hoje o poeta parou
e
fez de escritório

a mesa do boteco.
Ouvia ecos de sua poesia
cotidiana
e os punha no papel,
entre as gentes que passavam,
um gole de cerveja e
um trago no cigarro.
Havia uma mulher altiva
conduzida por seu pequeno cão
e
isso o agradou

e o assustou.

Não era a primeira vez
que alguém vê algo assim.
Afinal, todas as coisas já foram vistas.

Era sua Copacabana sem mar e
os carros, poucos - era início de ano -
rodavam sem pressa
nem Consolação.
O vento semifrio foi emoção,

pois nem sempre se dava ao luxo,
quando todo o demais - cobrança, compromisso, faça-a-social -
era lixo.
Perdoe os chistes bobos e os jogos pobres de palavras torpes do poeta.

É tão somente seu retorno,
sua tentativa de retorno
ao estado ideal.

É possível que exista um? Deveria perguntar-se.

O mundo real não é sua morada.
Ou sente que
habita o sonho. Incorporou-o.

Meu Deus, algum deus, dê a ele realidade!


Perdeu-se em seu lar.

Entre livros não lidos,
objetos
demodèe de tortura,
coelhos mortos sem orelhas e
assustadores palhaços de pelúcia.
Entre palavras e atitudes em desuso.
Reencontrou-se na rua,
num
dia que não era feriado,
mas era como se fosse.
O mundo não para, não vê o poeta.
Por que deveria?

Ele é grato, porque não vêem
o
distúrbio em seu rosto.
Enquanto dois policiais
se encaminham ao balcão,
vê a moça atraente que passa.
Chama-a,
quase em silêncio.
Ela se vai e quase não o enxerga.
Então cumprimenta um dos policiais.

- Mais uma cerveja?, pergunta o garçom

que chega.


- Sim.

E palavras.

Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: THE ROLLING STONES - I'm Free.

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