domingo, 11 de maio de 2008

Duas coisas. A primeira: as últimas palavras sobre alguém

Nesta semana fiquei sabendo.

Sabe aquelas personagens de infância e juventude que você encontra cá ou lá, que não influem diretamente na vida, mas que estão lá, de certa forma, uma parte da composição do quadro? Era o folclore, a magia, o Zé Ninguém que era alguém. Uma personagem do bairro. Pois bem...

Assim era aquele cara que eu sempre via na rua, o catador de papelão, figura ilustre. Às vezes bêbado demais pra cumprimentar, às vezes com toda a boa vontade do mundo. De vez em quando estava ali, no boteco onde às vezes compro cigarros, tomando sua branquinha. Santista. Eu sacaneava. Pra mim, era torcedor de qualquer time, menos do Santos. Então era normal eu cumprimentá-lo:

- Faaaaaala, bugrino!

ou

E aêêêêêê, colorado!

ou

Dá-lhe, Ari! Como tá o seu mengão?

Ele, que parecia o "seu" Madruga, ficava bravo. Era mesmo engraçado. Uma vez, eu contando histórias absurdas pros amigos Carlos e Roberto, na frente do prédio em que eles moravam, de um jeito muito Woody Allen - eu queria ser Woody Allen, embora esteja satisfeito em ser eu mesmo. Ari morava no mesmo prédio em que os caras moravam. Quando ele chegava da rua e ficava ali proseando um pouco conosco, eu caprichava ainda mais no absurdo de tudo o que inventava.

Era bom.

Foi o Carlos quem contou. Também ficou sabendo um pouco depois, já que não mora mais naquele prédio.

Ari tinha câncer. Eu nem sabia.

Adeus, cruzeirense!
Homenagem póstuma e tosca... eh eh eh!

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