
Ok, é choro de barriga cheia. Eu fiz tanto neste ano, diverti-me pacas (parte da ilusão ou só diversão mesmo?). Talvez tenha sido um dos anos mais divertidos. Então porque eu mantenho o gosto amargo na boca? Vício? Ah... eu tenho vários. E eu fiquei tão vagabundo que nem fui capaz de escrever uma série de contos sobre vícios. Eu vinha planejando algo assim. Vamos ver. Se fluir, acontece no ano que vem. Não é uma promessa.
Não que eu deva deixar a diversão no ano que termina daqui a algumas horas. Mas tenho de fazer coisas. E quero garantir que o final de 2009 seja um final realmente feliz. Não que este não possa ser, mas estou reavaliando tantas coisas...
Ok, por um instante, é hora de parar de reavaliar as tais coisas e dizer o que me deixou pirado nas salas de cinema e no aparelho de DVD.
Eu pirei com...
Cinema
Ajudou muito o fato de estar na equipe do Depois Daquele Filme. Graças ao DDF, pude fazer um levantamento razoável da história do cinema japonês, por exemplo. Herzog foi elevado, por mim e pra mim, ao status de "deus do cinema". Estou descobrindo, nesses últimos dias, o cinema de Manoel de Oliveira, diretor que neste mês completou 100 anos de idade. O mais velho diretor em atividade. Mesmo. Há pelo menos dois projetos previstos para o ano que vem - um deles é Singularidades de uma Rapariga Loira, baseado em conto de Eça de Quierós - e não parece que ele está disposto a parar.
Entre os lançamentos deste ano, destaco quatro:

Christopher Nolan - EUA
É uma grande aventura em que a figura do homem-morcego cede espaço para o caótico Coringa e o dualismo de Harvey Dent/Duas Caras. Tanto que eu costumo dizer pros meus amigos que este foi um filme do Coringa, não do Batman. Achei que houve um equilíbrio interessante entre ação e reflexão. Uma surpresa muito boa, apesar de eu ser admirador do cinema de Christopher Nolan desde antes de ele pensar em estar ligado ao universo "super".

O mais engraçado sobre esse filme é que eu tinha visto na Mostra daqui de Sampa em 2007. E não havia me empolgado muito. Bom, um dia em que eu quis ir ao cinema e não tinha gostado das opções, eu resolvi revê-lo. E descobri a grandeza do filme. Desencontros, diferenças culturais, questões políticas de imigração - num momento, um caixão vindo da Alemanha desembarca no aeroporto de Istambul; noutro, um segundo caixão é embarcado no mesmo aeroporto e o destino é a Alemanha. Grandes buscas, grandes destinos.

Um drama sobre imigração. O desejo de estar num status mais alto e a necessidade de usar um ser humano, tirar vantagem de seu vício e deixá-lo morrer. Mas o que acontece quando não se pode lidar com isso e a única coisa a fazer é romper o silêncio?

Moça do tempo de uma TV francesa se envolve com um escritor famoso. Ao mesmo tempo, um típico almofadinha a corteja e realmente se mostra apaixonado, obsessivo. Ela faz de tudo - a ponto de se humilhar - pra agradar ao amante escritor, mas casa-se com o outro. A resolução do caso não é a mais feliz para os personagens. A história é clichê puro, mas só por ser conduzida por um Chabrol, resulta num filme quase perfeito. Uma ressalva para o final, que não me agradou.

Ano que vem eu volto com o que falta: a Música!
Façam de 2009 um ano melhor! Se este ano já foi bom pra vocês, que o próximo seja melhor ainda! Beijos e abraços!
NA MINHA VITROLA: ANTONY & THE JOHNSONS - You Are My Sister.