terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Para maiores de 75 anos, mas vocês podem ler também

Tinha uns planos para o fim de semana. Não deram certo e tudo bem. Calhou de haver problemas em família também. Problemas que foram facilmente solucionados com a minha presença. Isso foi ótimo. E ainda aproveitei pra assistir uns filmes em casa. Desta vez, sessão dupla de Bergman. Comecei pelo último, Saraband. Segui com um dos clássicos, Morangos Silvestres. Em comum, o tema: velhice.
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A idéia aqui é falar sobre estes filmes e, no fim, ilustrarei o tema com
Volúpia e Velhice, poesia de meu primeiro livro, para quem ainda não sabe, o indisponível Palavra Atômica.


SARABAND Feito para TV e lançado nas telas em 2003, quando ninguém mais esperava uma obra de Bergman, pois anos atrás ele tinha anunciado sua aposentadoria. Os personagens centrais são o ex-casal Johan e Marianne, que já foram vistos em Cenas de um Casamento, outro filme do mestre sueco também feito para TV e levado às telonas 30 anos antes. Como se dá entre eles a revisitação de seus passados? Haverá ainda amor nesta relação, se é que houve anteriormente? Além deles, estão lá também Karin e Henrik, filha e pai cuja relação é marcada pela submissão, havendo inclusive um clima de incesto. Saraband é uma "suíte da sétima arte". Aliás, sarabanda é justamente uma das partes que compõem uma suíte musical. Compositores como Bach estão lá, na trilha sonora. Os diálogos cheiram à literatura e a sensação de ler um bom livro não está distante da de ver este filme. Ainda destacam-se as velhas impressões: Bergman é o maestro dos silêncios, dos gestos significativos, dos outonos opressores.

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MORANGOS SILVESTRES Há tempos, mais precisamente em 1957, a história do médico septagenário Isak Borg foi contada. E é uma história permeada de desamor e solidão. Duas vezes traído - na juventude por sua prima Sara, que preferiu casar-se com outro, e por sua falecida esposa. Figura respeitada, Dr. Borg dirige-se à cidade de Lund para receber uma homenagem. Durante a viagem, ele e a nora encontram diversos personagens, um trio de jovens cheios de vida e um casal de meia idade cujo maior prazer é alfinetarem-se um ao outro. Destaque para os sonhos de Borg, carregados de uma estética surrealista. Nestes, todos os medos e dúvidas do aparentemente seguro cirurgião vêm à tona.

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São DVDs que consegui recentemente. Também consegui Sonata de Outono, mas não tive tempo para vê-lo. Bergman é altamente recomendável. Muito em breve, organizarei uma lista de filmes que deveriam ser vistos por todos e provavelmente o diretor escandinavo comparecerá com diversas obras. Agora, um pouco de poesia para velhos. E para jovens curiosos.

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qual a diferença

entre

uma velhinha andando bengalentamente

volúpia e velhice
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uma menina voluptuosamente volúvel
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ou seria voluvelmente voluptuosa?
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??????
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apenas uma:
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o tempo
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!!!!!!
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todos palhaços no espetáculo do tempo...
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Isto é tudo, meus amigos. Despeço-me antes que aumente o número de cabelos brancos em minha cabeça (mas isto está acontecendo, silenciosamente, todo o tempo). Beijos e abraços!
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NA MINHA VITROLA: CHICO BUARQUE - Tempo e Artista.

2 comentários:

Anônimo disse...

bengalentamente foi fofo

Pamela disse...

Listinha de filmes? Gostei disso...

Não vi nem o Cenas deum casamento nem o Saraband. Na verdade acho que não vi nenhum do Bergman. Preciso mudar isso já!

Cê conhece um site chamado www.imdb.com ? É um ótimo lugar pra pesquisar sobre filmes.

E voltando ao tema de bandas argentinas que gravam música brasileira: Cê já ouviu a versão que a Bersuit fez de O tempo não pára?