terça-feira, 13 de maio de 2008

... e caminhamos, das estrelas, ao brilho

Olá, pessoal. Volto à poesia, porque a ela sempre se há de voltar. Lamentável que a maioria não o perceba, mas isto é outra história. Vamos lá:
... e Caminhamos, das Estrelas, ao Brilho *

a angústia que há em cada canto
da terra não pode ser traduzida
em palavras.

seria pobre o suficiente.

há um mundo em cores lá fora
que não é para todos.
nem será.
quem tem garante o seu, sem olhar ao lado
ou para trás.
conquista-se ou não. com sangue
ou sem.

há um mundo. cheio de feridas.
há os que
machucam e os que cutucam
a própria carne já há tanto
exposta.

eu, que já fui ferido, no entanto,
não sou mais.
forço a visão e busco enxergar
ao longe.

há um pântano infindável.

enxergo e, às vezes, é tão simples...
finjo que não.
mas não darei
a tudo isto toda a importância.

tenho mais sorte
porque o pântano, apesar de infindável,
não é só o que há.

enxergo mais longe,
recrio o mundo
ou
tenho um novo
na imaginação. e as mãos o farão sólido.

uma viagem em curso.
espaço para bagagem, já há
muito. e cabe mais.

um tanto de alegria, mas que não seja tanta
que entorpeça.
outro tanto de angústia,
mas que não exceda
que paralize.

mais um tanto de tons intermediários
e a crença de que o caminho
seguirá sendo traçado.

há tanto de deleite em cada vida
que não pode ser traduzido -
só a Poesia pode.

* O último verso do
Canto XXXIV do Inferno, em A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Beijos e abraços, pessoal!

NA MINHA VITROLA: HABIB KOITE & BAMADA - Sambara.

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