segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Diferentes Sóis

Voltando ao campo da criação poética, aqui estamos, amigos viajantes. Estamos cada vez mais próximos do âmago da palavra. Ou não, o que só torna mais prazerosa a nossa jornada. Continuem alimentando-se destas paisagens. Aí vai mais uma:

Diferentes Sóis

Permaneça com os olhos fechados, por favor.
O sol que ilumina
não pode fazê-lo a todos ao mesmo tempo.
Quando acorda, eu durmo.
Sim, você em outro lado do mundo, fazendo planos...
Talvez em sonhos. Eu aqui neste vagão, um vagão qualquer
Traço também uns planos. E ouso...
Ouso pensar que não serão planos natimortos
Talvez tanto quanto "você-do-outro-lado"
As condições certamente são um pouco diferentes
Não melhores nem piores.
Diferentes.
Gostaria de ver sua face. Haverá uma?
É que às vezes o sol nasce encoberto
Devo haver esquecido meus óculos em algum canto.
Impossível discernir, então.
Eu não a reconheço, de qualquer forma.
Não a reconheço desde a última vez em que me matei.
Apenas para reconstruir-me. Tentando ser mais forte...
Bobagem...
Continuo sendo o mesmo. Mil vezes morto, mil vezes nascido
da mesma mãe, trazido pelas mesmíssimas mãos
no mesmo local distante dos locais onde tudo acontece.
Livre de ser atacado por fundamentalistas islâmicos
mas trajando como roupa alguma dor fundamental.
Aqui a primavera já se faz próxima, enquanto você sabe que nada restará.
A não ser folhas caídas sob seu chão.
Afinal, é sempre assim... tudo converge para a terra
quando almejamos o ar.
Este sol tão diferente e tão semelhante não nos acordará ao mesmo tempo.
Abra os olhos, anda!!
Mas eu já tenho tanto sono...

Bom, meus amigos, isso é tudo por ora. Espero que tenham apreciado mais esta etapa de nossa viagem. Em breve, haverá mais. Beijos e abraços!!

NA MINHA VITROLA: British Sea Power - It Ended on an Oily Stage > Be Gone > The Mission - Severina > New Model Army - 51st State.

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