quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Corpo/Circular

Olá, amigos viajantes. Aqui vão mais dois novos textos para vocês. Espero que agradem estas novas paisagens pela janela do trem. Vamos tocar o âmago da palavra novamente?

Corpo
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O que é este corpo entre tantos?, pensou ele...
Cativo do sol,
da lua,
das paredes de concreto.
Se quisesse,
cativo de outro corpo.
Quem sabe, talvez...
Mas a condição não funciona,
anulada pela afirmação através da negação,
ela é.
Duas vezes pensou
e já era tudo diverso da segunda.
A constelação de seus versos
era feita de lama ou nada
ou tinta de caneta barata
ao pensar este corpo
de carne e trânsito de sangue.
Não faz sentido
ou faz todo ele
a experiência do toque
que tanto quis
ou já não vai mais querendo.
Nas ruas vai desviando
e esquecendo que é apenas.
Deveria ser outro.
Aceitar a natureza.
Mas os truques inconscientemente arquitetados
de forma próxima ao perfeito
para manter distância...
Há íntima ânsia e estranhamento.
Rotina, costume
a romper.
Para que serve tudo isto?
O que é esta idéia entre tantas?
Amanhã já será outra
e não fará falta a ninguém.
Porque isto, seguramente, é uma piada, meu bem...

Circular

Rosto quase colado a outro. As faces se sobrepõem lentamente, lentamente...

De repente, não mais. Congela-se o momento e a batalha dos dois é suspensa. A tensão não é nada, nada...

Apenas recomeça, com a rapidez de um relâmpago. E no instante seguinte, já não é. Novamente.

Todos os rostos, o rosto. Enxerga-se aquilo que o espelho reflete. Mas o que é mesmo que se pode ver?

Há olheiras na manhã de um dia qualquer, talvez um domingo ou uma quarta-feira. Brandamente, a ilusão se desfaz. Entretanto, as marcas se acentuam.

O tempo não permite outra coisa.

Ou ele volta atrás?

E aqui estou... sigo estátua... mirando a foto dos rostos quase colados. Boa noite!

E assim prossegue a viagem, amigos. Beijos e abraços!! Até a próxima!!

NA MINHA VITROLA: SEBASTIAN KRAMER - Invierno > Claro > La Futura Mirada del Ex-Tenista > TEMPLE OF THE DOG - Hunger Strike.